segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PIF PAF (X)

                                                 
Morre  Peter O’Toole

 
       Morre um grande ator, de que, em especial, recordamos a interpretação em Lawrence da Arábia, o clássico dirigido por David Lean. A mídia americana ressaltou que O’Toole recebera oito indicações para o Oscar.

       Qualquer coisa me cheirou estranha. E havia! Peter O’Toole tivera oito indicações (nominations) para o prêmio da Academia, mas, como Carlitos, não havia ganho nenhum Oscar !
       Nesses casos mais gritantes de negação clara de valor – sempre morrendo na praia – a Academia dá um jeitinho e outorga um Oscar especial, de consolação, que os agraciados, talvez erroneamente, aceitam. Como o fizeram o maior cineasta de todos os tempos, Charlie Chaplin e também O’Toole.

      Nem sempre é fácil recusar um Oscar, como o fez Marlon Brando.

 
Lei de Acesso à Informação

 
     Como os dezessete leitores do blog bem o sabem, não tenho procuração para defender o governo. Se tampouco padeço do vezo hispânico (hay gobierno ? soy contra!), é mister procurar ter algum equilíbrio.

     Hoje, O Globo, em manchete, vê falta de transparência na circunstância de que a Lei de Acesso à Informação só teve um recurso atendido.
     Na verdade, não é bem assim. A própria notícia já é capenga, e não reconhece o óbvio. Em letra pequena – mas na primeira página – o jornalão registra que dos 139 mil pedidos de acesso à informação,  102 mil foram concedidos.

     No entanto, quando a questão vai para comissão de ministros, dos 260 pedidos analisados, apenas um recurso foi acolhido.  Então, houve 259 denegados !

 
Manifestações na Ucrânia. Dissimulação de Yanukovych

 
     É válida toda a desconfiança das forças democráticas na Ucrânia!  O presidente Viktor Yanukovych confia no cansaço da oposição, seja dos manifestantes na Praça da Independência, seja das forças políticas empenhadas em uma real abertura para o Ocidente.

     Neste sentido, pareceu-me relevante a decisão da Comissão de Bruxelas interrompendo as ‘negociações’ com a delegação dos poderes constituídos em Kiev.
     E mais importante ainda a motivação invocada.  Yanukovych manda altos funcionários para supostamente reatar as negociações com a União Européia, mas na verdade faz apenas jogo de cena, simulando um interesse que não tem em abrir  da vero negociações com o Ocidente.

     Pois o sinuoso presidente Yanukovych bem conhece o que elas, em verdade, significam: laços mais estreitos com a Europa, e por conseguinte doses excessivas de liberalismo – inclusive com a libertação da sua por ele detestada opositora Yulia Timoshenko -, enquanto afasta a Ucrânia do bom tio Putin e de suas lições de como tratar os oponentes e os excessos da praça e da Oposição...

 
Estende-se o Tapetão do STJD

 
     Os campeonatos – e suas consequências – devem, se possível, adstringir-se ao campo do velho esporte bretão.

     Querer resolver os problemas (e as falhas na técnica futebolística) no tapetão é um vício do futebol brasileiro.  Apesar de laços clubísticos em contrário, concordei plenamente com o não-recebimento do recurso do Sr. Roberto Dinamite. Se há algum culpado pelo fato de o CRVG ter caído novamente para a Segundona, esse responsável não é nem o clube paranaense, nem a interrupção no jogo, motivada igualmente pelo comportamento também inadmissível de uma parte da torcida vascaína.

     O que surpreende, no Vasco, é que depois de todos os seus erros e incorrigível incompetência, o Senhor Dinamite continue como presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama. Ao desfazer-se de quase todo o capital do clube – e em qualquer clube o seu capital são os jogadores – o Sr. Dinamite mostrou o que não se deve fazer. Até o ótimo goleiro vascaíno – Fernando Prass – ele vendeu para o Parmera, ficando com arqueiros fraquíssimos, irremediáveis frangueiros... que pontualmente comprometiam as eventuais (mas raras) reações do resto do time.  
     Para resolver esse problema da violência das torcidas, uma viagem a Londres e a cópia do tratamento de choque pelas autoridades britânicas nos hooligans[1] seria, por primeira vez, muito aconselhável.

    O que – sem intenção de trocadilho – afigura-se de todo descartável é tratamento para inglês ver...  

  As Mortes de Operários e o Padrão Fifa

      O que os figurões da Fifa dirão das mortes de operários no Itaquerão (SP) e em Manaus?  O padrão Fifa e a urgência na obra estará por trás das tragédias? Em São Paulo, um operador de guindaste há dezessete dias sem folga e as duas mortes de operários, esmagados ao despencarem as lajes? E em Manaus, outros dois óbitos igualmente de operários (estes por não terem equipamentos de segurança)?
      Além das frases soltas para consumo jornalístico, o que se fará para as famílias, privadas de arrimo? E além das explicações que nada justificam, o que se realizará com vistas à indispensável maior proteção no Brasil dos operários – que carece de ser obrigatória, com pesadas multas sobre as empresas que são as verdadeiras responsáveis? Ou tudo ficará nas lágrimas de crocodilo das mega-empresas, enquanto se sacrificam esses anônimos mas imprescindíveis autores dos templos do esporte bretão, que à diretoria da FIFA e à choldra dos cartolas tantos benefícios colaterais ensejam?

 

 

(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, New York Times)




[1] Cafajestes não é talvez a boa tradução, mas com pitadas de violência é a tradução recomendável.

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