Segundo o editorial do New York
Times, o relatório de Michael Horowitz, Inspetor-Geral do FBI deu chabu, ou em
outras palavras, foi uma bomba que não estourou.
Talvez se esperasse demasiado desta
avaliação de alta autoridade do Federal Bureau of Investigation. Já o próprio
Jeff Sessions terá indicado a um reporter, antes da divulgação do documento, que ele esperava do Inspetor-Geral Horowitz um
relatório cuidadoso.
Quiçá,
a parte maior do problema esteja justamente aí. O documento em tela era
importante demais para ser confiado à autoria de um burocrata, por alta que
seja a sua importância.
Não
me entendam mal, por favor. Longe de mim o propósito de desmerecer do
trabalho do Inspetor-Geral do FBI.
Mas
quem lhe encomendou o aludido relatório, terá tido presente que se tratava de
uma questão que transcendia a responsabilidade de Mr James Comey e o que
porventura ele fizera, de má-fé ou não,
contra a candidata do Partido Democrata ?
Pois foi justamente o que aconteceu. Uma série de omissões de
representantes políticos e de altos funcionários criara para o impetuoso
Diretor do FBI um enganoso vácuo de autoridade, através do qual Mr James B.
Comey fruiria de uma inusitada responsabilidade, ou quiçá mesmo irresponsabilidade.
É
do geral conhecimento, que não faltam ao Departamento de Justiça as disposições
legais competentes para dar às autoridades
políticas o poder necessário para
impedir que Mr Comey realizasse o seu "show" particular no que tange
à investigação quanto ao uso por Mrs. Clinton do servidor particular de um
computador público. Ela própria é a primeira a reconhecer que constituíu um garrafal
erro político não ter atendido aos
conselhos que recebera nesse sentido de antecessores seus, inclusive
republicanos de nomeada, para que evitasse servir-se de tal instrumento nas
condições acima referidas.
Infelizmente, não foi assim, e em tais condições a discussão quanto ao
poder exercido pelo alto funcionário do F.B.I. se deveria mover para outras
esferas. Há regras no Departamento de Justiça quanto às precauções que devam seguir
os seus altos funcionários no sentido de evitar que questões políticas
mal-definidas possam ser levantadas às vésperas das eleições ou até mesmo
durante o período em que muitos eleitores têm a prática de antecipar a
respectiva votação.
Mr Comey agiu com a desenvoltura de uma alta autoridade estatal. Como definir de outro
modo o procedimento irresponsável de comunicar ao Congresso - e por
conseguinte, ao Povo Americano - que ele estava abrindo uma vez mais a
investigação do canal privado de servidor público, relativo à candidata Hillary
Clinton, com referência ao computador do marido afastado de Huma Abedin, a
principal secretária da Senhora Clinton no Departamento de Estado. A cui prodest? , a quem interessaria
levantar tal questão, senão com o intúito de aludir a uma espécie de deus ex machina, que na vigésima-quinta
hora viesse afinal resolver a grande pergunta sobre as eventuais maquinações da
Secretária de Estado?
A
irresponsabilidade de Mr Comey chegou neste momento ao seu ápice. Porque,
também nesse caso, como se aludiu ao documento de avaliação de Mr Michael
Horowitz, nada de objetivo traria para acrescentar ao conhecimento de alguma
falta da Senhora Clinton.
O trágico no assunto está justamente na sua falta de qualquer
relevância para a eleição em curso, a
qual no entanto é empregada para dar a impressão de que algo de muito
importante será transmitido ao conhecimento dos eleitores.
É difícil estabelecer se nessa questão houve algum interesse doloso de
Mr James Comey. Tudo leva a crer, se tivermos bem presente o temperamento do
então Diretor do FBI, que não. Qualquer que seja o resultado que pretendera
- e o atroador silêncio de seus omissos superiores - o diretor do FBI entra para
a história, de modo desajeitado é certo, por haver desencadeado mecanismo psicológico
que retira da Senhora Clinton a parcela de votos que acabou por determinar-lhe,
e contra toda a expectativas, a derrota no photochart.
( Fontes: The New York Times; What Happened, de Hillary Clinton )
Nenhum comentário:
Postar um comentário