sábado, 30 de março de 2013

Pílulas Amargas

                                              

Nesse governo, os mocinhos perdem
 
        Será sempre devastadora a mensagem de que a justa causa não há de prevalecer no final. Nos filmes antigos uma geração se acostumou a esperar, confiante, pela vitória do bem. E, malgrado as peripécias e os obstáculos no caminho, a sua expectativa não seria jamais afrontada. A despeito de tudo e de todos, o bem vencia.
         As pessoas saíam do cinema na reconfortante companhia de inebriante sensação, a de que nesse mundo a justiça pode prevalecer, por mais fortes e apadrinhados que os seus inimigos possam ser. Tais impressões da juventude não são tão fugazes quanto os céticos almejam fazê-las parecer. As mentes jovens abraçam o belo e o promissor com abandono, porque é bom redescobrir em um mundo marcado por cega e estúpida crueldade a indelével marca de que a causa justa não há de desfazer-se a exemplo de  fábulas da terra-do-faz-de-conta.
        Veja ilustre passageiro desse bonde que não  circula mais a não ser na frágil memória de geração que, se não vai se despedindo, se aferra, a custo, aos atropelos do dia-a-dia. É uma nota de primeira página, e se me permitem, vou transcrevê-la nas suas entrecortadas frases, que contam, com um golpe atrás do outro, uma estória que deixará em muitos o acerbo travo de um estranho desfecho:

       ‘Derrota do Verde – IPHAN PRESERVA INVASÕES NO JARDIM BOTÂNICO  Estudo sobre tombamento da área diz que 316 famílias podem ficar onde estão. Na queda de braço com os defensores das ocupações e com o Ministério do Meio Ambiente, Liszt Vieira, diretor do parque perde a batalha e o cargo’
       O parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) defende que 316 famílias invasoras permaneçam no local. Tal conclusão vai contra a proposta da direção do Jardim Botânico, que durante trinta anos pede a transferência dos invasores para a ampliação de sua área de pesquisa e do espaço aberto à visitação.
      Apesar de defender a boa causa, o presidente Liszt Vieira será exonerado.
      Será para isso que se demarcou o espaço do Jardim Botânico e que o Principe-Regente plantou a sua palmeira imperial, que por mais de um século se ergueu no gesto de quem agradece ao Criador pela generosa extensão aberta a tantas espécies conhecidas ou não.
       É deveras estranho este caso. O raio parte de quem deveria preservar esse ambiente. Que é suposto ser público e, ainda por cima, botânico.  
 

A  Democracia é Pedra no Caminho de Yanukovitch ?

 
      Artigo de John Herbst, ex-embaixador dos EUA em Kiev, apresenta a situação ucraniana e a opção do presidente Viktor Yanukovitch.  A conclusão e a firma de acordo de livre comércio entre a União Européia e a Ucrânia estaria no interesse de Kiev, ao abrir o mercado da U.E. para os bens e serviços desse país do Leste Europeu.
        No entanto, a relutância até hoje demonstrada por Yanukovitch no que tange à condição política para a firma de tal instrumento colocam pesadas dúvidas sobre a efetiva vontade de pagar o preço pelo desenvolvimento de intercâmbio e o consequente progresso da economia ucraniana.
        A criação de reais condições de império da democracia na Ucrânia desenvolveria a economia naquele país diante da consequente abertura do comércio, seja no desenvolvimento das exportações ucranianas, seja através do ingresso de meios e produtos da União Européia, com a resultante elevação do nível de vida naquele país.
        Viktor Yanukovitch, no entanto, através da judicialização da política, com dóceis juízes empilha processos iníquos contra a líder da oposição, Yulia Timoshenko, detida desde agosto de 2011, e hoje consignada num cárcere hospitalar em Kharkhov. A par disso, o ditador-presidente também encerrou em masmorra desde dezembro de 2010, a Yuri Lutsenko, outro prócer oposicionista.
         A mão de ferro do ditador Yanukovitch – a quem os trapos de esgarçada prática democrática não dissimulam os pendores autoritários -  reapareceu nas eleições parlamentares do outuno passado. Dessarte, não será com punhos de renda nem outras mesuras, como a aceitação de vagas promessas de reformas democráticas que se deverá permitir o livre comércio com a U.E.
         Somente com a incondicional liberação da Timoshenko, de Lutsenko e de todos os políticos oposicionistas presos, além da supressão de todas as práticas anti-democráticas hoje vigentes  - em que cortes judiciais e administrativas fazem o trabalho sujo do partido de Yanukovitch – é que se afigura possível a relibertação da Ucrânia, e a criação de condições de eleições limpas e imparciais, em que os vencedores sejam empossados e não afastados por cínicas manobras judiciais e administrativas puxadas pelos cordéis de Yanukovitch e seus múltiplos asseclas.
        Para a prosperidade da Ucrânia existe diante do tirano Viktor Yanukovitch a pedra no caminho das eleições livres, em que a oposição da Timoshenko e o partido governamental participem em igualdade de condições.  Para que o ditador-presidente se decida a cruzar o Rubicon da Democracia, nos muros de seu palácio deverá estar escrita a alternativa: Ou democracia com prosperidade, ou ditadura com os grilhões da pobreza.
 

 
( Fontes:  O Globo;  International Herald Tribune ) 

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