domingo, 17 de março de 2013

Colcha de Retalhos A 11

                                         

Então, a  Faxina  não era pra valer ?

          O  Ministério do Trabalho volta à estaca zero. Como Brizola Neto viera substituir Carlos Lupi por motivos éticos, o retorno do chefe da legenda – mesmo que por interposta pessoa -  manda mensagem muito dúbia no que tange à tão apregoada faxina da Dilma.
         É público e notório que o designado, Manoel Dias, secretário-geral do PDT, está ligado ao presidente do partido, Carlos Lupi. Depois de uma passagem medíocre pelo ministério, Brizola Neto se vê afastado.
         Quem manda hoje no antigo partido de Lionel Brizola é Carlos Lupi. De uma forma sutil, o novo ministro vem representar aquele que, após denodada resistência, saíra escorraçado da ministrança.
         Que significado dar a tal mudança – que, em essência, é um recuo ? Ao trazer de volta o que antes tentara repudiar, Dilma mostra o que na verdade pesa. Ao soar a campaínha da campanha eleitoral, não há mais lugar para firulas éticas.
 

O Inchado  Ministério  Dílmico

            Jorge Gerdau pode dizer o que ministros da Presidenta jamais ousariam verbalizar. Tampouco o Presidente da Câmara de Políticas de gestão diz algo além do óbvio.
            Sem embargo, não é fora de propósito que alguém venha a declarar o que os demais integrantes do governo preferem calar, seja por interesse, seja por temor.
            Na verdade, o Ministério, mais do que uma burrice, por ser um erro garrafal é sobretudo constrangedora construção. Pelo que implica de falta de visão, de atraso, de subdesenvolvimento intelectual e político, enfim.

 
Papa  Francisco

             A princípio, o novo Pontífice, pela simplicidade, nos recordou da personalidade de João XXIII. Mas quem seria o Papa do Concílio foi uma boa nova que se foi desvelando aos poucos.
              Por sua vez, Papa Francisco nos promete muitas coisas – a Igreja dos pobres e para os pobres, reforma da Cúria, clausura para cardeal – e tem singela e contagiosa simpatia, que pode às vezes ser confundida com populismo.
             Ao ver tantas boas intenções expressas, e diante de não poucos interesses contrariados, o meu apoio decerto não diminui, mas me surge pressaga a figura de outra grande promessa, a que sucederia o longo inverno de um empenhado e autêntico conservador.
            As múltiplas declarações do primeiro Pontífice argentino me recordam também de um outro Santo Padre – que igualmente assumiu nome inédito. Refiro-me a Albino Luciani, o Papa do Sorriso, que nos trouxe a esperança, mal disfarçada em inúmeras assertivas nas suas poucas homilias. Com efeito, a sua permanência no sólio pontifício iria de 26 de agosto a 28 de setembro de 1978, trinta e um dias de presença subitamente interrompida.
            A figura de João Paulo I é importante, sobretudo pelo seu aceno a uma outra realidade. Por ora, no entanto, Papa Francisco deveria tê-lo presente máxime em seus pensamentos, pela relevância de suas intenções.
             As providências devem ser tomadas, mas não antecipadas em múltiplos anúncios. A prudência de Papa João – que guardava o segredo da revelação das decisões polêmicas até a hora ‘h’, como o foi a convocação do Concilio Vaticano II na Basílica de São Paulo Fuori le Mura – é uma lição a não ser enjeitada.

 

(Fontes:  Folha de S. Paulo,  O Globo,  Annuario Pontificio )

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