sábado, 28 de setembro de 2019

Estados Unidos acusam Assad de usar armas químicas


            
     O uso de armas químicas por Bashar al-Assad é fato notório. Nesse sentido o novo Secretário de Estado, Mike Pompeo, acusou o ditador de haver ordenado um ataque com armas químicas: "O regime de Assad é responsável por inúmeras atrocidades, algumas das quais chegam ao patamar de crimes de guerra e crimes contra a Humanidade. Hoje anuncio que os Estados Unidos concluíram que o regime usou gás de cloro, uma arma química, no dia 19 de maio."
        Tal pronunciamento, feito à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, se reporta à ataque dirigido contra rebeldes  na província de Idlib.  O bombardeio seria o primeiro uso de armas químicas de parte do governo sírio desde a operação militar promovida  pelos Estados Unidos, França e Reino Unido, em abril de 2018.
         Pompeo revelou que a Casa Branca dará US$ 4,5 milhões para a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), para investigar outros possíveis ataques químicos por Assad. Há fundadas suspeitas que Assad atacou com armas químicas civis sírios, em maio último, no noroeste da Síria.
           O governo do Presidente Trump bombardeou a Síria em duas oportunidades, pelos ataques químicos realizados pelo ditador Assad - a quem Putin, como se sabe, tem apoiado. O primeiro fora em resposta à utilização do gás sarin, a 4 de abril de 2017, pelo governo Assad, na mesma província de Idlib. A resposta estadunidense, ordenada por Trump, foi com mísseis Tomahawk, contra base aérea síria.
            Assad é reincidente no uso de armas químicas, que.de resto, é proibido internacionalmente. Em abril de 2018, Assad voltou a recorrer às armas químicas, contra o próprio povo. Desta feita foi utilizado o gás de cloro, em um ataque a Douma, que é subúrbio de Damasco! Dezenas de civis morreram.

              A resposta do Ocidente foi severa. Estados Unidos, França e Reino Unido lançaram bombardeio contra três alvos ligados ao programa sírio de armas químicas. Na ocasião, a ONG Human Rights Watch documentara pelo menos 85 ataques com armas químicas  na Síria desde 2013.
                 Em outubro de 2018, a BBC documentou evidências suficientes para pelo menos 106 ataques químicos na Síria, desde setembro de 2013, quando Assad assinou a Convenção de Armas Químicas. O tratado proíbe a produção, estocagem  e o uso  desse tipo de armamento.  A fortiori, ao firmar o referido pacto o Tirano Assad concordou  em destruir as armas químicas que ainda lhe restavam.
                  A guerra civil na Síria, que prossegue desde 2011, deixa mais de 370 mil mortos. Nos primeiros tempos, o tirano Assad parecia derrotado. Isolado em Damasco, os rebeldes avançaram  pelo interior do país.  A partir de 2014, o conflito se acirra, com o ingresso do chamado Estado Islâmico nos domínios de Assad, a que se seguem dias de apogeu, em que o E.I.se vale da desordem \pregressa,  para instaurar o próprio califado em amplos espaços do território antes soberano daquele país.
                      O agravamento da situação na Síria, com o crescimento do Estado Islâmico, acaba arrastando os Estados Unidos para o conflito, em que conta com a ajuda de aliados tradicionais, como a França, Reino Unido, Austrália e Alemanha, que intervieram em apoio aos rebeldes, e contra o EI, já  a partir de setembro de 2014.
                       Entrementes, Assad não tem outra saída senão bater às portas do Kremlin, em que, em troca do sacrifício de bases em território sírio, convence Vladimir Putin em prestar-lhe ajuda.  Nesta hora, o ditador sírio vê inimigos por toda a parte, e não lobriga, por conseguinte, outra saída senão cortar no próprio território, com gravosas cessões ao oportunista aliado Putin,  para obter nessa hora  em que os seus inimigos se avantajam a ajuda que crê indispensável para que possa sequer pensar ter possibilidades de vencer o desafio colocado pelo E.I. e os rebeldes, apoiados estes pelo Ocidente. 
                      A longa campanha que envolve o Exército Islamico, a Siria de Bashar al-Assad e boas parcelas do Iraque, além da ajuda generosa do povo curdo, ainda que  nem sempre atendida na sua justa medida, se vai encaminhando para a eventual reversão do panorama militar, com a preponderância de um Assad,  "aliado" de Putin, a Turquia sob a ditadura de Recep Tayyip Erdogan, a par dos Estados Unidos, hoje sob o timão por vezes errático de Donald Trump, que entra em um novo ciclo eleitoral, com a ameaça de um processo de impeachment, que constitucionalmente deve iniciar-se na Câmara de Representantes, hoje sob a direção de Madam Speaker Nancy Pelosi, mas com a enorme barreira do Senado, em que Trump dispõe de maioria.
                       É verdade que nem sempre tais maiorias logram prevalecer diante dos arrecifes das campanhas eleitorais e da consequente revelação de eventuais segredos que tornam arriscado às maiorias ocasionais teimarem em prosseguir no mesmo curso, diante do pressago desafio das condenações da opinião pública. Na política, existe a velha máxima que devem perder toda  a esperança àqueles que se aferram às contaminadas alianças a que uma sucessão de incômodas verdades vai arrebatando toda e qualquer visão de sobrevivência dentro de um condenado esquema de forças políticas. Quem quer porventura submeter-se à terrível advertência do poeta: abandonai toda esperança vós que adentrais esse terrível espaço?

"Fontes: Dante Alighieri "La Commedia", "Dante - The Limits of the Law", Justin Steinberg"; O Estado de S. Paulo; cobertura da guerra na Síria.

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