Morre Peter O’Toole
Qualquer coisa
me cheirou estranha. E havia! Peter O’Toole
tivera oito indicações (nominations)
para o prêmio da Academia, mas, como Carlitos, não havia ganho nenhum Oscar !
Nesses casos
mais gritantes de negação clara de valor – sempre morrendo na praia – a Academia
dá um jeitinho e outorga um Oscar
especial, de consolação, que os agraciados, talvez erroneamente, aceitam.
Como o fizeram o maior cineasta de todos os tempos, Charlie Chaplin e também
O’Toole.
Nem sempre é
fácil recusar um Oscar, como o fez Marlon Brando.
Hoje, O Globo, em manchete, vê falta de
transparência na circunstância de que a Lei
de Acesso à Informação só teve um recurso atendido.
Na verdade, não é
bem assim. A própria notícia já é capenga, e não reconhece o óbvio. Em letra
pequena – mas na primeira página – o jornalão registra que dos 139 mil pedidos
de acesso à informação, 102
mil foram concedidos.
No entanto,
quando a questão vai para comissão de ministros, dos 260 pedidos analisados,
apenas um recurso foi acolhido. Então,
houve 259 denegados !
Neste sentido, pareceu-me
relevante a decisão da Comissão de Bruxelas interrompendo as ‘negociações’ com
a delegação dos poderes constituídos em Kiev.
E mais importante
ainda a motivação invocada. Yanukovych
manda altos funcionários para supostamente reatar as negociações com a União
Européia, mas na verdade faz apenas jogo de cena, simulando um interesse que
não tem em abrir da vero negociações com o Ocidente.
Pois o sinuoso presidente Yanukovych
bem conhece o que elas, em verdade, significam: laços mais estreitos com a
Europa, e por conseguinte doses excessivas
de liberalismo – inclusive com a libertação da sua por ele detestada opositora Yulia Timoshenko -, enquanto
afasta a Ucrânia do bom tio Putin e
de suas lições de como tratar os oponentes e os excessos da praça e da
Oposição...
Querer resolver os problemas (e as falhas na técnica futebolística) no tapetão é um vício do futebol brasileiro. Apesar de laços clubísticos em contrário, concordei plenamente com o não-recebimento do recurso do Sr. Roberto Dinamite. Se há algum culpado pelo fato de o CRVG ter caído novamente para a Segundona, esse responsável não é nem o clube paranaense, nem a interrupção no jogo, motivada igualmente pelo comportamento também inadmissível de uma parte da torcida vascaína.
O que surpreende,
no Vasco, é que depois de todos os seus erros e incorrigível incompetência, o Senhor Dinamite
continue como presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama. Ao desfazer-se de
quase todo o capital do clube – e em
qualquer clube o seu capital são os
jogadores – o Sr. Dinamite mostrou o que não se deve fazer. Até o
ótimo goleiro vascaíno – Fernando Prass – ele vendeu para o Parmera, ficando com arqueiros
fraquíssimos, irremediáveis frangueiros... que pontualmente comprometiam as
eventuais (mas raras) reações do resto do time.
Para resolver
esse problema da violência das torcidas, uma viagem a Londres e a cópia do
tratamento de choque pelas autoridades britânicas nos hooligans[1]
seria, por primeira vez, muito aconselhável.
O que – sem intenção
de trocadilho – afigura-se de todo descartável é tratamento para inglês ver...
O que os
figurões da Fifa dirão das mortes de
operários no Itaquerão (SP) e em Manaus?
O padrão Fifa e a urgência na
obra estará por trás das tragédias? Em São Paulo, um operador de guindaste há
dezessete dias sem folga e as duas mortes de operários, esmagados ao
despencarem as lajes? E em Manaus, outros dois óbitos igualmente de operários
(estes por não terem equipamentos de segurança)?
Além das frases
soltas para consumo jornalístico, o que se fará para as famílias, privadas de
arrimo? E além das explicações que nada justificam, o que se realizará com vistas à
indispensável maior proteção no Brasil dos operários – que carece de ser
obrigatória, com pesadas multas sobre as
empresas que são as verdadeiras responsáveis? Ou tudo ficará nas lágrimas
de crocodilo das mega-empresas, enquanto se sacrificam esses anônimos mas
imprescindíveis autores dos templos do esporte bretão, que à diretoria da FIFA e à choldra dos cartolas tantos
benefícios colaterais ensejam?
(Fontes: O Globo, Folha
de S. Paulo, New York Times)
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