quinta-feira, 30 de maio de 2019

Diálogo entre chavismo e Oposição ?


                 

      Há um ceticismo prevalente quanto às reais possibilidades do diálogo, promovido pela Noruega, entre o Chavismo e a Oposição.
        Quando tive de afastar-me por certo tempo do blog, já surgira no horizonte a iniciativa norueguesa, e a cautela desse modesto espelho de eventos de importância repontara de forma inequívoca.
        No noticiário das agências, passado já algum tempo, persiste o tom moderadamente otimista que é uma das pré-condições para a subsistência do exercício.   
      Assim, a mediação norueguesa é criticada pelos opositores do chavismo, que acre-ditam não haver espaço para conversas com Maduro. Reporta-se a posição de Juan Guaidó no início dos contatos, de que tampouco existe espaço  para negociação  com Maduro. Esse estado de espírito é subscrito pelo próprio Guaidó ao afirmar que todo diálogo deve desembocar na saída do presidente e na convocação de novas eleições.
          Malgrado o discurso duro do início, a esperança, representada pelo Governo da Noruega, terá influenciado Guaidó a baixar o tom, até à admissão do envio de  representantes para a Noruega.
           Ainda que a desconfiança esteja compreensivelmente presente, de igual modo a esperança será sempre instrumental e se empregada com os vezos habituais do chavismo, pode contribuir para ulterior extensão de prazo.   
         Tampouco se poderia agregar a participação de Moscou, a par do oferecido "apoio" de Cuba. Dada a posição desses países, que são aliados de Maduro (Cuba, em troca do petróleo que lhe é dado grátis, estará pronta a dispensar todo o apoio que o ditador venezuelano requerer, desde que não lhe ameace a própria segurança. O papel de Moscou é diverso, mas favorecerá sempre que possível o regime chavista, tendo presentes as vantagens e as condições que Maduro, enquanto estiver em Miraflores, estará pronto a conceder ao protetor Putin).
              Gostaria de estar equivocado nessa questão, mas Nicolás Maduro tem tudo para acreditar que o aliado russo estará presente, enquanto for possível, pois aproveita a Moscou ter uma espécie de protetorado na Venezuela, que até não mais ser possível viabilizar-lhe a sustentação, ou por demasiado onerosa, ou por falta de condições objetivas de mantê-la de pé, se a degringolada venezuelana prosseguir.
               Tudo leva a crer que não será de maneira indolor a débacle do deformado regime chavista, uma vez internalizadas as pioras decorrentes da continuada deterioração das condições de vida na Venezuela.
                Posso estar equivocado - e até gostaria de estar, pelo consequente minorado padecimento para o povo venezuelano - mas não será com conversações e tratativas estilo norueguês que Juan Guaidó logrará melhorar a atual situação da gente de seu país Enquanto o ditador Nicolás Maduro tiver condições de estender o respectivo regime e a sua consequente permanência no poder, ele tenderá a continuar a servir-se da tática de engambelar os pacifistas desse mundo e as esperanças de seus opositores de que algum dia ele vá deixar o poder (por esfarrapado e cambaleante que esteja), se ainda tiver oportunidade de manter-se em Miraflores e poder pensar que os militares, com o general Padrino à frente, ainda acreditem em que vale a pena tolerá-lo, por mais improvável que com o passar dos meses e de seu consequente e corrupto desgoverno a manutenção de uma tal anti-situação possa ser visualizada por uma série de fatores, cuja negatividade o tempo só fará aumentar e tornar ainda improvável a consequente demora acrescida.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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