terça-feira, 4 de agosto de 2020

RFA: de novo a extrema direita ?


                  

      Fragmentado entre mais de oitenta grupos de interesses bastante diversos - saindo do neonazismo à anti-vacina - o protesto reuniu em Berlim vinte mil pessoas no sábado dia primeiro de agosto.

        Pela própria formação do aglomerado, formado por "n" pequenos grupelhos, com alvos determinados, mas diversos, sem embargo, os analistas políticos alertam para que, enquanto força da extrema direita,  essa miríade de queixosos por motivos distintos aponta para o ineludível perigo de sua instrumentalização pelo partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
           A par disso, boa parte do incremento nos protestos se deve ao fortalecimento da AfD, e sobretudo a sua facção Flugel (asa) - que é uma divisão interna da AfD - e que dispõe de 7.500 apoiadores, hoje considerados como de extrema direita violenta.

            Tudo isso é estudado por intelectuais, professores universitários e exemplo bastante está no professor da Universidade de Wurzburg, Hans Joachim Lauth, que se aplica ao estudo da Direita Europeia. Para Lauth, o aumento do extremismo de direita é inegável. O seu ativismo registrou em 2019 cerca de mil atos de violência, e o seu número de ativistas de grupos violentos de direita ascendeu de 24  mil para 32 mil ativistas.

                A despeito de que o professor  Lauth julgue que o número de manifestantes no sábado não é significativo para os padrões germânicos, existe no entanto um sinal importante, conclui Paulina Frohelich, dirigente do programa Futuro da Democracia do centro de estudos Progressive, sediado em Berlin. Segundo ela "justamente porque o protesto juntou pessoas tão heterogêneas, sobressai o que os une, o populismo". Ela considera tais movimentos de extrema direita "grande  ameaça à democracia e à sociedade alemãs."
                     Para a professora Frohelich, o engajamento da extrema direita se torna também mais visível, seja no viés cultural (música, moda), seja na mídia (editoras, blogs), ou no poder de influenciar a atmosfera e a narrativa, afirma a professora. Tal traz o risco da normalização. 
                     Analistas têm mostrado que a segurança econômica é fundamental para os eleitores de direita, e atender a tal preocupação pode ser maneira de cooptá-los e assim evitar que eles sejam "capturados" por extremistas, sublinha a Frohelich: "Políticas socialmente responsáveis, investimentos orientados para um futuro sustentável, aliados a uma proibição clara de qualquer discriminação - são estratégias viáveis."

( Fonte: Folha de S. Paulo )   

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