segunda-feira, 27 de julho de 2009

Colcha de Retalhos XV

As limitações da Superpotência

Em sua recente tournée por ex-repúblicas soviéticas, o Vice-Presidente Joe Biden visitou a Georgia. Recebido pelo Presidente Mikheil Saakashvili, pôde presenciar a ‘ressurreição’ do líder georgiano, que havia sido dado como um ‘cadáver político’. Com efeito, ao lançar o seu exército em agosto de 2008 contra a capital separatista Tskhinvali, da Ossetia do Sul, Saakashvili provocou a intervenção russa, e a fulminante derrota de suas tropas. Do episódio, restou a perda para a Georgia das regiões da Ossetia do Sul e da Abkhazia.
O fato consumado do reconhecimento de Moscou às duas repúblicas separatistas veio colocar as relações do Ocidente com a Rússia no nível mais baixo, no pós-fim da Guerra Fria.
Ao precipitar o início do conflito – ocorrido nos dias de abertura dos jogos olímpicos de Beijing – Saakashvili tentara lance arriscado, confiante em eventual apoio estadunidense ao seu intento de dominar a província rebelde. Contava, igualmente, com algum embaraço de Moscou em reagir, sob as luzes da Olimpíada, em defesa de comunidade que lhe solicitava o urgente socorro.
Para sua decepção – e abrupta queda na popularidade – Saakashvili se viu em um inferno astral de própria criação: as limitações de uma presença mais afirmativa dos Estados Unidos ficaram expostas, enquanto o exército russo invadia o território de Geórgia, para dar o respaldo militar à secessão das duas republiquetas.
Pouco importaria se nenhum outro país reconheçesse a Ossetia do Sul e a Abkhazia. As povoações de origem étnica russa dispunham afinal das condições políticas – concedidas pelo urso russo – para assegurarem a respectiva independência factual em relação a Tbilisi, capital da Geórgia.
Mikheil Saakashvili, havido como acabado, foi abandonado inclusive por antigos correligionários, que se posicionaram para uma queda tida como inevitável. Grandes protestos de massa diante do palácio presidencial – do gênero daqueles que determinaram a derrubada do antecessor de Saakashvili, Eduard A. Shevardnadze (ex-ministro do exterior soviético, no governo de Gorbatchev) – se sucediam diariamente.
O Presidente, no entanto, se recusou a renunciar, e em umas tantas semanas o movimento começou a perder força.
A visita do vice-Presidente Joe Biden, a despeito de canhestros intentos iniciais do Presidente de ganhar o apoio americano, acabou contribuindo para selar a recuperação política de Saakashvili. Conseguiu, inclusive, declarações críticas de Biden que estão em dissonância com o relativo degelo nas relações russo-americanas, depois do encontro de Barack Obama e Dmitri Medvedev.
O aporte trazido por Biden chancela, por ora, o ressurgimento de Saakashvili. Não garante, porém, a sua sobrevida pelos restantes quatro anos de mandato. Tal dependerá de seu discernimento político e da evolução das relações da Geórgia com a potência russa que está bem mais perto do que o distante aliado estadunidense.


O desmaio do Presidente Sarkozy e a presença de Carla Bruni.

Enquanto fazia o seu cooper nas cercanias do Palácio de Versailles, o Presidente Nicolas Sarkozy se sentiu mal, sob o calor estival. Ele teria caído, sendo socorrido pela sua escolta. Pouco depois chegava a esposa, Carla Bruni, e, de imediato, foi transportado de helicóptero para o hospital militar de Val-de-Grâce.
Após bateria de exames e a permanência durante a noite para a observação médica, Sarkozy saíu do hospital com o diagnóstico de que teve problema menor no nervo vago, que conecta o cérebro e o coração.
A proximidade de Carla a Sarkozy igualmente se traduz em discreta campanha de dar aparência e atitude mais presidenciais ao marido, não só com trajes de cores mais formais, senão com postura mais discreta, diversa da ubiquidade que lhe assinalara o comportamento nos meses iniciais de seu mandato.
O intento da esposa também possui objetivos mais ambiciosos, ao buscar modificar-lhe os gostos literários e artísticos, tentando elevar suas preferências culturais a autores como Sartre, a diretores como David Lynch, e a filmes como “Laranja Mecânica” e “Gata em Telhado de Zinco Quente”.
Resta saber se o público acreditará na metamorfose do atual ocupante do Palácio do Elysée, que o aproximaria dos antecessores François Mitterrand e Jacques Chirac, e o prepararia para disputar o segundo mandato quinquenal.
(Fonte: International Herald Tribune)

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