sexta-feira, 29 de maio de 2020

Céu de Hong Kong se ensombrece


                          
       As  ditaduras costumam ter um problema. Seus governos convivem mal com a liberdade de opinião. É  desafio que elas não conseguem contornar. Um exemplo europeu pode ser oportuno. Gospodin Putin, embora guarde paramentos das demo-cracias ocidentais, tal é visto como algo para inglês ver, nesse provérbio de nosso império (sec. XIX) quando o reino comandado de Londres não era exatamente o anão político que é hoje, depois do erro colossal em sair da Comunidade Europeia.

         Agora a ditadura chinesa, chefiada pelo admirador de Mao Zedong  que, ominosamente, desde cedo se mostrou, que é  Xi Jinping, malgrado a condição de importante centro financeiro que a antiga colônia de Sua Majestade britânica hoje lhe oferece,  não é exatamente um liberal.

          Por isso, apesar das vantagens que lhe oferece como importante centro financeiro a ex-colônia de Hong Kong, ele convive mal com a ruidosa democracia e através de Carrie Lam e outros quislings se empenha em perseguir os inventivos e ruidosos demonstrantes, que como incansáveis infinitos infernizam a vida da buliçosa ilha.

            A democracia, essa tenra plantinha de Mangabeira, seja em guarda-chuvas, seja em outras imaginações que são próprias da democracia, sóem sacudir a vida da estólida ditadura chinesa. Lá estive no fim do século passado, quando a antiga colônia inglesa se aprestava a passar para a soberania da China Popular, o que não era um bom presságio para os laboriosos habitantes da ilha. Por mais que se inventassem princípios para a coexistência, só mesmo a inventiva dos demonstrantes de Hong Kong vem logrando atrasar - ainda que com sofrimentos mil - que Beijing consiga afinal afastar o fantasma da democracia, que para a grei autoritária soaria com o tenebroso massacre da jovem liderança abatida pelo exército vermelho  que pediam democracia na praça da Paz Celestial em 1989. Esta terrível história, já a contei neste blog nas suas brutais  circunstâncias e a sorte cruel no afastamento protocolar do Premier Zhao Ziyang, cuja ausência por cerimonial capricho do destino tornaria possível a tragédia de Tiananmen, e todos esses tiranos que lá até hoje vicejam.


( Fontes: Folha de S. Paulo; Prisoner of the State, the secret journal of Premier Zhao Ziyang )

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