quarta-feira, 20 de junho de 2018

Merkel e Macron propõem triagem de imigrantes


            
         Sob pressão, a Chanceler alemã, Ângela Merkel e o Presidente da França, Emmanuel Macron, deverão propor à União Europeia a criação de plataformas de desembarque para fazer a triagem de estrangeiros que tentem alcançar o continente europeu.
         A estratégia foi definida pelos dois líderes, a dezenove do corrente, em Meseberg (cercania de Berlim). A dupla e, sobretudo, a Merkel têm um senhor desafio pela frente: convencer os 26 chefes de estado e governo a aceitarem a redistribuição dos imigrantes em solo europeu.
          Há uma crise política, causada pelo ultimatum do líder da União Social-Cristã, Herr Horst Seehofer, ministro do Interior. Pressionado pela Alternativa para a Alemanha (AfD), o partido neo-nazista,  nas próximas eleições na Baviera, Seehofer exigiu que providências sejam tomadas quanto à questão migratória. Ele teme perder a maioria na Baviera, e ser derrotado pelos neonazistas.
           Na reunião de ontem, dezenove de junho,  os dois líderes discutiram as bases de projeto de reforma da legislação imigratória da U.E. Nesse aspecto, a atuação de Macron ajuda a ameaçada Merkel, eis que Macron advoga  reformas nesse campo: ambos confirmam o reforço dos efetivos da Frontex, a agência europeia de fronteiras, que é encarregada do patrulhamento dos limites da U.E. Dessarte, o orçamento da Agência seria reforçado, e mais de dez mil agentes contratados nos próximos anos, com o consequente aumento da polícia de fronteiras.
           Nessa mesma linha de ganhar apoio de países mais afetados pela chegada de imigrantes, se propõe o aumento do orçamento dessa agência, e assim mais de dez mil agentes serão contratados para reforçarem o efetivo da polícia de fronteiras.
            Nesse sentido, a Merkel manifestou solidariedade ao novo primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, que encabeça o gabinete populista, prometendo maior auxílio aos países mais afetados pelas vindas de imigrantes, casos da Itália e da Grécia.
           Segundo o Presidente Macron, os dois governos se acordaram em propor a Bruxelas a criação de Agência Europeia de Direito de Asilo, a que incumbiria harmonizar as regras nacionais para a concessão de refúgio aos estrangeiros em situação de risco.
           Essa declaração abre a possibilidade de reforma do Regulamento de Dublin  que prevê deverem os imigrantes solicitar asilo no país em que chegarem primeiro - o que sobrecarrega os países nas fronteiras externas da Europa.
          Sem embargo, o principal destaque da reunião Macron-Merkel foi a aceitação da proposta formulada pelo premier da  Áustria, Sebastian Kurz, e pelo da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, de criação de centros dedicados à chegada dos imigrantes. Isso acabaria com impasses como o da semana passada em relação ao navio Aquarius, que ficou à deriva no Mediterrâneo, lotado de refugiados procedentes da África, quando a Itália, sob o gabinete populista de Giuseppe Conte, decidiu fechar seus portos à embarcação.  Como se sabe, o barco pôde enfim ancorar no Porto de Valência, na Espanha, por iniciativa do novo Primeiro Ministro espanhol.    
                                                 
( Fonte:   O Estado de S. Paulo )

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