O regime
ditatorial de Nicolás Maduro cada vez mais se afasta de qualquer norma
democrática. Desde muito que a Venezuela sob o domínio deste senhor se tornou
um regime brutal, que persegue a oposição da forma mais iniqua e inescrupulosa,
não se detendo sequer diante de qualquer consideração que envolva justiça, honestidade
e a isonomia no tratamento dos seus conacionais.
Para começar, não há mais cidadãos
na Venezuela de Maduro. Existem os servos da ditadura chavista, que vendem suas convicções e o próprio auto-respeito
pelas eventuais esmolas que recebam de um poder corrupto e degenerado, na
medida em que ainda tenta ajaezar-se com a roupagem dos regimes democráticos,
enquanto vilipendia a liberdade e o respeito a seus semelhantes pela própria
cupidez, desonestidade e vilania, a todos buscando seja corromper na lama de governança
fundada na força cega e boçal, no abandono da justiça e da equidade, enquanto tenta
estufar as próprias riquezas, seja recorrendo, ao enfrentar a resistência dos
combatentes pela democracia, toda sorte
de vileza e de procedimentos que maculam a espécie humana, como a tortura, o
arremedo de justiça, a monopolização da riqueza estatal, que é desviada do povo
soberano e empregada para os fins espúrios do auto-enriquecimento, a par da monopolização
da economia venezuelana. Tais crimes são, para os cidadãos, a manifestação da presença do Tirano ,
enquanto este tenta destruir o que de democracia resta, e se serve de todos os
braços do Estado em próprio proveito, inclusive para a destruição do punhado de
gente que luta por um país mais digno.
Para o Tirano toda resistência
democrática e todo empenho em fazer ressurgir a liberdade é tratado como se fora
o pior dos crimes. Reeditando as campanhas de Stalin contra os seus supostos
opositores dentre as fileiras do Partido Comunista Russo, agora é a vez do espúrio governo de Nicolás Maduro lançar campanha
contra parlamentares opositores da ditadura chavista. Para tanto, foram
torturados vários militares para que denunciem a nova invenção do ditador, que
seria o envolvimento de Júlio Borges, presidente da Assembleia Legislativa e de
Maria Corina Machado, a corajosa deputada democrática, em suposta tentativa de
atentado contra Maduro e o alto escalão militar. Nas palavras do ditador, é o
"golpe azul", que recebeu esse
nome das cores da Força Aérea Venezuelana.
Nesse sentido, o presidente-eleito
da Colômbia, Ivan Duque, condenou a manobra do regime chavista. "Acho
vergonhoso o que estamos vendo, que é a ditadura de Nicolás Maduro perseguindo
agora para levar a líder Maria Corina Machado à prisão. Essa é uma forma de
calar as vozes da oposição", afirmou Duque, que pediu a "libertação
dos presos políticos".
Nesse mesmo mítico "golpe azul", o presidente da
Assembleia Legislativa da Venezuela, Júlio Borges - que a ditadura de Maduro
fechara para efeitos práticos, ao encenar a farsa da Constituinte dos Bairros, cuja presidência deu à copartidária Delcy
Rodriguez. Sem a universalidade das
Constituintes, essa assembleia fora "eleita" pelos sufrágios de uma
farsa caribenha, eis que a sua ilegalidade fora afiançada pela própria firma
suiça que organizara o dito processo. Na verdade, o número dos votos tinha sido
cinicamente inflado pelo regime Maduro. Com o assim-denominado "Tribunal
Supremo de Justiça" disponível para "legalizar" todos os seus
procedimentos, não surpreende hoje que haja logrado "substituir" a
legítima Assembleia Nacional, onde a Oposição tem a maioria, pela apócrifa Constituinte dos Bairros.
Como se vê, para a paranóia do ditador não há limites nas mórbidas invenções
de alguém que crê encontrar nos opositores, sobretudo se corajosos, a
possibilidade de que recorram a procedimentos que repugnariam à moral de
qualquer mente democrática.
Mas diante dos padecimentos que a
ditadura de Maduro tem trazido para o pobre povo venezuelano (hiperinflação,
com o consequente esvaziamento de toda
forma de remédio, alimento e insumos para a rede hospitalar - que não mais
funciona na prática, fugindo para Rondônia até militares, para se tratarem nos
hospitais brasileiros), se torna cada vez mais provável que esse regime nocivo
se torne sempre mais exposto à erupção da cólera popular, dadas as condições
existenciais prevalentes na pobre terra de Bolívar, que se incitam à fuga cada
vez mais numerosa de nacionais tanto para a Colômbia - bastante mais próxima -
quanto para o Brasil, no estado de Rondônia, a despeito dos muitos quilômetros
que o separam dos centros habitados da Venezuela, podem igualmente lançar às
ruas e praças dos centros citadinos, a começar por Caracas, por verdadeiras colunas
humanas, açoitadas por fome e a doença, e tangidas pela raiva, com a força e a
coragem que parecem vir dos poços da ira e do desespero, que só esse regime incapaz de
Maduro pode insuflar nos novos miseráveis do século vinte e um, que vivem no
país dos maiores depósitos de petróleo, e que a inépcia do regime chavista, por
incapacidade técnica dos atuais prepostos, já não logra extrair em quantidades
suficientes para alimentar a virtual monocultura venezuelana.
Em
termos de crueldade, é o mesmo que condenar alguém a morrer de sede, ao lado de
um tonel de água potável que ele não consegue abrir .
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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