Da denúncia da Folha de São Paulo mal entramos na segunda semana. No entanto, já parece ao observador que a crise provocada toma contornos diversos. Ter-se-ía a impressão de que transcorreu mais tempo do que o marcado pelo calendário.
De um lado, se depara o enrijecimento da postura do governo Dilma Rousseff.
A par de declarar que ‘o assunto está encerrado’, há tentativa de blindar o Ministro-Chefe da Casa Civil. Na Câmara, frustra-se a atividade das comissões, além de traçar-se a divisória entre situação e oposição, no que tange às assinaturas de requerimento de convocação de uma CPI.
Dessarte, a Presidente Dilma Rousseff apoia de forma incondicional seu auxiliar de confiança, diante das ameaças colocadas à sua posição. Entrevista-se, inclusive, com Franklin Martins, ex-Ministro da Comunicação Social de seu antecessor, e providências são tomadas de acordo com as suas prováveis sugestões.
A maioria, por inchada que seja, e sem costura ideológica sólida, passa pela prova da primeira semana. O trabalho dos líderes governamentais ora se volta para a segunda, com o reiterado intuito de evitar, seja a convocação do Ministro Antonio Palocci, seja a aquiescência, por número regimental, da formação de comissão parlamentar de inquérito.
Sem embargo, a questão Palocci não mais se confina ao Congresso. O Procurador-geral do Ministério Público, Roberto Gurgel, pediu esclarecimentos ao Ministro, incluindo na lista de quesitos informações sobre os clientes da Projeto, a firma de consultoria de Palocci.
O Chefe da Casa Civil de Dilma, que dispõe de prazo de quinze dias, prometeu a sua resposta para esta semana. Tal desenvolvimento introduz no panorama da crise, mais uma potencial frente. Nesse contexto, se as explicações do Ministro Palocci satisfizerem o Procurador-Geral, se dissipam os temores da abertura de inquérito.
Assim, a blindagem no Congresso pode continuar, mas os esforços da Administração não perderão de vista as incógnitas dessa eventual segunda frente, em área que não lhe está adstrita.
Desde já, se assinale a importância da reação do Ministério Público aos esclarecimentos a serem apresentados pelo Ministro-Chefe da Casa Civil. Se as incursões da oposição tampouco lograrem êxito nesta semana, só lhes restará esperar dos desenvolvimentos da questão no âmbito da Procuradoria-Geral.
Se tais alvitres forem corroborados, entra-se em compasso de espera. Enquanto a administração se prepara para o assédio, imprensa e sobretudo oposição buscam lançar mais lenha na fogueira.
A paralisia do governo, e ainda mais em seu primeiro semestre, pode algariar os mouros da costa,mas não consulta aos interesses do país. De alguma forma, esse nó górdio tem de ser rompido, e quanto mais cedo, melhor.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
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