sábado, 23 de junho de 2018

Itália, U.E. e a Imigração Africana



                                

            O novo ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, líder da Liga, de tendência neofascista, é um dos principais chefes do atual governo, ao lado do movimento Cinco Estrelas, encabeçado por Luigi de Maio. O chefe nominal do gabinete, é o Primeiro Ministro  Giuseppe Conte, cujo ministério acabou aprovado pelo Presidente italiano Sergio Mattarella.
          Embora a política se caracterize pelo dinamismo, e sendo o atual Primeiro Ministro um político pouco conhecido, restará determinar que papel efetivo Conte realizará ao ser ladeado no gabinete pelos dois principais líderes do gabinete - Matteo Salvini, da Liga do Norte, de extrema direita, e Luigi di Maio, chefe do Movimento Cinco Estrelas.
          Dada a postura anti-imigratória de Salvini, prevê-se na próxima reunião da cúpula da União Europeia, prevista para amanhã, 24 de junho, que ele tentará mudar a orientação da UE na matéria. A questão é explosiva, sendo conhecida a sua postura anti-Macron, o presidente da França.
  
        Como se sabe, o Presidente francês, Emmanuel Macron e a Chanceler alemã Angela Merkel, tem a intenção de propor nessa reunião de Bruxelas, a formação de assim chamadas Plataformas de Desembarque, que pretende ser uma fórmula para o encaminhamento da questão migratória. Como se sabe, ela vem sendo levantada de forma agressiva pela direita na Europa. Assim, a Alternativa para a Alemanha, o Partido Neonazista,  tenciona concorrer nas eleições do Land da Baviera, e a possibilidade de que o líder da CSU, partido-irmão da CDU, Horst Seehofer, seja derrubado pela AfD que vem crescendo e daí o ultimatum que ele fez à Chanceler Merkel para que resolva o problema, senão será forçado a deixar o gabinete de coalizão (de que também participa a SPD, partido socialista alemão). Tudo isso está tratado em meu blog, de 4ª feira,  20 de junho corrente.

            A esse propósito, Matteo Salvini, de tendência de extrema-direita, e que virou ministro do Interior da Itália, com o novo gabinete sob a chefia do Primeiro Ministro Giuseppe Conte,  pretende ir à pré-citada reunião em Bruxelas,  onde deverá oficializar a intenção de deportar cem mil imigrantes.
            Como se verifica pelo teor de suas propostas - a par de sua manifesta oposição ao Presidente francês Emmanuel Macron - não é exatamente para conduzir uma negociação de alto nível que il Signore Salvini, chefe da Liga do Norte, próxima ao fascismo, tenciona ir a Bruxelas. 

            Como se sabe, Jean Jacques Rousseau disse no seu tempo do Abbé de Saint-Pierre, a respeito de suas propostas, que o abbé tinha "de grandes idées et de petites vues" (grandes idéias e pequenas visões políticas).
            Decerto, não é exatamente o caso do religioso criticado pela famosa frase do grande escritor  e pensador político Rousseau acerca das visões das relações de poder do Abbé de Saint-Pierre, mas também as propostas de Salvini discrepam das posições políticas de Macron e da Chanceler Merkel.

            O novo governo italiano e em especial, a sua ala de extrema-direita, deverão encontrar dificuldade em conciliar as próprias ideias em termos de imigração, com uma postura sensata e aberta, como a proposta franco-alemã, do Presidente Macron e da Chanceler Merkel, que se esforçam - agora com o apoio do novo Primeiro Ministro espanhol, Pedro Sánchez, conforme evidenciado pela sua decisão de acolher os refugiados do Acquarius, expulsos da Itália por decisão do atual governo italiano. Como se sabe,  Pedro Sánchez  sucedeu  ao anterior chefe do governo,  Mariano Rajoy, por decisão das Cortes Espanholas.
            De qualquer forma, cabe aguardar o que Bruxelas deverá decidir a respeito. (a continuar).

( Fontes: O Estado de S. Paulo; Obras de J.-J. Rousseau  )

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