domingo, 1 de setembro de 2019

A não-relação Doria - Bolsonaro


            
        Como o governador de São Paulo, João Dória tem liderança no PSDB, e como as últimas eleições ont fait balayé et oublié[1] a Geraldo Alkmin em termos de candidatura viável à Presidência da República, não espanta que Jair Bolsonaro, o espontâneo, já tenha apontado a sua artilharia na direção do governador de Sâo Paulo, João Dória, que se afigura, no painel tucano, como o único candidato viável no embate, mais adiante, contra o atual presidente, para as próximas eleições presidenciais.
               O temor de Bolsonaro é natural, porque Dória será um rival perigoso  que é bem capaz de pregar-lhe a peça de presidente de um só mandato. Por isso, Bolsonaro aparece indócil na pista e vem multiplicando doestos e referências negativas, acusando Doria de "mamar" em governos do PT na semana passada, e nesta quinta Bolsonaro chamou Doria de "amigão" dos ex-presidentes Lula e Dilma, ao referir-se à compra de um jatinho pela empresa do governador, em 2010, com financiamento do BNDES.
                   O tom de Bolsonaro serviu para alertar o tucanato: "Amigão do Lula e da Dilma.Vejo Dória falando "minha bandeira jamais será vermelha". É brincadeira. Quando estava mamando a bandeira lá era vermelha com foice e martelo."
                     A escalada do embate com o presidente vem num momento em que Dória parece não ter força total no próprio partido. Nesse sentido, foi pelo menos um tropeço ver a cúpula do PSDB negar-se a enterrar o velho correligionário Aécio Neves, e ao invés arquivar-lhe o pedido de São Paulo para a expulsão de Aécio do tucanato.
                         Por outro lado, Dória é um "infighter" e tal se vê  no avanço do governador  sobre 'viúvas'  de Bolsonaro. Isso começou  em junho com a filiação do empresário e hoje presidente estadual do PSDB, no Rio, Paulo Marinho. Ele tinha sido um dos maiores apoiadores da campanha de Bolsonaro e estava no PSL.
                           Naquela época, Doria incentivara o ingresso no PSDB do ex-Ministro Gustava Bebianno, que nutre um senhor rancor contra Bolsonaro et. fam. A filiação não deverá sair - Bebianno estã negociando com o DEM - mas Doria tem do ex-ministro uma declaração de apoio.
                              Dentro de sua tática, o governador nega interesse nessas filiações. O governador nega interesse eleitoral em tais filiações. Mas a verdade política mostra que Doria precisa atrair parte do eleitorado que votou em Bolsonaro, e o apoio dos ex-aliados do presidente, mesmo que circunstancial, ajudaria na difusão da mensagem  de que o tucano é a alternativa para os desiludidos.

( Fonte: O Globo )


[1] varreram e fizeram esquecer ao grande nome do PSDB que foi Alkmin.

Nenhum comentário: