domingo, 16 de outubro de 2011

Colcha de Retalhos XCIV

                             

Agora Denúncias sobre Ministro do Esporte

        A Revista Veja desta semana publica reportagem sob o título ‘O Ministro Recebia Dinheiro na Garagem’ em que militante do PCdoB acusa Orlando Silva de montar esquema de corrupção e receber propina nas dependências do Ministério do Esporte.
        Se porventura venham a ser confirmadas as denúncias, o esquema alegadamente adotado pelo Ministério do Esporte utilizava ONGs (a exemplo do Ministério do Turismo) para desviar dinheiro público. O aludido esquema já teria oito anos de duração, datando, portanto, do governo Lula da Silva.
       Ontem, o Jornal Nacional da Rede Globo, e hoje a Folha de S. Paulo se referem à nova denúncia da revista Veja. No noticiário de ontem, ouvido a respeito, o Ministro Orlando Silva desmentiu as acusações, dizendo-se pronto a tomar as ações cabíveis para estabelecer a verdade dos fatos.
      Como se sabe, a chamada faxina do governo Dilma Rousseff se originou de ‘malfeitos’ no Ministério dos Transportes e no DNIT.  Nesse contexto específico e até o presente, quatro ministros de estado foram demitidos: Antonio Palocci, da Casa Civil (denúncia da Folha de S.Paulo), Alfredo Nascimento, do Ministério dos Transportes (denúncia de Veja), Wagner Rossi, do Ministério da Agricultura (denúncia de Veja), e Pedro Novais, do Ministério do Turismo (denúncia da Folha).


Campanha contra a Corrupção

      Brasília surpreendeu uma vez mais, com o vulto da manifestação popular, organizada através da internet, contra a corrupção.
      Se entre os descontentes ex-officio, houve gente que torceu o nariz, reputando como insatisfatório o número de manifestantes (20 mil), o conselho que se pode dar aos partícipes é o de irem em frente, porque esse tipo de eterno crítico sempre existirá. Com efeito, se nos movimentos da história quem protesta fosse dar tento a esses céticos, as reformas e as revoluções jamais ocorreriam.
      Foi de  ação popular, coordenada pela sociedade civil e a Igreja Católica que surgiu o projeto chamado da Ficha Limpa. Aprovada por unanimidade pelo Congresso, a Lei da Ficha-Limpa, colocada no limbo por voto de desempate do Ministro Luiz Fux, ela voltou a constar da lista mínima de principais reivindicações da luta contra a corrupção.
     A corrupção, essa hidra responsável pela sangria dos cofres públicos e talvez a maior inimiga do projeto nacional brasileiro, vem sendo combatida em diversas manifestações, como as de Brasília.
     É importante que a pressão popular não só continue, mas se reforce, trazendo no bojo tanto o não estentórico à corrupção, quanto a seus multiplos disfarces, como o do voto secreto no Congresso, que só aproveita aos corruptos e aos seus defensores corporativistas.
       Voto secreto é remanescente da ditadura, quando a resistência no Congresso dele se servia para lutar contra o tacão militar. Hoje não tem qualquer sentido, a não ser o de acobertar os que infringem o decoro parlamentar e a súcia que pensa protegê-los.


Aos indignados na Europa, o devido respeito.

      A manifestação de ontem na Cidade Eterna acabou mal, mas não por culpa dos indignados. Ela foi desvirtuada pela ação violenta do movimento anarquista, terminando com incêndios e danos a prédios públicos, o que não era decerto o propósito da esmagadora maioria dos manifestantes.
     Ontem, pelo voto da Camara dos Deputados, o gabinete Silvio Berlusconi logrou angariar um precário voto de confiança, e por mínima diferença. Tal se deve não às qualidades do governo de direita de Berlusconi, mas à presente falta de válidas alternativas à administração atual.
     A esquerda italiana carece de montar um  programa alternativo  que substitua o gasto modelo através do qual sobrevive o gabinete Berlusconi. Não será com as hesitações de gabinetes passados que surgirá na Itália uma alternativa convincente à demagogia característica do já longo predomínio de Silvio Berlusconi.
 

Mais Assistencialismo do que Investimento

     O governo Lula da Silva, do PT, não inventou o assistencialismo. Muito dos atuais mega-planos assistenciais decorrem de programas do governo FHC. O incremento de tais programas, no entanto, se tornou determinante, a partir de 2003, como já tem sido amiúde assinalado.
     Segundo reporta O Globo, o governo federal gastou, em 2010, 17% do Orçamento com transferências de dinheiro à população de baixa renda ou  desempregada. Foram R$ 114 bilhões repassados diretamente às mãos de 31,8 milhões de pessoas.
    Isto é mais do que o dobro de todo o investimento da União somado – R$ 44,6 bilhões, incluindo construção de estradas e obras de infraestrutura.
    Consoante o economista Raul Velloso, o governo gasta demais e deixa à míngua a rubrica de investimentos. Repassa dinheiro  a quem não está na base da pirâmide (e não precisaria de ajuda governamental). É importante assinalar que a crítica não se dirige ao Bolsa Família, mas a benefícios como o  de Prestação Continuada (BPC), que pagam um salário mínimo mensal.Assim, malgrado atendam a menos pessoas, têm orçamento maior do que o Bolsa Família.
    Por outro lado, o economista considera insustentável  o sistema de reajuste do salário mínimo adotado no governo Lula, que atrelou o índice não só à reposição da inflação, mas ao crescimento do PIB.
    Para mostrar a grave inversão no emprego de recursos, a fatia do Orçamento dedicada a investimentos caíu de 16% em 1987, para 6,8% % em  2010.
    Essa conjunção política – substanciais aumentos do salário mínimo, com reflexos na economia pelo seu caráter de índice, a par do desequilíbrio entre as transferências em espécie e os investimentos – implica em comprometer o futuro no que tange a crescimento e emprego.
   Estamos vendo os resultados dessa anti-política no descalabro de nossas rodovias, na infraestrutura portuária e aeroportuária, e nas gritantes deficiências do saneamento básico. De que serve esta carga do impostômetro, com tais discrepâncias e o soturno acréscimo de o que é sorvido pelo ralo da corrupção ?



( Fontes:  Veja, Folha de S. Paulo, O Globo )

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