terça-feira, 26 de maio de 2020

Notícias da Pandemia no Brasil


                         

         Além de determinar mais uma medida que prejudica - e muito - a brasileiros, o grande amigo de Bolsonaro, Donald Trump, proibiu a entrada nos Estados Unidos de brasileiros, sob o argumento de que a pandemia no Brasil continua a crescer em número de mortos e infectados, e tal preocupa ao presente morador da Casa Branca, que apesar de muito amigo do atual presidente brasileiro, sente-se mais próximo de tudo aquilo que, direta ou indiretamente, possa de algum modo facilitar-lhe a antojada vitória contra Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro próximo.

              O número de mortos continua a aumentar no Brasil (os Estados Unidos estão, no entanto, à frente), e o que de certa maneira desalenta é por um lado a falta de consciência de nossos patrícios, não implementando, como deveriam, o afastamento (ou isolamento) populacional.

                O Poder público se esmera, em vários estados, em inventar ou espichar feriados, na esperança de estabelecer a contenção do contágio, através do respeito do isolamento doméstico, que é a única maneira de deter o contágio do coronavírus.

                  Se não há muita firmeza da autoridade, o que tem mais colaborado para a continuação desse miasma do coronavirus ou é a pouca educação de boa parte da população, ou a sua falta de responsabilidade em ceder aos dúbios atrativos da socialização, que é a maior amiga quanto ao crescimento nefando da pandemia.

                  Mas a falta de respeito não para por aí. Além de não colaborarem, há prefeitos como Crivella no Rio de Janeiro, que faz demagogia com a religião, liberando festividades evangélicas.  A par disso, falta energia na aplicação do combate de política que realmente motive uma população indisciplinada a respeitar normas simples (mas eficazes) de contenção da pandemia. O que outros países conseguiram, o individualismo brasileiro e as suas evidentes dificuldades em assumir  uma conscientização social vão tornando miragem esse controle da pandemia.

                         Há outros episódios ainda mais lamentáveis, como o fracasso na implantação dos hospitais de campanha do Rio de Janeiro, com o amargo resultado de que o acesso a respiradores continua difícil, assim como avança o escândalo das deficiências dos nosocômios em matéria de leitos de UTI. A sua escassez faz que muitos infelizes sofram uma branca condenação à morte (são inúmeros os relatos de famílias que lamentam a perda de um ente querido, porque ele sofreu virtual condenação à morte: não pôde ser transferido da rudimentar UPA que não dispõe dos respiradores das UTIs e que, por conseguinte, ao serem relegados à assistência comum e não àquela das UTIs, os pobres infelizes e as respectivas famílias já padecem o inferno de uma prévia  condenação à morte).

                               Por outro lado, a par desse coronavírus que no Brasil ainda mais aflige e envergonha, ao tornar-se um dos países com maior número de mortos, até a corrupção resolveu no Rio de Janeiro, atraída pelas torpes ofertas ensejadas por processos com dispensa de licitação, a pensarem no ganho ignóbil de tais operações, que em nível estadual, levam a hospitais mal-aparelhados, que não podem atender ao que se deveriam propor, a saber, o tratamento da epidemia da forma que exige o respeito a um povo sofrido, cujo atendimento mereceria correção  e consciência cívica, além do instrumental médico indispensável.   

                                   Estaremos, acaso,  para sempre condenados a sermos o país do jeitinho e das maracutaias?

                                      Ao vermos países como a Itália e a Espanha que, apesar das hecatombes iniciais souberam vencer o desafio da ignorância inicial (como, v.g., na Lombardia) - sem falar de outros, como a Alemanha e a proficiência de países insulares,  e, até mesmo, da China Comunista,que já parecem ter vencido essa magna prova,  pergunto-me por quê o Brasil esteja dando um exemplo que o mantém nas funduras de uma verdadeira catástrofe.

                                         Essa pandemia constitui na frieza abismal de suas estatísticas mortuárias o retrato cruel e sem retoque  de uma tragédia brasileira. Além do heroísmo de muitos, da dedicação do corpo médico, de enfermagem e dos serviços de limpeza - que se traduz em sacrifícios irrespondíveis, por terem, pela causa dessa gente, sido também expostos, e em inúmeros, imprevisíveis casos, sido levados por esse maldito rio que carrega  para a doença contraída e o óbito, por causa da honra em servir e se possível salvar ao próximo, quem quer que ele seja.

                                                Tanta abnegação, tanto heroísmo, não pode conviver com a súcia de gente que vê na pandemia e no sofrimento e, porquê não dizer, na morte de milhares e milhares de pessoas, entre velhos, anciãos, mulheres, mães, jovens, crianças, bebês de colo,e homens, como se fora uma oportunidade dessa pressa insultuosa, a pressa da dispensa de licitação por urgência pública, que é desvirtuada e lançada ao lamaçal de um sórdido, macabro oportunismo, que pensa se valer de uma desgraça pública para transformá-la em ganho imundo de riquezas que o próprio poeta no horresco referens confessava a sua quase incapacidade de mencionar tanta baixeza e tal tenebrosa e maldita ambição, que pensa em enriquecer nesse caso à custa do sofrimento alheio.  

( Ref. Virgílio )

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