sábado, 4 de maio de 2019

Non Possumus


                                                 

       Se a situação venezuelana apresentara alguma possível contestação à presente realidade factual de um governo corrupto, como o de Nicolás Maduro, e a par disso, comprovadamente incapaz e inepto diante do  desafio colocado pelo pretendente Juan Guaidós e, também, de seu antigo mentor, Leopoldo López, que evadiu-se da residência forçada que lhe era imposta pelo regime, e refugiou-se sob as latino-americanas vestes do asilo diplomático, na Embaixada de Espanha - tendo como nota de pé de página a repercussão de suas declarações no governo espanhol, com diversas posturas políticas que mais devam ser lidas sob as caprichosas lentes das vindouras eleições e o consequente jogo dos diversos protagonistas de eleições gerais, já demasiado complicadas pelo embates das variegadas esperanças partidárias no cenário madrilenho, e as respectivas complicações no que tange ao sagrado direito de asilo em Latino America.  

       O título acima tem um longo e por vezes penoso trânsito na História. A crise venezuelana - e a de seu, convenhamos, inepto fautor - arrasta-se em praça pública e no processo dito revolucionário surge uma escala que não surpreenderá àqueles que estudam os seus avatares quer no mundo contemporâneo, quer nos seus passados exemplos.

        Juan Guaidós é deveras um estranho precursor. A História, essa velha e caprichosa Senhora, não costuma ser muito simpática com esse gênero de personagem. Sem embargo - e utilizo esse adversativo para de certa maneira adentrar a atmosfera que cerca a persona admirável que por primeiro ousa levantar a tocha - só mesmo alguém que não esteja bem da cabeça, ousaria duvidar das possibilidades de que o personagem único de um presidente interino reconhecido por cinquenta e tantos países, venha a romper o encanto de seus temporários predecessores, maculados pelo transitório interino e aferrar, seja por carisma, seja por coragem, e até mesmo pelo geral consentimento de tantas nações, que pelos caprichos dessa incansável e, por vezes, ardilosa anciã, se transforme em uma corrente do bem, que vá tornar peremptos tantos risinhos à socapa, e que de súbito venha a surpreender aos eternos gregos e troianos, tornando real o que para muitos não passaria de uma ficção, e que pela sua força viesse a liberar-se por sua ínsita coragem de tantas certezas que não ousem dizer seu nome, enquanto, cercado pelos cínicos convencionais, o que não fora concebido para ser realidade, mas sim apenas amostragem, não é que de repente a todos surpreende?

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