terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Lentíssimo Progresso do Metrô Carioca

Ontem foi inaugurada a estação de Ipanema do metrô carioca, em clima de festa, com a presença do Presidente Lula e do Governador Sérgio Cabral. Havia inefável atmosfera eleitoral nas festividades, que incluíram viagem de Suas Excelências da nova estação General Osório até o Maracanã. Foi ali também inaugurada a nova linha Pavuna – Botafogo, sem a baldeação no Estácio.
Por ora, a utilização pelo público desta linha direta ficará restrita a horários especiais, até pelo menos meados de fevereiro. Não foge, portanto, essa extensão dos serviços às características das inaugurações oficiais em nossa terra: embora não exatamente para inglês ver, por contingências de prazo, elas não costumam ser completas e, por conseguinte, o usuário se vê obrigado a esperar mais tempo até que realmente o serviço se normalize.
Enquanto o bairro de Ipanema se apresta a verificar se a linha do metrô corresponde a um benefício pleno, ou se a facilidade da comunicação lhe aumentará os problemas de segurança, gostaria de pedir a atenção do leitor para a extrema lentidão da construção desta já não tão moderna modalidade de transporte de massas no Rio de Janeiro.
O inicio das atividades do metrô datam de quarenta anos atrás e, não obstante, as suas duas linhas se estendem da Pavuna até pouco além de Copacabana, na praça General Osório, que é uma das extremidades de Ipanema.
Verifica-se, dessarte, a morosidade do avanço da linha para a zona sul. Depois do intervalo dos dois períodos de Brizola como governador, em que não houve, por contingências políticas, obras do metrô, a retomada da construção prosseguiu a passos de cágado. Grosso modo, uma nova estação seria inaugurada ao cabo do quatriênio de cada governador.
Somente em período eleitoral, se descortina para o carioca o cenário de uma rede de transporte subterrâneo de maior motivação. Pena é que as ‘verdades’ transmitidas pelos loquazes candidatos no horário eleitoral não encontrariam qualquer correspondência na realidade do quatriênio seguinte, todos eles de resto irmanados na sua infinita capacidade criadora de reinos da fantasia.
A falta de uma quilometragem que efetivamente atenda às necessidades de transporte de uma cidade como o Rio de Janeiro terá pesado contra na balança do julgamento olímpico em Copenhague. Por circunstâncias várias, de todos conhecidas, tal relativa lacuna não impediu que a velha capital fosse distinguida para os jogos de 2016.
Como lamentavelmente a presteza nas obras públicas só tende a acentuar-se sob o látego do estrangeiro, auguramos que as pressões do Comitê Olímpico tenham a vantagem colateral para o usuário carioca de proporcionar-lhe uma progressão não mais aritmética e sim geométrica nas linhas do metrô . Que cresçam não só em amplitude, senão em maior capilaridade, contribuindo para autêntica integração da circulação, que, no Rio de Janeiro, por sua conformação montanhosa, se esgueira por tantos desfiladeiros.
Ultrapassada a longínqua fase inaugurada pelo último grande prefeito carioca – Carlos Lacerda - apreciaríamos poder saudar no futuro o seu sucessor – em termos de realizações – na pessoa de quem traga a Barra da Tijuca e a Zona Oeste para o eficiente abraço – que há tanto se faz esperar – da rede de metrô.
Se no campo da modernização dos transportes, Rio 2016 tiver efeito similar ao produzido em Atenas, por ocasião das Olimpíadas de 2004, já a população carioca poderá guardar boa memória do marco olímpico.

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