sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Diário da Mídia (XXI)

                                        

Deterioração nas contas governamentais



                No primeiro semestre do ano, o superávit do setor público (União, estados, municípios e empresas estatais) teve uma queda de 44% em relação ao mesmo período de 2013. É o pior resultado desde 2002.

                O total geral para o semestre foi de R$ 29,4 bilhões. Em junho e maio houve déficits primários, respectivamente R$ 2,1 bilhões e R$ 11 bilhões.      

                A meta da economia para o superávit primário (R$ 99 bilhões) deste ano se tornou muito difícil de atingir. Esse superávit primário se destinaria ao pagamento dos juros da dívida para 2014. Como no primeiro semestre, o que se economizou para esse pagamento foi de R$ 29,4 bilhões, só um milagre – e milagres não costumam acontecer em contas públicas – tornaria possível um total de R$ 69,6 bilhões.

                Os déficits primários ocorrem quando se gasta mais de o que se arrecada. Ao invés de fazer o dever de casa, a Fazenda pode lançar mão da chamada contabilidade criativa, que, como no ano passado, não passam de truques fiscais. Servem apenas para enganar o mercado por um curto período, até que a realidade reponte.

                Nesse contexto, já há especialistas que discernem falta de sustentabilidade no controle do endividamento.  Gastar mais de o que se arrecada resulta de uma ‘política do governo’, que não se sustenta no prazo médio.

                O que não é novidade. Qual é o destino de qualquer empresa ou núcleo familiar que gaste mais do que ganha?  Problemas crescentes de crédito que tendem a agravar-se com o efeito cumulativo.
               

 Crise Argentina   

 

                  Será que o governo peronista de Cristina Kirchner  é o retrato da Administração Dilma Rousseff se esta lograr vencer as próximas eleições ?

                  A grave crise enfrentada pelos nossos vizinhos já ameaça repetir o desastre do início da primeira década deste século.

                   Há muitos fatores negativos. Baixas reservas cambiais restringem a ação do Governo. Por sua vez, o calote provocado com a disputa judicial com os chamados ‘fundos abutres’ – por uma decisão polêmica de juiz de New York – cria imprevistas dificuldades para o pagamento.  Mesmo na hipótese de acordo nos próximos dias, os efeitos negativos serão bastante para acarretar alta do dólar, aumento da inflação e queda nos investimentos.

                 Nesse sentido, o Produto Interno Bruto terá uma queda de 3%. Diante da crise, e da consequente falta de recursos, as exportações brasileiras para a Argentina tenderão a sofrer. No primeiro semestre, caíram 20%, e as de automóveis, por não serem de primeira necessidade, decresceram ainda mais (para 30%).      

                 É uma sinalização lamentável que a crise volte a bater com força na economia argentina, em um período relativamente curto. Resta muito pouco tempo, segundo se assinala,  para que a moratória de técnica se transforme em efetiva.  Em prazo curtíssimo, pode acontecer a corrida para o dólar – que é sempre o refúgio preferido pelos portenhos para as borrascas financeiras – o que levaria a forte desvalorização do peso. Ter-se-á em mente que, com reservas escassas, a Argentina não dispõe de meios para contra-arrestar  um eventual e maciço ataque ao peso argentino.        



(Fonte: O  Globo)

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