quarta-feira, 13 de maio de 2009

A Amazônia como Divisor de Águas

Nos dias que correm, não é dificil singularizar, dentro da marcha da estupidez, algum tema que evidencie o avanço desse triste movimento. Do apoio parlamentar petista ao deputado que ‘se lixa da opinião pública’ às sandices ditas da tribuna do Senado pelo líder do governo por causa das demissões do irmão e da cunhada da Infraero, não há carência de tópicos que talvez não tivessem em outros tempos a desfaçatez de saírem dos porões.
Por um momento, voltemos o olhar para corrente diversa, que luta não por patrimonialismo, corrupção, corporativismo ou empreguismo em órgãos públicos, mas pela preservação de um bem de todos nós.
Hoje, às dezoito horas, em frente do Senado, se inicia a Vigília em Defesa da Amazônia. É mais um marco em longa caminhada. Surgida das impressões havidas por Christiane Torloni e Victor Fasano na gravação da minissérie ‘Amazônia’, e depois de coletarem, junto com Juca de Oliveira, um milhão e cem mil assinaturas de brasileiros pela preservação da floresta, chega agora ao Congresso em instante que não poderia ser mais oportuno.
As grandes batalhas não acontecem por acaso. Não irromperia às portas do Legislativo esta aliança do bem se lá e alhures não se congregassem as facções contrárias que, menos por vergonha do que por oportunismo, jamais mostram sua verdadeira e hedionda face.
Defrontam a tríade de atores brasileiros, apoiada pela Senadora Marina Silva, um imenso contubérnio que julga chegada a hora de desencadear campanha pela levar avante a destruição da Amazônia, mediante pletora de medidas, que se propõe atingir a múltiplos pontos, porém possui um único e inconfessável objetivo.
E por que se alvorota tanto essa turba, em que o desmatador ignorante se associa com a ganância dos grandes produtores, e se espalha, qual enxame de maléficas pragas, não só pela Amazônia combalida – de que a tecnologia apenas contabiliza a devastação – senão pelas extensões desses brasis até as matas de Santa Catarina?
Pela simples razão de que semelha existir um concurso infeliz de circunstâncias a favorecer os desígnios de gente que pensa no presente e se lixa para o futuro, nele incluída a própria descendência.
Apreciaria decerto o meio ambiente que o Presidente Luiz Ignacío Lula da Silva fosse seu amigo menos pelas aparências e mais pela realidade. Depois de seis anos de decepções, a Ministra Marina Silva largou o bastão do ministério, e o fez com a discrição que é a sua característica. Sucedeu-a um Ministro midiático, de pouca substância política, e que não tem logrado barrar os contínuos avanços de infernal coalizão, em que repontam os nomes do governador Blairo Maggi, da Senadora Katia Abreu, e de tantos outros, cabecilhas e subalternos. Continuam os financiamentos do BNDES para os desmatadores e o Presidente Lula concede sempre a essa associação o adiamento do prazo da entrada em vigor de eventuais medidas que se proponham pôr cobro ao contínuo desmatamento.
Não se afigura igualmente estranho que o Presidente Lula tampouco encontrou tempo até agora para receber em audiência os três atores ? Será que Lula se acha tão assoberbado de trabalho que não possa dar tal chancela, ainda que retórica, ao manifesto de Christiane Torloni, Juca de Oliveira e Victor Fasano pela Amazônia ?

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