sexta-feira, 15 de junho de 2018

O Relatório Horowitz


                                         

          Segundo o editorial do New York Times, o relatório de Michael Horowitz, Inspetor-Geral do FBI deu chabu, ou em outras palavras, foi uma bomba que não estourou.
          Talvez se esperasse demasiado desta avaliação de alta autoridade do Federal Bureau of Investigation. Já o próprio Jeff Sessions terá indicado a um reporter, antes da divulgação do documento,  que ele esperava do Inspetor-Geral Horowitz um relatório cuidadoso.
           Quiçá, a parte maior do problema esteja justamente aí. O documento em tela era importante demais para ser confiado à autoria de um burocrata, por alta que seja a sua importância.
           Não me entendam mal, por favor. Longe de mim o propósito de desmerecer do trabalho  do Inspetor-Geral do FBI.
           Mas quem lhe encomendou o aludido relatório, terá tido presente que se tratava de uma questão que transcendia a responsabilidade de Mr James Comey e o que porventura ele  fizera, de má-fé ou não, contra a candidata do Partido Democrata ?
           Pois foi justamente o que aconteceu. Uma série de omissões de representantes políticos e de altos funcionários criara para o impetuoso Diretor do FBI um enganoso vácuo de autoridade, através do qual Mr James B. Comey fruiria de uma inusitada responsabilidade, ou quiçá mesmo irresponsabilidade.
           É do geral conhecimento, que não faltam ao Departamento de Justiça as disposições legais competentes para dar às autoridades políticas  o poder necessário para impedir que Mr Comey realizasse o seu "show" particular no que tange à investigação quanto ao uso por Mrs. Clinton do servidor particular de um computador público. Ela própria é a primeira a reconhecer que constituíu um garrafal erro político  não ter atendido aos conselhos que recebera nesse sentido de antecessores seus, inclusive republicanos de nomeada, para que evitasse servir-se de tal instrumento nas condições acima referidas.
           Infelizmente, não foi assim,  e em tais condições a discussão quanto ao poder exercido pelo alto funcionário do F.B.I. se deveria mover para outras esferas. Há regras no Departamento de Justiça quanto às precauções que devam seguir os seus altos funcionários no sentido de evitar que questões políticas mal-definidas possam ser levantadas às vésperas das eleições ou até mesmo durante o período em que muitos eleitores têm a prática de antecipar a respectiva votação.
             Mr Comey agiu com a desenvoltura de uma  alta autoridade estatal. Como definir de outro modo o procedimento irresponsável de comunicar ao Congresso - e por conseguinte, ao Povo Americano - que ele estava abrindo uma vez mais a investigação do canal privado de servidor público, relativo à candidata Hillary Clinton, com referência ao computador do marido afastado de Huma Abedin, a principal secretária da Senhora Clinton no Departamento de Estado. A cui prodest? , a quem interessaria levantar tal questão, senão com o intúito de aludir a uma espécie de deus ex machina, que na vigésima-quinta hora viesse afinal resolver a grande pergunta sobre as eventuais maquinações da Secretária de Estado?
             A irresponsabilidade de Mr Comey chegou neste momento ao seu ápice. Porque, também nesse caso, como se aludiu ao documento de avaliação de Mr Michael Horowitz, nada de objetivo traria para acrescentar ao conhecimento de alguma falta da Senhora Clinton.
              O trágico no assunto está justamente na sua falta de qualquer relevância  para a eleição em curso, a qual no entanto é empregada para dar a impressão de que algo de muito importante será transmitido ao conhecimento dos eleitores.
               É difícil estabelecer se nessa questão houve algum interesse doloso de Mr James Comey. Tudo leva a crer, se tivermos bem presente o temperamento do então Diretor do FBI,  que não.  Qualquer que seja o resultado que pretendera - e o atroador silêncio de seus omissos superiores - o diretor do FBI entra para a história, de modo desajeitado é certo,  por haver desencadeado mecanismo psicológico que retira da Senhora Clinton a parcela de votos que acabou por determinar-lhe, e contra toda a expectativas,   a derrota no photochart.

( Fontes: The New York Times; What Happened, de Hillary Clinton )

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