A pichação de Drummond
Estórias que
acabam bem podem ser úteis. O poeta
Carlos Drummond de Andrade sofria sob a triste ignorância dos que lhe roubavam
o par de óculos. Agora foi a vez da burrice militante da pichação, que acabou
com a identificação do par de suspeitos – Pablo Lucas Faria, comerciante de
Uberaba (MG), que vive no Rio, e a namorada Mel.
Para os
incautos, será bom lembrar que pichar bens públicos é crime ambiental, com pena
de três meses a um ano de reclusão, além do pagamento de multa.
Com esse título,
a dezessete de setembro de 2009, escrevi blog sobre as placas de metal que
foram metodicamente roubadas das calçadas de Ipanema. O propósito das ditas
placas era o de preservar a memória de antigos moradores ilustres do bairro, de
cinemas, sorveterias, bares, etc. Surpreende o afinco de tal saqueio do legado
de Ipanema, feito de forma metódica e sem merecer qualquer alarme ou aviso.
Atrevi-me na época a sugerir ao prefeito
Eduardo Paes que as substituísse, com placas de concreto – as cicatrizes do
atentado à memória de Ipanema continuam nas calçadas -, mas dele recebi uma
resposta de pedra na indiferença de um silêncio que até ecoa sob os passos dos
transeuntes.
A formação da
União Européia – iniciada pelos acordos do carvão e do aço entre França e
Alemanha – veio dar um basta aos conflitos que, por tantos séculos, haviam
dilacerado o tecido do Velho Continente.
O mais irônico
epifenômeno dessa grande evolução está no pulular de pequenas nacionalidades
que pensam redescobrir a soberania com séculos de atraso. Tudo isso se
desenvolve sob o pressuposto de que poderão alimentar-se nas tetas de Bruxelas,
o que é pelo menos discutível.Dentre os pretendentes, está a Catalunha. Nesse quadro, o Rei Juan Carlos – que teve um péssimo ano de 2013 – sofreu a ignomia de não ter reproduzido, pelas antenas catalãs, a sua alocução de fim de ano, em que defendeu a unidade espanhola.
A Mensagem Urbi et
Orbi
Mostrando que o
destino da controvérsia jurídica só poderá ser determinado pela Suprema Corte, William
Pauley, juiz federal de Nova York,
considerou ‘constitucional’ a coleta de dados de todos os telefonemas de
americanos.
Como
anteriormente, outro juiz decidira em sentido contrário – posto que se
reservasse examinar ainda o assunto -
tudo semelha indicar que o gesto de Edward Snowden, denunciando a
Agência de Segurança Nacional (NSA), vai amadurecendo para o exame resolutório da Suprema Corte.
O Salário Mínimo para 2014
Para a dança
inflacionária da indexação - vale dizer, a atualização automática de todos (ou
quase todos) os índices – o convidado de rigor é o salário mínimo, com impacto
nas contas da previdência e alhures.
Para dona Dilma,
o Twitter virou diário oficial. A partir de janeiro que anotem todos, o salário
mínimo passará de R$ 678 para R$ 724
mensais.
Para o país sem
inflação, outros índices estão convocados, com o INPC (Indice Nacional de
Preços ao Consumidor) à frente !
As Meninas do Pussy Riot
Nadezhda Tolokonnikova e Maria Alyokhina, integrantes da banda punk Pussy Riot – e que pagaram por isso quase dois anos nas prisões de gospodin Putin – declararam aos jornalistas que o perdão “é truque de relações públicas” e, por isso, pregaram boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, na Federação Rússa.
Há muitas
suspeitas de corrupção a pairar sobre esses jogos. Será que são intrigas da
mendaz oposição ?
O dispendioso implante capilar do senhor Calheiros
Renan Calheiros
prometeu ressarcir os cofres da União por ter usado avião da FAB para fins
particulares (implante capilar e cirurgia nas pálpebras). Assaltado, a posteriori da revelação, por
dúvidas quanto à legalidade da boca-livre no transporte, Sua Excelência
perguntou-se se havia cometido alguma “improbidade”.
Ainda que a
palavra do Senhor Renan mereça respeito,
seria quem sabe, importante verificar o montante da restituição pelo
Senador alagoano.
Piranhas atacam na Argentina
É impressionante a
mobilidade tática da piranha, o não-tão simpático peixinho que ataca em geral
em ordem unida. Os argentinos, que muitos pensavam livres de tais perigosas
incursões, sofreram ataque próximo a Rosario, no rio Paraná, com pelo menos 70
feridos.
No Brasil, a
voracidade da piranha terá feito o nome do pescado ser apropriado por outras
atividades, como a da personagem Aline,
na novela Amor à Vida.
O STJD mantém Lusa rebaixada
O leitor talvez saiba
que sou um torcedor do Vasco da Gama. Essa condição, que é bem antiga, não me
animaria, contudo, a defender a legalidade do recurso do Senhor Dinamite, para
reivindicar a anulação da partida com o Atlético Paranaense.
Mas também
repugna ao meu sentido de justiça a punição à Portuguesa. O favorecimento ao
Fluminense pode agradar à sua torcida – de resto acostumada a esse tipo de
salvação, como a da operação de traslado da série C para a série A – mas o
castigo ao time paulista foi excessivo e nunca deveria ter resultados
esportivos com influência na colocação das equipes ao final do campeonato.
Estas decisões
no tapetão se deveriam circunscrever
a faltas no campo e nunca à fixação da contagem de pontos, que será sempre
melhor computá-las de acordo com os resultados no gramado, e não por votos de
juízes esportivos.
Daí o recurso à
justiça comum, que aos gerarcas da FIFA
horroriza. Dados os retrospectos respectivos, fico com a torcida da Portuguesa.
A Crise de Recep Erdogan
Há dois fenômenos
que caracterizam amiúde os regimes personalistas mais duradouros. O Primeiro Ministro Recep Erdogan evidencia ambos: a húbris, vale dizer a soberbia da autoridade, e a corrupção de seu
partido islâmico.
A investigação
da corrupção levou à prisão de pessoas ligadas ao Executivo, como dois filhos
do Ministro do Interior de Erdogan, assim como de outros dois membros da Pasta.
Erdogan tentara
sufocar as investigações, chegando a estabelecer norma de que os investigadores
submetessem suas descobertas previamente aos superiores. A Justiça, no entanto,
bloqueou a medida. Por outro lado, um dos procuradores mais críticos às ações
de Erdogan, Muammar Akkas, foi
removido do cargo.
Acuado,
Erdogan tenta criminalizar os seus acusadores. De novo a praça Taksim, em
Istambul, é palco de confrontos entre o povo e a tropa de choque.
(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo)
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