quinta-feira, 7 de junho de 2018

Rio de Crivella: 300 obras abandonadas!


                              
       Do BRT da Avenida Brasil à infraestrutura de bairros da Zona Oeste, passando pela construção de clínicas da família e escolas, cerca de trezentas obras abandonadas pela Prefeitura Crivella espalham-se espectralmente pelo Rio de Janeiro.
       Após dezoito meses, tais obras fazem parte do desleixo e do conformismo que caracterizam a hodierna prefeitura carioca. Essa falta de presença da Autoridade municipal - pois me recuso a admitir que alguém comprazer-se possa com o desinteresse e a negação das próprias obrigações - que deparamos em quase todas as ruas, eis que se reflete nas faixas pedonais, em geral já meio-apagadas no asfalto, restos pouco perceptiveis de administrações passadas, que respeitaram a população, e atendiam aos cuidados que os munícipes fazem por merecer.
        O geral abandono pela Autoridade municipal dessa que não faz muito ainda podia ser chamada de Cidade Maravilhosa. Na gestão do Senhor Crivella, persistir em tal designação seria abusar daquele humor pesado, que se compraz em desfazer a contrariu sensu as características do Rio de Janeiro, não temendo a grosseira, sardônica ironia, que acompanharia a antes bela cidade, como cruel epíteto. Hoje conspurcada pela desídia conjugada com a falta de empenho - como se ela ainda correspondesse às imagens evocadas pela marchinha-símbolo de André Filho, o carioca a sente em toda  a parte.
         Enquanto o ex-Prefeito Eduardo Paes, que realizou o magno desafio da Olimpíada, se caracterizou pelo ativismo - em alguns pontos decerto excessivo - - à antiga Cidade Maravilhosa tem havido na gestão do Senhor Crivella apenas algo que relembrar-nos possa o zelo empenhado pelo seu antecessor diante do magno desafio de uma Olimpíada - a ausência da presença da autoridade municipal, que vemos na infestação de camelôs postados junto ao comércio, na falta de manutenção dos principais logradouros públicos e no consequente ar de abandono - e mesmo de desleixo - que ora se espalha pelo Rio de Janeiro.
           Permita-me, senhor Crivella, dizer-lhe que se o senhor gosta de viajar - como o demonstram as numerosas viagens a Europa (desconheço se também aos Estados Unidos) - e as suas passagens pela Cidade-Luz, devo confessar-lhe que me deixa estarrecido a pouca utilização prática de seus afastamentos no Velho Continente.
           Se prestasse um pouco de atenção às características do trânsito em Paris, veria que lá a maioria dos ciclistas utiliza uma espécie de casco de fibra protetora para a cabeça, e - o que é muito mais importante - dispõe de pista adequada nas principais ruas e avenidas que lhe são próprias. Lá, senhor Crivella, não há ciclistas nas calçadas - como aqui, ao invés de abundarem, deveriam valer-se dos logradouros para tanto adequados.  Cá, a falta de autoridade se exprime no pandemônio dos ciclistas e das bicicletas motorizadas que já por aqui abundam - e não nas ruas, onde deveriam estar - mas nas calçadas ameaçando a vida dos pobres pedestres, que não tem lugar que possam considerar seguro e próprio.
              Essa ausência da autoridade, Senhor Crivella, que se nos depara em toda a parte, se reflete para o comércio na infestação de camelôs, no tráfico, causada pela falta de pardais, vemos os veículos (sobretudo os ônibus, mas também os táxis) furando sinais,_impune e perigosamente para os pedestres que acreditarem no verde como autorização para a travessia da rua.
              Pelo visto, hoje às voltas com as obras paradas - que são evidência de sua inação, que antes já se sentia, mas que agora se afirma com toda a força  que a sua disposição para a lassitude nos faça prever - o carioca há de perguntar-se o que o senhor pretendeu ao candidatar-se à prefeitura dessa nobre Cidade, que tantos cuidados exige, mas que a memória abraça Prefeitos com pê maiúsculo, gente que enfrentou e resolveu grandes problemas, fez grandes obras viárias, e até acolheu, entre outros certamens, a Olimpíada,  que apesar dos pesares foi levada a inteiro contento pelo Prefeito Eduardo Paes.
            E o Senhor, como se vê nessa companhia, em meio a tantas obras abandonadas, a tais demonstrações de incapacidade de afirmar-se como Prefeito? Chegou a fugir do Carnaval, como se a sua religião o proibisse. Portanto, implicitamente o Senhor Crivella mostrou a gregos e troianos que acha apropriado inventar uma viagenzinha às Europas, onde chegou a declarar em um dos pontos visitados que vinha em viagem oficial,  tendo de aguentar a avania de um desmentido  revelado, veja só! pelo sistema de som, que crua e desapiedadamente pôs a nu o seu caráter  de  Pinóquio...          
        
( Fonte: O Globo )

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