O que está acontecendo na Câmara de Deputados, quanto à discussão do projeto de Código Florestal, repete de certa forma a frase famosa, gritada na guerra civil espanhola, por energúmeno fascista ‘Viva la muerte !’.
Em termos florestais, o desmate constitui a símile escrachada do que a morte significa no reino animal.
Abater, cortar, queimar árvores e mata é preparar não só o desaparecimento da hiléia amazônica, mas também apressar o geral processo de savanização e empobrecimento.
Com o código do senhor Rebelo, a frente ruralista logra desvencilhar-se de legislação voltada para a preservação ecológica. É o seu sonho que não tardará em transformar-se em pesadelo para o Brasil.
O Governo Lula alimentou esse antiprojeto pelas demagógicas suspensões da multa aplicada aos desmatadores. Com míopes vistas de oportunismo eleitoreiro, se acreditou possível tornar compatíveis afirmação e negação, como se observou igualmente na chamada M.P. da Grilagem.
Se o aleijume do senhor Rebelo prosseguir na sua marcha apocalíptica, o Brasil assistirá incrédulo e atônito a substituição do Código Florestal por um do deflorestamento.
Com a exceção de Marina Silva, Zequinha Sarney e Carlos Minc, não servirá de muito trazer para a Câmara nesta undécima hora o testemunho de ex-Ministros do Meio Ambiente, antigos figurões, hoje sem voto.
Enquanto os líderes do PMDB mostram, pelas próprias atitudes, quão certo está o Senador Jarbas Vasconcellos, no seu juízo do próprio partido, deparamos, com preocupação, essa virtual apologia da morte vegetal que implica o anti-Código, costurado pelo senhor Rebelo, sob encomenda da Frente Ruralista.
Que maioria governamental é essa que se fragmenta e se esfarela diante dos esquadrões do desmate e da negação de tudo o que o Brasil ainda detém em matéria de recursos naturais ?
O Governo Dilma Rousseff traça, neste melancólico episódio, a rota que preparou com a sua falta de planejamento, alimentada pela desatenção quanto à cultura ambientalista.
Ao invés da série de recuos com que vai marcando para o adversário a fraqueza e a falta de coordenação de seus defensores, esse governo ora pensa amendrontar com a ameaça do veto a malta assanhada por ventos e alianças oportunistas.
Nunca o saber popular se vê confirmado de modo tão humilhante. De que servem esses números inchados, se não se teve sequer o cuidado de manter sentinelas avançadas, nem o tino de abafar no seu longo caminho esse estentórico viva o desmate.
Não se soube mostrar para a sociedade o que traria para o Brasil esse anti-código. Quem tem a verdade do seu lado, não deve escanteá-la, nem tolerar que demagogos e seus arautos na mídia venham desvirtuá-la.
Depois de dormir por tanto tempo, será que o governo, falto de tropas e de meios, se acredita ainda capaz de intimidar e desbaratar gente assanhada pelo ganho de perdição que pensam já estar ao próprio alcance ?
terça-feira, 24 de maio de 2011
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