quinta-feira, 21 de junho de 2018

A Ditadura de Maduro


                                         
           
            O regime ditatorial de Nicolás Maduro cada vez mais se afasta de qualquer norma democrática. Desde muito que a Venezuela sob o domínio deste senhor se tornou um regime brutal, que persegue a oposição da forma mais iniqua e inescrupulosa, não se detendo sequer diante de qualquer consideração que envolva justiça, honestidade e a isonomia no tratamento dos seus conacionais.
           Para começar, não há mais cidadãos na Venezuela de Maduro. Existem os servos da ditadura chavista, que vendem  suas convicções e o próprio auto-respeito pelas eventuais esmolas que recebam de um poder corrupto e degenerado, na medida em que ainda tenta ajaezar-se com a roupagem dos regimes democráticos, enquanto vilipendia a liberdade e o respeito a seus semelhantes pela própria cupidez, desonestidade e vilania, a todos buscando seja corromper na lama de governança fundada na força cega e boçal, no abandono da justiça e da equidade, enquanto tenta estufar as próprias riquezas, seja recorrendo, ao enfrentar a resistência dos combatentes pela democracia,  toda sorte de vileza e de procedimentos que maculam a espécie humana, como a tortura, o arremedo de justiça, a monopolização da riqueza estatal, que é desviada do povo soberano e empregada para os fins espúrios do auto-enriquecimento, a par da monopolização da economia venezuelana. Tais crimes são, para os cidadãos,  a manifestação da presença do Tirano , enquanto este tenta destruir o que de democracia resta, e se serve de todos os braços do Estado em próprio proveito, inclusive para a destruição do punhado de gente que luta por um país mais digno. 
             Para o Tirano toda resistência democrática e todo empenho em fazer ressurgir a liberdade é tratado como se fora o pior dos crimes. Reeditando as campanhas de Stalin contra os seus supostos opositores dentre as fileiras do Partido Comunista Russo, agora é a vez  do espúrio governo de Nicolás Maduro lançar campanha contra parlamentares opositores da ditadura chavista. Para tanto, foram torturados vários militares para que denunciem a nova invenção do ditador, que seria o envolvimento de Júlio Borges, presidente da Assembleia Legislativa e de Maria Corina Machado, a corajosa deputada democrática, em suposta tentativa de atentado contra Maduro e o alto escalão militar. Nas palavras do ditador, é o "golpe azul", que  recebeu esse nome das cores da Força Aérea Venezuelana. 
            Nesse sentido, o presidente-eleito da Colômbia, Ivan Duque, condenou a manobra do regime chavista. "Acho vergonhoso o que estamos vendo, que é a ditadura de Nicolás Maduro perseguindo agora para levar a líder Maria Corina Machado à prisão. Essa é uma forma de calar as vozes da oposição", afirmou Duque, que pediu a "libertação dos presos políticos".
            Nesse mesmo mítico "golpe azul", o presidente da Assembleia Legislativa da Venezuela, Júlio Borges - que a ditadura de Maduro fechara para efeitos práticos, ao encenar a farsa da Constituinte dos Bairros, cuja presidência deu à copartidária Delcy Rodriguez.  Sem a universalidade das Constituintes, essa assembleia fora "eleita" pelos sufrágios de uma farsa caribenha, eis que a sua ilegalidade fora afiançada pela própria firma suiça que organizara o dito processo. Na verdade, o número dos votos tinha sido cinicamente inflado pelo regime Maduro. Com o assim-denominado "Tribunal Supremo de Justiça" disponível para "legalizar" todos os seus procedimentos, não surpreende hoje que haja logrado "substituir" a legítima Assembleia Nacional, onde a Oposição tem a maioria, pela apócrifa Constituinte dos Bairros.           
             Como se vê, para a paranóia do ditador não há limites nas mórbidas invenções de alguém que crê encontrar nos opositores, sobretudo se corajosos, a possibilidade de que recorram a procedimentos que repugnariam à moral de qualquer mente democrática.
              Mas diante dos padecimentos que a ditadura de Maduro tem trazido para o pobre povo venezuelano (hiperinflação, com o consequente esvaziamento  de toda forma de remédio, alimento e insumos para a rede hospitalar - que não mais funciona na prática, fugindo para Rondônia até militares, para se tratarem nos hospitais brasileiros), se torna cada vez mais provável que esse regime nocivo se torne sempre mais exposto à erupção da cólera popular, dadas as condições existenciais prevalentes na pobre terra de Bolívar, que se incitam à fuga cada vez mais numerosa de nacionais tanto para a Colômbia - bastante mais próxima - quanto para o Brasil, no estado de Rondônia, a despeito dos muitos quilômetros que o separam dos centros habitados da Venezuela, podem igualmente lançar às ruas e praças dos centros citadinos, a começar por Caracas, por verdadeiras colunas humanas, açoitadas por fome e a doença, e tangidas pela raiva, com a força e a coragem que parecem vir dos poços da ira e do  desespero, que só esse regime incapaz de Maduro pode insuflar nos novos miseráveis do século vinte e um, que vivem no país dos maiores depósitos de petróleo, e que a inépcia do regime chavista, por incapacidade técnica dos atuais prepostos, já não logra extrair em quantidades suficientes para alimentar a virtual monocultura venezuelana.
            Em termos de crueldade, é o mesmo que condenar alguém a morrer de sede, ao lado de um tonel de água potável que ele não consegue abrir .

( Fonte: O Estado de S. Paulo )
                           
           

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