domingo, 13 de dezembro de 2009

Colcha de Retalhos XXIX

Eleições no Chile

O fato novo nas eleições chilenas é que, por primeira vez, desde o restabelecimento da democracia, no início dos anos noventa, a direita tem chance real de eleger o presidente. Sebastián Piñera já disputara o segundo turno com Michelle Bachelet em 2006, porém nunca antes as pesquisas populares têm indicado por tanto tempo com tanta consistência e estabilidade a substancial vantagem do candidato da coalizão de centro-direita.
Com efeito, são os seguintes os índices dos três principais candidatos: Piñera, 44,1%; Eduardo Frei (concertação de centro esquerda), 31 %, e Marco Enríquez-Ominami ( Nova Maioria para o Chile, centro-esquerda), 17,7%.
Como a atual Presidente Michelle Bachelet, depois de um início de mandato difícil, cresceu nas pesquisas, e hoje goza de boa aceitação, o problema do candidato da concertação de centro-esquerda está mais no próprio desempenho junto ao eleitorado. Frei, que já foi presidente na década de noventa, não tem sabido estabelecer um diálogo com o público. Isso explica, de resto, o surgimento de Enríquez-Ominami, um político jovem, que, a despeito de não ter base partidária sólida, vem tirando muitos votos do candidato da Concertación.
É claro que ganhar o primeiro turno não garante a vitória no segundo. Especula-se que Enríquez-Ominami seria adversário mais perigoso para Sebastián Piñera do que Eduardo Frei. No entanto, descontada eventual surpresa, a diferença entre o candidato da Concertação e o dissidente Enríquez-Ominami aumentou, tornando o embate Piñera-Frei aquele mais provável no segundo turno.
Como a soma dos candidatos de esquerda, incluído Jorge Arrate, com 7,2%, é majoritária, Eduardo Frei tem condições de reverter o resultado. Por enquanto, contudo, a vantagem aparente no turno decisivo se afigura estar com o representante da direita.

Desaponto com o PIB do Terceiro Trimestre.

Segundo os dados fornecidos pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2009 mostra que o país se recupera do choque da crise financeira internacional em um ritmo mais lento de o que se imaginava.
No dia anterior, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, prognosticara aumento de 2%. Assim, com o incremento de 1,3%, o governo abandonou a projeção de crescimento de 1% para 2009. Nesse sentido, o PIB deve ter variação perto de zero.
Apesar de que Mantega haja minimizado o significado da pífia elevação, comparando-a inclusive com o 0,4% da União Europeia, o fato é que o desempenho do Brasil, se comparado aos emergentes, deixa bastante a desejar. Além do total registrado pela China (em torno de 8%), fomos igualmente ultrapassados por Taiwan (7,3%), Coreia do Sul (3,2%) e México (2,9%). Fomos superiores apenas a Chile (1,1%) e Venezuela (0,2%).
Dentre os especialistas, há consenso sobre a causa precípua da má performance da economia brasileira: é o baixo nível de investimento governamental. Não será através do assistencialismo e da inchação dos gastos correntes que se criam condições para a recuperação econômica. Os decepcionantes níveis na inversão pública vem sendo assinalados e reiterados por diversos observadores econômicos.
Com o viés neopopulista do Governo Lula, que ignora grandes injeções de fundos nas áreas em que a participação do Estado é fundamental, não há de surpreender portanto os 1,3 % registrados no trimestre pelo IBGE.

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