Erro bastante comum nos que erram, será atribuí-lo não a eles próprios, mas à criatura que está aos seus cuidados.
Tal constitui
exatamente o caso do senhor Guido Mantega,
que faz as vezes de Ministro da Fazenda da Presidente Dilma Rousseff. Todos sabemos que, na verdade, não é um ministro
como outros, eis que manifestamente a direção da economia – para o bem ou para
o mal – está com a Presidenta.
Para o
Ministro, “a economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas. De um
lado o financiamento ao consumo, que está escasso. De outro lado, a crise
internacional, que nos rouba parte da nossa possibilidade de crescimento”.
Por sua vez,
também na abertura do Encontro Nacional
da Indústria 2013, a Presidente da
República afirmou:
“Não concordamos
em nos especializar como economia de serviços. O Brasil deve criar uma
indústria forte, condição para uma nação forte, para que tenhamos
competitividade necessária. Só a competitividade industrial, combinada com
nossa extraordinária capacidade de produzir alimentos e proteínas, pode tornar
o Brasil uma grande nação.”
O Estado, sob o
petismo, dispende muito com os gastos correntes – que tiveram inchação empregatícia
– e com o assistencialismo social. Tais despesas deveriam ser instrumentais e
não finais. Não interessa ao Brasil a estagnação da caridade. Os benefícios
sociais deveriam ser caminhos para o trabalho produtivo, e não becos sem
saída. De que servem unidades
federativas que regurgitam na controlada miséria da bolsa família sem qualquer perspectiva de progressão? De que serve
exibir gerações cumulativas na bolsa
família? Tais benefícios não são esmolas; foram criados como incentivos
para um mundo melhor, sem as tapeações do populismo.
E onde estão poupança e
investimentos ?
Tomemos por
exemplo a indústria automotiva. O governo – não o que esta aí, mas os
precedentes, inclusive o militar – permitiu-lhe a desnacionalização. Ao
contrário dos demais emergentes, as montadoras aqui são feitorias. São sucursais de grandes empresas americanas, europeias
e asiáticas, que aqui produzem modelos obsoletos, para mandar depressa as
remessas de lucros para as vorazes matrizes. Ao invés de privilegiar o transporte
público, insuficiente e deteriorado (já viram o estado das composições e
estações do metrô?), se enchem as ruas e se leva o tráfego ao limite (São Paulo
é disso exemplo). Para tanto, as sólitas desonerações fiscais (para favorecer
quem? Será a poluição ambiental ?) e, agora, mais uma bondade para as grandes
montadoras, sob o pretexto de não carregar no preço dos carros.
Mantega nesse
sentido anuncia que está ‘negociando’ com o setor automotivo o adiamento da
exigência de inclusão de freios ABS e
airbags em 100% dos veículos
produzidos no país (prevista para janeiro de 2014). É um presente de grego este para o usuário,
que continua privado de dispositivos de segurança corriqueiros no circuito Elizabeth Arden. Com isto, se daria
também uma sobrevida à Kombi, que é,
em padrões atuais, um veículo manifestamente inseguro.
Igualmente por
conta do barateamento do preço de venda do veículo, o Brasil continua a ser um
país de là-bas, em termos de controle da
poluição automotiva. O equipamento corriqueiro na Europa, Estados Unidos,
Japão e Coréia, para reduzir as descargas de gás carbônico pelos veículos, para
atender às montadoras, que choramingam pelos custos, continua a ter uma qualidade muito inferior
àquela dos carros de suas matrizes.
Assim, o governo – que contribui para
incrementar o caráter poluente da circulação (através da explosão no crédito
para as viaturas particulares) – vem torná-las ainda mais viaturas de pais
subdesenvolvido na redução dos dispositivos de segurança! É falsa dádiva esta,
bem na linha do neopopulismo chavista, de distribuir carros obsoletos, sem
padrões do mundo desenvolvido.
Não é à toa que
este país surgiu para o mundo com as miçangas e bugigangas de Pedro Álvares Cabral...
(a continuar)
(Fonte: O Globo)
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