quinta-feira, 23 de maio de 2019

Plebiscito: que resposta dar a May


                                É dificil querer bater de frente contra a realidade. Em junho de 2016, o Primeiro Ministro David Cameron fez votar mais um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia. Esse clamoroso erro de Cameron, pelo qual ele pagou caro - deixou de ser Premier, com o fim da própria carreira política - até hoje repercute.
           Realizado em junho, já no começo dos dias do veraneio estival, o dito referendo pela vontade de 52% dos votantes determinou o fim da longa participação britânica na Comunidade Europeia. O que motivara uma grande luta, ao cabo premiada com o ingresso na organização sediada em Bruxelas, terminava anticlimáticamente, em uma decisão apertada, que refletia um misto de desinteresse na participação do referendo, organizado já em período estivo.
            Agora, a  proposta da Primeiro Ministro  Theresa May  não podia deixar de incluir os defeitos que lhe caracterizam.  Chega até a propor um novo referendo sobre a permanência britânica na UE, embora que sob condições!  Por motivos que dão a impressão de serem inconfessáveis, a May subordina o dito possível referendo a nebulosas condições, que o fariam depender de uma composição com o Parlamento.  Ora, grita aos céus que, se a vontade do Povo é soberana, ela não pode ser condicionada a eventuais acordos ou restrições.
               Como a May semelha não ter a coragem de reconhecer que o referendo de 2016 foi um erro político - realizado em pleno verão, e por conseguinte com baixa ressonância e afluxo - e que sobretudo ignorou todo um  passado de lutas pela unificação europeia, passado esse que se permitiu pela indiferença de uns, e a pouca visão de outros, desfigurar, como se as porfias de antes que culminaram no ingresso inglês na Organização de Bruxelas fossem coisa de somenos.
                  Dessarte, a May trata o referendo de 2016 como se seria algo que se aproxime de qualquer coisa de semelhante a uma decisão histórica e quase sagrada,  tantas são as condições que estabelece para que a nova votação dos súditos de Sua Majestade possa realizar-se.  Se um calamitoso erro foi cometido pela displicência do então Primeiro Ministro, disso não resta sombra de dúvida, e para tanto bastaria ver os óbices encontra-dos nas tentativas de levar avante de qualquer jeito, como se fora escrita da arca da aliança, o que um público menor em atmosfera pouco condizente à determinação de um novo destino nacional, a ser tomado contra tantos precedentes em contrário, que aí es-tão, e se afiguram de difícil retirada, até mesmo por oportunistas que na sua insana busca de oportunidades políticas não relutam em ignorar a profusão de argumentos a militarem contra.
                   Manda o bom senso que se ponha termo a esse novelo infindável, e que se abram de par em par as sessões eleitorais para recolher o sufrágio soberano de um Povo a que se devem criar condições para que afinal se pronuncie, e  de forma condigna, com o afluxo e o relevo que a importância da ocasião exige, sem mais outros interesses que os do Povo de Sua Majestade.  Que venham, pois, em grande número, o que já é não pequena homenagem à importância da determi-nação. E ao votarem na consulta que se lhes faz, que tenham muito presente o caminho amplo, sem bairrismos nem interesses inconfessáveis,  para que a Inglaterra volte a ter a presença de seu próprio gênio nacional no vasto lar europeu, que representa para esse Povo o desafio de que não recuariam aqueles que têm ideia de sua própria grandeza, e o quanto há de crescer e prosperar diante de mais esse repto que é próprio desta gente, que assim estaria de volta ao destino que lhe abriram os precursores num passado de glórias e também cumpre não olvidar de grandes e sonoros êxitos perante magnos desafios, a que não fizeram recuar as arrogantes negativas no passado não tão longínquo de personalidades que talvez preferiam ver o Povo de Sua Majestade Britânica posto de lado, e menos pelos próprios   defeitos do que por  suas grandes qualidades, que tão alto devem levar essa gente quanto já o indica e de forma portentosa o seu passado de afirmações, realizações  e de memoráveis lutas!



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