quarta-feira, 17 de julho de 2013

Notas direto do Front

                                   
 Putin, o submarinista

 
        Vladimir Putin, o homem forte de todas as Rússias, tem um fraco por proezas atléticas e congêneres. A foto desta semana, em que, por trás de redoma de submarino, semi-submerso, ele fita o público com impávido olhar, será mais uma para coleção já alentada.
       Quando deparo tais proezas para a mídia, recordo-me de Benito Mussolini, empenhado na chamada battaglia del grano (a batalha do trigo), em que o Duce se fez filmar participando, com o dorso nu, da colheita do trigo, na pretensa campanha pela autossuficiência no abastecimento do cereal.
       Essa exposição da figura, como nos dizia o personagem de Sebastião Vasconcelos (ator recentemente falecido)  na novela O Clone, tem a ver mais com a projeção para os nacionais respectivos da imagem de força física do líder, com a qual busca impressionar o seu entorno. Em geral, como no caso em tela, a imagem se não é fabricada, é retocada. Assinale-se, por oportuno, que ao contrário de o que pretende fazer parecer, por ser de baixa estatura, gospodin Putin não impressiona os circunstantes.

 
O repaginado  Lula

       Será decorrência do papel de Lula que lhe seja dado espaço no New York Times. Foi na sua presidência que o Brasil deixou de ser quase um extra no noticiário da grande mídia, e consignar tal entrada na ribalta internacional é ato de justiça.
       Não obstante o que precede, fica difícil de engolir o que se propõe o ex-presidente no artigo ‘A mensagem da juventude do Brasil’ para a página de opinião do New York Times. Estamos decerto de acordo quanto ao fato de que o “PT precisa de profunda renovação”.
       As dificuldades principiam a surgir quando nos detivermos sobre as causas dessa transformação no Partido dos Trabalhadores, de  agremiação de caráter ético e principista (não assinou a Constituição Cidadã, foi contra o Plano Real, combatia a corrupção) para o nédio partido do poder, que embarcou no mensalão e no empreguismo estatal.
       A receita do artigo – recuperar o elo com os movimentos sociais e oferecer novas soluções para novos problemas – francamente não me convence. As passeatas de junho foram  expressão do desconforto extremo da sociedade brasileira com a alienação do governo em todos os seus níveis. O ‘remédio’ que o PT encontrou no passado – transformar em ‘chapa branca’ entidades sociais, antes autênticas, como a UNE – deu no que deu.
       Por isso, reencontrar esse elo perdido com a rua e a sociedade brasileira me parece uma senhora proeza, ainda mais se tivermos presente os doze anos de palácio e de Brasília,  que o Partido dos Trabalhadores já assimilou como segunda natureza.
 

 
Dois pesos e duas medidas

       Já no tempo de Lula presidente, o novel Chefe de Estado boliviano mandara adentrar área ocupada pela Petrobrás, que lá não estava de forma abusiva, mas em decorrência a acordos internacionais.
       O Ministro Celso Amorim, da Defesa, disse ontem que três aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) foram vistoriados pelo governo da Bolívia, no aeroporto de La Paz, em 2011. Um se reporta à aeronave que o transportara em 2011, envolvendo agentes bolivianos de combate ao narcotráfico. Segundo asseverou o Ministro, “foi procedimento abusivo, lamentável e condenável”, acrescentando só ter sabido do caso agora.
      Não pararam por aí as estripulias do governo Evo Morales: incidente similar também ocorreu em outubro com o então comandante da Força Aérea, Brigadeiro Carlos Augusto Amaral Oliveira. Em novembro, o procedimento repetiu-se com uma terceira autoridade brasileira (não especificada).
       Nesse contexto, em dezembro de 2011, Marcel Fortuna Biato, o embaixador brasileiro acreditado junto ao governo Evo Morales, assim se referiu à questão: “Caso persista a execução de tais procedimentos, o Brasil poderá adotar (...) o princípio da reciprocidade”.
        A cautela faz parte da linguagem diplomática, mas de qualquer forma provoca espécie essa postura de extrema moderação.
       A despeito de o Brasil se solidarizar enfaticamente com Evo Morales, após o veto de países europeus ao sobrevoo de seu avião nos respectivos espaços aéreos,  semelha oportuno ressaltar que há dois problemas nas relações bilaterais. O primeiro deles já foi objeto de comentário no blog, e se reporta à negativa por mais de ano à concessão de salvo-conduto para  o senador Roger Pinto, asilado na Embaixada brasileira. Está é uma questão decorrência de idiossincrasia do presidente Morales, em contrariar esta praxe no direito de asilo.
       O outro problema é a manutenção da prisão de alguns torcedores do Corinthians (outros já foram liberados) por causa da morte de um jovem boliviano, pelo uso irresponsável de um sinalizador náutico em jogo de futebol.

 

(Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo, International Herald Tribune )

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