O
resultado das eleições, apesar do otimismo da imprensa inglesa, não foi bom
para o campo democrático. O homem forte de Âncara serviu-se muito bem desse
pleito, se colocarmos a questão turca no ponto de vista de Erdogan. Ao
contrário de o que muitos esperavam, o presidente turco não sai enfraquecido
dessa eleição.
Houve
um sensível endurecimento do regime, agora corroborado pelos eleitores. O
parlamentarismo - que é sempre uma defesa das minorias - se vê afastado, sendo
substituído pelo presidencialismo, que pode amoldar-se à maravilha às
características da ordem autoritária.
Na
sua caminhada, depois do golpe de junho de 2016, os cárceres e os calabouços da
Turquia se encheram de alegados partidários do suposto inimigo, o clérigo
Fethullah Gulen - que vive no leste dos Estados Unidos - de Erdogan e a eleição
deste fim de semana em nada contribui para tornar menos opressa a atmosfera
naquele país.
Praticamente apurada a totalidade das urnas, Recep Tayyip Erdogan obtém
52,59% dos sufrágios, o oposicionista
Muharrem Ince 30,76%, o curdo Selahattin Demirtas, 8,15% (os dois últimos de
esquerda), e Meral Aksener, 7,41%, conservadora de extrema-direita.
Muharrem Ince, que encabeça o maior partido de oposição, embora não
confirme oficialmente a eleição - não considerou justas as condições da
competição -, aceitou a vitória de
Erdogan : não foi uma competição justa, mas aceito que Erdogan tenha ganho.
Das seiscentas cadeiras do parlamento, pelo menos 293 ficarão com a
aliança de Erdogan: o AKP (partido de justiça e desenvolvimento) que governa a
Turquia desde 2002, e o MHP (Movimento de Ação Nacionalista). A oposição
será formada pela Aliança Nacional, de
Ince, e tem 147 assentos e o
partido curdo, 66.
Por sua vez, a extrema-direita, que vota em geral com o presidente, tem
49 parlamentares, e os conservadores,
45.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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