sexta-feira, 27 de setembro de 2019

O Energúmeno Johnson


                         
         Leitor amigo, as palavras quando oportunas, não se deveria deixá-las dormitar no dicionário.O comportamento do atual Primeiro Ministro do Reino Unido, Boris Johnson, é exemplo disso. Pois o Houaiss nos vem em ajuda, quando trata do verbete energúmeno : sendo o primeiro significado obsoleto (possuído pelo demônio, possesso). 
          Já a segunda acepção, em pleno uso: indivíduo que, exaltado, grita e gesticula excessivamente.  Mas é a terceira que cai como uma luva: indivíduo desprezível, que não merece confiança; boçal, ignorante.

            O próprio modo de agir nessa crise do Primeiro Ministro nos mostra que não se pejou em arrancar da idosa Rainha a autorização para cerrar por um tempo o Parlamento, valendo-se de argumentos falsos e mendazes para obter o que desejava. Não é necessário mergulhar na leitura do comportamento de antecessores de Johnson, para que o expectador se dê conta da pouca dignidade deste ocupante de um posto, em que é preferível não intentar comparações, pelo que trariam de chão, desfavorável e, em verdade, inconveniente, se tivermos presente os excessos que vem perpetrando esse senhor.

               A atitude e o comportamento de Boris Johnson é uma mescla de reações que vão do desconexo à absoluta falta de conexão com realidade que, diante dele surge, claramente acima de sua capacidade  de enfrentá-la e, sobretudo, compreendê-la.
                 Se se carece de ulterior referência, a menção da deputada  Jo Cox parece  bastante para descrever-lhe a total falta de sentimento e humana compreensão. Dizer que a parlamentar é u'a martir do Brexit  mostra que Sua Excelência ou é torpe, ou leva o próprio atabalhoamento a extremos de insensibilidade.
                  Diante desse desafio, e a sua manifesta incapacidade de lidar com tal monstro que ele tanto contribuíu para invocar e torná-lo desgraçadamente real,  o Parlamento deve conscientizar-se - e pode fazê-lo com a ajuda, seja da família, seja dos próprios companheiros de partido - que Sua Excelência está tristemente incapacitado  para enfrentar o presente desafio, o qual - pelas suas características toynbeeanas - se acha demasiado acima de suas faculdades mentais e emocionais.

( Fontes: A.J. Toynbee;  The Economist; O Estado de S. Paulo )

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