sexta-feira, 8 de maio de 2020

Decano do STF tratou como 'bandidos' generais ministros ?


                 
           Os Ministros militares do governo Bolsonaro se dizem ofendidos com a decisão de Celso de Mello, ministro  do STF, de ordenar que os depoimentos dos generais Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, Walter Braga Netto, da Casa Civil[i] (sic) e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, sejam tomados até por "condução coercitiva", ou 'debaixo de vara'.

            Eles são testemunhas no inquérito na Corte que apura as acusações do ex-ministro Sérgio Moro (anteriormente ministro da Justiça e Segurança Pública) quanto à possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.
              Para a citada equipe de generais que auxilia Bolsonaro, embora os termos usados pelo citado Ministro da Corte sejam jurídicos, a redação do texto foi "desrespeitosa" e "desnecessária" na referência aos citados ministros-generais. 

              Sem embargo, a decisão atinge igualmente testemunhas civis e integrantes da Polícia Federal, como a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e os delegados Ricardo Saadi, Carlos Henrique de Oliveira  Sousa, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira, Alexandre Ramagem Rodrigues e Maurício Leite Valeixo - este último, ex-diretor da instituição e um dos  pivôs da crise entre Moro e Bolsonaro.

                Nesse contexto, o clima é de desconforto no Palácio e nas Forças Armadas. Oficiais da ativa e da reserva de fora do governo fizeram coro e disseram se que sentiram atingidos e tratados como "bandidos".  Na Presidência, a decisão do ministro Celso de Mello foi discutida anteontem, em reunião no Palácio.
                  Em tal atmosfera, chegou-se a pensar em uma eventual reação às expressões utilizadas pelo Decano, mas a turma do "deixa disso" cuidou de amenizar a situação. O entendimento no Planalto foi de que não se tratava  de caso do Min. da Defesa e dos comandos militares, mas de "ministros da Presidência".


[i] Segundo estou informado, nem no governo Medici, por muitos havido como o extremo da ditadura militar na Revolução, o ministro da Casa Civil terá sido escolhido entre os oficiais militares.

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