Manifestações na Ucrânia
O Presidente
Viktor Yanukovych, atualmente em visita a Beijing, procura manter-se informado
sobre a evolução da situação em seu país. Enraivecidos pela súbita mudança de
posição do governo, em atenção às pressões do Kremlin, para que a Ucrânia
também se alinhasse na União Aduaneira de gospodin
Putin, irromperam protestos em diversos centros desse grande país (que se
libertou de Moscou, com a dissolução da URSS em 1991).
A comparação
com a revolução laranja de 2004, irada
reação do povo diante das demasiadas fraudes na eleição de Yanukovych para
presidente tende a prenunciar um cenário diverso para a evolução da crise.
Então, o segundo
turno de votação se realizara em dezessete dias, com o subsequente triunfo de
Yushchenko sobre Yanukovych. Desta feita, os prazos deverão ser mais longos,
mesmo na hipótese de que os manifestantes quebrem a resistência do regime.
Defrontados com a
abrupta reviravolta de Yanukovych, cancelando a última hora o amplo acordo
comercial com Bruxelas, resultado de longas negociações, optando pelo abraço do
urso russo, boa parte da população saiu às ruas, tangida por profundo desagrado, em especial pela
expectativa de futuro mais promissor pela abertura com o Ocidente. Para quem
via na associação com a U.E., encetada por acordo comercial, a promessa de
melhores perspectivas tanto econômicas, quanto políticas, foi duro e
determinante golpe a súbita mudança do governo Yanukovych, voltando à velha
aliança, não importa se sob o knut[1] de
fortes pressões russas, seja mesmo por
tardio repensamento político.
Não se deveria
esquecer, nesse contexto, a prometida liberação
da prisioneira do lazereto de Kharkov, a ex-Primeira
Ministra Yulia Timoshenko, de início para tratamento da coluna em hospital
alemão, que era uma das condições de validação do acordo a ser assinado na
reunião de Vilnius, na Lituânia.
São conhecidos os laços de Viktor Yanukovych
com Moscou, eis que o seu partido cultiva o apoio de parte de população
ucraniana que ainda emprega o idioma russo, e que tem laços mais estreitos com
o antigo poder imperial e comunista. Nesse sentido, para boa parte dos
ucranianos é proposta com ressaibo do
passado adentrar a União Aduaneira sob a égide de Moscou. Para a intelligentsia
e boa parte da opinião pública é uma opção que recende muito da antiga Ucrânia,
província do império russo.A própria constituição da dita União Aduaneira, com o seu viés autoritário, e a associação forçada de pequenos países sem condições de resistir às ameaças (e retaliações de Moscou) não constitui proposta para motivar boa parte do povo ucraniano. Como se sabe, a União Aduaneira conta com a participação da Bielo-Rússia e do Kazaquistão, além de pequenos países como os “convidados” Moldova e Armênia. O sonho democrático não convive bem com este súbito retrocesso.
Por isso o
entusiasmo dos manifestantes e a sua disposição de enfrentar as asperezas das
noites passadas nos amplos salões da prefeitura. Dada a experiência pregressa,
os populares que mergulharam nesse projeto exigem a saída do presidente Viktor
Yanukovych, a demissão do Primeiro Ministro e de todo o gabinete.
Têm eles como
seu norte a revolução laranja. Resta verificar se desta feita a evolução lhes
será uma vez mais favorável. Nesse sentido, vieram preparados para a Prefeitura
de Kiev. Montaram todo um esquema de armadilhas (booby-traps) que não são
letais, mas atrapalhariam deveras o avanço das forças da polícia e
assemelhados.
Visita do Vice-Presidente Joe Biden a Beijing.
Outro tópico
levantado em sua conversação com o líder chinês se reporta à situação dos
correspondentes estadunidenses do New York Times e do Bloomberg News.
Em função da
reportagem investigativa publicada pelo New York Times, com extensa cobertura
dos negócios de familiares do antigo Primeiro Ministro chinês Wen Jiabao. Às considerações sobre a riqueza da família
do ex-Primeiro Ministro se seguiram problemas com situação consular dos
repórteres da sucursal chinesa do New York Times. A questão se arrasta desde o
ano passado e há indicações de que o visto dos correspondentes não será
renovado, o que, na prática, implicaria no fechamento virtual da representação
do grande jornal nova-iorquino.
Também os sites do New York Times (em chinês e em
inglês) e do Bloomberg News estão
bloqueados desde então.
Por sua vez, o
Bloomberg News tem ameaçados igualmente os membros de sua representação de virtual
expulsão (pela não-renovação do visto). Por outro lado, terá sido por pressão
governamental chinesa que o serviço Bloomberg decidiu não publicar as próprias
investigações a respeito dos laços dos líderes do Partido Comunista chinês com
Wang Jianlin, o homem mais rico da China.
(Fontes: New York
Times; O
Globo; Rede Globo )
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