domingo, 14 de julho de 2013

Colcha de Retalhos A 25

                                  
O Tibete em chamas

       O escravizado Tibete, anexado à China em 1959, não é uma exceção, um isolado exemplo de imperialismo de parte de Beijing.  Naquele ano, o Dalai Lama foi forçado a abandonar o seu país, do qual é o soberano, por uma revolta do povo tibetano em seu favor. A duríssima repressão chinesa não inova no capítulo, dada o perene apetite do Império do Meio em apossar-se de territórios limítrofes, que estejam em mãos pacíficas e que não disponham de meios bélicos que mantenham à distância seus cúpidos vizinhos.
      O 14º Dalai Lama (Tenzin Gyatso) é o símbolo da nacionalidade tibetana, ameaçada pelo tacão das tropas chinesas e as correntes da etnia Han, que são as  legiões auxiliares  desse Império. Como no Xinjiang, a oeste, a etnia uighur despeja a raiva irredentista contra as incursões e as injustiças da China que reserva às hordas Han as melhores terras e empregos. Em iteradas rebeliões, a insatisfação da população tibetana tem se valido de variadas formas de expressão (ataques a lojistas e proprietários chineses, desobediência civil, manifestações organizadas pelos monges).
     Prêmio Nobel da Paz, nascido em 1935, o Dalai Lama reside em Dharamsala, no norte da Índia, onde está sediado o governo do  Tibete no exílio. Em virtude da idade, ele delegou o trato das questões administrativas a um substituto. Continua, no entanto, a gerir as principais questões, e notadamente a difícil relação com a potência ocupante. Malgrado a sua índole pacífica – não à toa recebeu o galardão do Nobel – e as tentativas de compor-se com Beijing, desde que se respeitem os direitos dos nacionais tibetanos, o Dalai Lama é objeto de ódio insopitável dos gerarcas chineses, que se empenham em acossá-lo por toda a parte, máxime no que tange a entrevistas com líderes nacionais. Muitos o recebem com as honras devidas  - não obstante as ameaças de Beijing – mas há casos de tibieza, como na África do Sul, em que o presidente Zuma chegou a negar-lhe visto de entrada em seu pais, aonde pretendia visitar o arcebispo anglicano da Cidade do Cabo.. Por sua vez, provocou espécie que em 16 de julho de 2011, o Presidente Barack Obama haja recebido o Dalai Lama no Salão dos Mapas, e não no Salão Oval, o gabinete presidencial reservado aos chefes de estado. A visita do líder tibetano tinha provocado o usual protesto chinês, e Obama semelha ter mudado o local da audiência em função da RPC, o que não ocorrera nas visitas anteriores aos diversos presidentes americanos.
     De forma orwelliana, o governo chinês e as suas autoridades coloniais  proíbem qualquer nacional tibetano  de ter fotos do Dalai Lama.Seu nome tampouco deve ser mencionado em publicações que circulam naquele país, hoje uma província chinesa. Os histéricos dirigentes chineses consideram o chefe espiritual da população tibetana a própria expressão da oposição ao Império do Meio, malgrado todas as suas manifestações em contrário. Como o Dalai Lama é idolatrado pelos tibetanos, esta proibição mostra o quanto a população local abomina a opressão de Beijing. Dada a sua ascendência sobre a totalidade dos nacionais daquele país, essa ridícula determinação pode ser vista como a cabal prova contrario sensu da impotência chinesa nesse particular. 
      No entanto, dada a sua idade – tem 78 anos – fará muita falta ao Tibete, sendo mais do que previsível a ingerência chinesa no processo de identificação do novo Dalai Lama. O mais provável é que qualquer intento chinês de subverter o processo, com vistas a dispor de um dócil e subserviente Dalai Lama levará muito provavelmente os monges tibetanos a recorrerem à escolha secreta do 15º Dalai. Dadas as implicações políticas e a prepotência da autoridade colonial, o processo de reconstituir  nova liderança, em tais condições adversas, não será fácil.       
       O grito pela liberdade do Tibete é expresso de uma forma típica da coragem, aliada ao extremo desapego de sua religião budista.  O protesto tibetano constitui força assaz difícil de combater pela brutal repressão chinesa. Através da arma singela do sacrifício incondicional – talvez nenhuma língua expresse a sua totalidade quanto o francês, ao afirmar que ao praticá-lo o nacional do Tibete paga com a sua pessoa.
       Daí, a dificuldade colocada diante de um poder materialista que deseja sufocar o sopro da liberdade nos páramos tibetanos. Nos últimos dois anos, mais de uma centena de naturais do Tibete se imolaram ateando fogo às vestes. Em artigo da revista New Yorker, Jeffrey  Bartholet descreve o último dia (nesta encarnação, segundo a crença budista, na versão tibetana) de Tse-ring Tashi, de 22 anos. Respeitado cavaleiro, encarregado do rebanho familiar, pediu a sua mãe que lhe cedesse o capote tradicional  do Tibete, a chuba.  Após vesti-lo, agradeceu o convite para almoçar, dizendo que precisava voltar para seu trabalho. Tornou então ao local onde os animais pastavam e pediu aos amigos que deles cuidassem por algum tempo mais. “Tenho que passar na cidade. Lá eu preciso cuidar de uma coisa.” Ninguém lhe perguntou acerca de algo pesado que levava nas dobras da chuba.
       Quando Tashi chegou na praça central de Amchok, tirou o vasilhame do seu manto, encharcou a roupa com gasolina  e se transformou em  tocha. Em instantes, as chamas lhe envolvem o corpo, e ele cai ao chão.  Apesar de estar sendo consumido pelo fogo, logra ainda levantar-se e correr, fugindo da polícia chinesa que vem no seu encalço.  É questão de segundos: Tashi volta a cair. Enquanto pouco mais seja do que pira ardente, e as suas roupas viram cinza,  encontra forças para alçar os braços e juntar as mãos no gesto terminal da oração budista: ‘A sua Santidade o Dalai Lama’.
        Desse desprendimento, em que a vontade da pessoa se sobrepõe à matéria, hoje sacrifício ritual no Tibete em que a efígie da morte não é artifício retórico, há um vídeo de treze segundos, tirado por celular,  que preserva a derradeira expressão da vítima ao elevar os braços na prece final.
        A auto-imolação de Mohamed Bouazizi, o verdureiro que ateou fogo às vestes, e desencadeou a Primavera Árabe, com a queda do ditador Ben Ali, na Tunísia, é o exemplo que vem à mente,  mas que não parece aplicar-se pois tal prática no Tibete é anterior.
       De toda maneira, a repressão chinesa se orienta para tentar ocultar seja o gesto extremo, seja impedir ou limitar-lhe a  repercussão. Como está na sua natureza, acredita poder sepultar pelo número dos esbirros e a intimidação da censura, não só o significado do sacrifício, senão a sua própria realização.
       De um modo bastante diverso da chuba, o manto tibetano, com que o suicida protege o instrumento da própria incineração, será pela força bruta dos home[1] e as ordens expressas da capital imperial, por uma estranha ironia em que se contrapõem, de um lado,  o prévio segredo que se busca manter para que tal desprendimento não seja em vão, e a pesada reação que se empenha em consolidar por meio do silêncio e o desaparecimento dos restos do suicida o sonho libertário imanente no gesto extremo.
       Apesar dos extensos controles da comunicação e as poucas ligações do povo tibetano com o exterior, lá não mais se vive na Idade Média. A cumplicidade onipresente do povo será a silenciosa testemunha de um sacrifício em contínua progressão.
      Se é triste a morte de pessoas como Tse-ring Tashi, ativo na respectiva comunidade, e com 22 anos apenas, a sucessão de mais de cem sacrifícios representa  um clamor  que não se pode calar.
       Muitos dos mortos no Tibete não são inumados. Em determinadas áreas daquele país, seja pela dureza do solo congelado, seja por considerarem os restos mortais de pouca relevância após a partida da alma (a caminho da reencarnação), o funeral se realiza nas montanhas desertas, em que os corpos são abandonados  O costume local prefere o enterro celeste, ao ar livre, para que as aves daquelas ínvias alturas procedam à lúgubre tarefa que nesses baixios exige tanta burocracia e até corrupção, como se viu no João Baptista, o principal campo santo do Rio de Janeiro...


Malala discursa nas Nações Unidas

 
          Vitima de covarde tentativa de assassinato, a jovem paquistanesa Malala Yousafzai, a doze do corrente, dia em que completou dezesseis anos discursou na sala da Assembleia Geral das Nações Unidas. As suas palavras foram dirigidas a mais de quinhentos lideres juvenis, vindos de todo mundo, na presença do Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moun.
          A recuperação de Malala, atingida no cérebro por um taliban, já constitui milagre da ciência, pelas graves lesões que sofreu no atentado. Hoje, recuperada declarou não guardar ódio de quem tentou matá-la por querer estudar. O suspeito assassino, Attah Ullah Khan, de 23 anos, do distrito de Swat, está foragido. Um grupo de suspeitos de envolvimento no atentado foi depois liberado, por falta de provas.
          O discurso de Malala é o testemunho da luta contra o terrorismo. As torpes sentenças do Taliban, buscando intimidar as meninas paquistanesas e condená-las à ignorância e ao atraso falharam com Malala Yousafzai.
          E a sua sobrevivência e recuperação é um sinal de que o preconceito e a estupidez podem ser batidos.


A paralisia do Congresso Americano

 
          Os sinais são muitos de que os partidos – e, notadamente, o GOP -  se estão lixando para o eleitorado e, sobretudo, para o interesse da pátria americana. Quando o sectarismo se torna auto-destrutivo para o interesse da nacionalidade, semelha equivocado relativizar tais reações facciosas, como se fossem apenas reflexo de propósitos partidários. Na verdade, elas se afiguram sintomas bastante mais graves, eis que refletem o dilaceramento do tecido social. Se se vai demonizar tudo, alguma coisa está podre no reino da Dinamarca.
           O fator principal dessa confrontação reside na divisão existente no Congresso, em que o Senado Federal permanece sob domínio de maioria democrata (posto que a timidez regimental tem reduzido muito o poder do Senado, sobretudo em convalidar os atos de nomeação do Executivo, também ocupado por um democrata) e a Câmara de Representantes, graças em parte ao extenso gerrymandering post/2012, continua com maioria republicana, posto que a radical bancada do Tea Party haja sido diminuída.
          O acordo estabelecido para a lei de imigração – possibilitado pelo trabalho preparatório de comissão informal de senadores, a chamada Gang dos oito, em que sobressaíram, de parte do GOP, os Senadores Marco Rubio (Fl.-Rep) e John McCain (Ar/Rep), e do Partido Democrata, Charles Schumer (NY/Dem) – levou a um resultado inédito que foi a aprovação do projeto de lei da reforma imigratória pelo Senado.
          Rubio, que é um pré-candidato à Presidência da República em 2016, tinha óbvio interesse em patrocinar uma reforma da imigração.  O projeto do Senado, trazendo cerca de onze milhões de imigrantes para a legalidade, tem outras qualidades, embora a sua aprovação fosse condicionada a pesadas verbas para a fiscalização nas fronteiras.
          Diante da radicalização na política, mesmo com o selo do GOP, a reforma imigratória corre grande risco de ser arquivada pela Câmara, cujo Speaker John Boehner, dentro do usual antagonismo prevalente em seus comandados, não se mostra demasiado propenso em viabilizar a aprovação da referida lei, por mais que ela consulte ao interesse estadunidense. A ênfase no capítulo está claramente em denegar ao Presidente Barack Obama a oportunidade de sancionar legislação de tal importância.
         De resto, há um atraso considerável (backlog) do Congresso para a aprovação de instrumentos de claro interesse nacional: a lei agrícola (farm bill); os prazos de vencimento do poder do governo de gastar (30 de setembro) e poucos dias depois o teto fiscal para contrair dívidas. Além disso, o Serviço dos Correios perde a cada dia milhões de dólares porque a Câmara se recusa a tramitar medida destinada a remediar a situação.
         Conquanto o jogo de empurra seja a regra, e por mais que os deputados republicanos tentem responsabilizar o Senado, em muitos aspectos a responsabilidade pela inação congressual (e as consequências negativas) cai sobre a Casa de Representantes, sobretudo no que concerne à nova legislação para a Agricultura, e uma reestruturação do serviço postal (ambos os projetos, aprovados pelo Senado, jazem na Câmara). Por isso, diante de tentativa de maquiar as responsabilidades de deputado republicano de Arkansas, Tim Griffin,  o Secretário de Agricultura Tom Vilsack, por força das circunstâncias, declarou: ‘Com todo o devido respeito para quem deseja escamotear a responsabilidade, essa responsabilidade no caso é evidente’.

 

A corrida  à  Bolsa Família

          Segundo a cobertura da Folha, as reações indignadas dos altos gerarcas petistas, no que concerne à corrida de milhares de beneficiários da bolsa família, nos dia dezoito e dezenove de maio p.p.,  ora surgem como autêntica opera buffa, à luz das conclusões do inquérito da Polícia Federal. Com efeito, a P.F. jogou balde de água fria na orquestrada indignação: não houve crime em onda de boatos, nem muito menos ação orquestrada.
          Pérolas das declarações, a começar pelo líder máximo: ‘O Brasil tem milhões de pessoas boas, decentes, honestas.  E (...) tem gente que veio ao mundo para fazer o mal’ (Lula da Silva); ‘É absurdamente desumano o autor desse boato. E é criminoso também (Presidenta Dilma); ‘Boatos sobre fim do Bolsa Família  devem ser da central de notícias da oposição’ ( Maria do Rosario - Secretária de Direitos Humanos); e ‘Evidentemente houve uma ação de muita sintonia em muitos pontos do território nacional, o que pode ensejar a avaliação de que alguém quis fazer isso deliberadamente, planejadamente, articuladamente’ (José Eduardo Cardozo – Ministro da Justiça).
          E a verdade ? Faz muito sentido o que disse o Senador Aloysio Nunes (PSDB): ‘Logo depois da corrida aos caixas eletrônicos, ficou evidente a culpa de Jorge Hereda (presidente da Caixa), e de sua diretoria (...) ‘Eles mesmo confessaram que, ao alterar a rotina estabelecida para o pagamento, sem comunicação prévia, fizeram essas pessoas de cobaia para uma experimentação e, com isso, provocaram os tumultos’.
        A Secretária Maria do Rosário, a mais incisiva em culpar a oposição (o Ministro Cardozo foi um pouquinho mais cauteloso, mas também andou perto) disse que não se manifestaria (acerca do resultado do inquérito). Provavelmente, no entanto vai ter de ocupar-se um pouco mais de sua sanha acusatória. Em nome da oposição, o líder do DEM na Câmara ingressará com representação contra Rosário na Comissão de Etica Pública do Planalto, por ter ela responsabilizado adversários políticos do governo pelos boatos sobre o fim do programa . 
         Não creio que desse mato saia algum coelho. De qualquer forma, depois que a P.F. se pronunciou, mesmo os aparelhos mais sensíveis não captaram qualquer palavra, o que contrasta com o parlapatório anterior...

 
Interpelação Criminal ao Ministro Gilberto Carvalho

 
         Caciques da etnia munducuru protocolaram no Superior Tribunal de Justiça (STJ) interpelação criminal contra o Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. A iniciativa se deve a uma acusação inusitada do Ministro, que acusou ‘alguns’ índios de envolvimento com garimpo ilegal de ouro no rio Tapajós. A petição se acha no gabinete do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. O ministro Carvalho ainda não foi notificado.
        Os munducuru são residentes em áreas afetadas por hidrelétricas nos rios Tapajós e Teles Pires, que são distante do Xingu. Eles invadiram Belo Monte para pedir a suspensão de estudos para instalação de usinas em seus territórios e a realização de consultas prévias.
         O teor duro da nota de Carvalho surpreendeu, porque contrasta com a orientação dos governos petistas que têm evitado a criminalização dos movimentos sociais.
           A preocupação indígena também se deve ao fato de terem flagrado um participante recém-integrado gravando reunião do grupo com uma caneta-espiã. Pressionado, o rapaz confessou haver sido contratado (sic) pelo consórcio construtor para colher informações que seriam repassadas à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Formalmente questionado, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República negou a infiltração...
 

Homenagem a um Justo

              Na galeria dos heróis dos corpos diplomático e consular, nos tempos sombrios da perseguição nazista aos judeus,  reponta agora Aristides de Sousa Mendes, que era o cônsul português em Bordeaux, quando a França foi derrotada pela Alemanha hitlerista. Com o regime filo-fascista do Marechal Pétain, com a capital em Vichy, metade da França foi ocupada e a caça aos exilados estrangeiros e aos judeus foi desencadeada.
              O próprio embaixador Luis de Souza Dantas, de quem no começo de minha carreira colhi no prédio de 45, avenue Montaigne, ecos de sua longa estada em Paris[2], teve de deslocar-se para Vichy, a capital do governo do Marechal. Souza Dantas foi outro que concedeu vistos para salvar os perseguidos pelo Reich.
               Somente muitos anos após a sua contribuição heroica, Aristides Mendes tem recebido testemunhos de gratidão, tantos dos sobreviventes daqueles trinta mil vistos concedidos, quanto de descendentes dos que escaparam do ódio nazista.
                Contra as ordens expressas de seu governo – o Primeiro Ministro português era o neutro Antonio de Oliveira Salazar que, enquanto filo-fascista era contra a concessão por atacado desse tipo de visto humanitário.  A ação de Sousa Mendes não se cingiu à concessão direta, mas também logrou que outros funcionários consulares portugueses atendessem aos apelos daquela gente. No caso, o visto em passaporte nada tinha de pormenor burocrático. Tê-lo ou não, naquela hora de triunfo das hordas nazistas significava, na maioria dos casos, a salvação ou o desaparecimento nos campos de concentração.  Por não dispor de um, Walter Benjamin suicidou-se na fronteira da Espanha.
                 Quando a extensão da ação empreendida pelo cônsul Aristides Mendes foi conhecida pelo governo salazarista, ele foi destituído do posto e removido para Lisboa. Lá seria julgado e exonerado do corpo diplomático-consular, com o requinte de não fazer jus a qualquer estipêndio ou aposentadoria.
                 O católico Aristides de Souza Mendes, conquanto proprietário de um palacete na sua vila natal, morreria em 1954, destituído de quaisquer recursos, com as agruras enfrentadas pela mulher e os quinze filhos. Só nos anos oitenta, depois da revolução dos cravos, o governo lusitano reabilitou a Souza Mendes, com pedido de escusas à família, e a promoção póstuma a Embaixador.
                 Despertou espécie, no entanto, que o dito casarão, perdido para saldar as dívidas dos credores, não foi restaurado – está em ruínas, com o teto caído. Agora com a fundação Sousa Mendes estabelecida, e a vinda crescente de visitantes estrangeiros em decorrência da benemerência do Cônsul de Bordeaux, o atual ministério atribuíu dotação de trezentos mil euros para reparar o teto. Essa reparação não seria só material, mas implicaria na criação de um museu que preserve a memória deste justo em tempos escuros.

 

( Fontes: The New Yorker,24 de junho de 2013, artigo de Ryan Lizza. e de  8 de julho de 2013, artigo de Jeffrey Bartholet, Em chamas (Aflame);  CNN; International Herald Tribune; Folha de S. Paulo )



[1] A resistência revolucionária assim se referia ao pessoal da repressão do regime militar brasileiro.
[2] Souza Dantas, cerca de vinte anos após a sua presença como Embaixador, ainda despertava ciumadas de chers collègues, que ressentiam o seu trânsito junto ao governo e sociedade francesa.
 

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