De
volta, após breve pausa neste blog, a
tevê e a leitura dos jornais apontam mostra que, como na fábula, o governo de
Pindorama só vê, no seu breu mental, que a solução de seus problemas de caixa
está para sempre encastoada na inchação da bolsa tributária.
Muitos dos
leitores se recordarão que os inconfidentes mineiros aguardavam como senha para
tentar repetir a revolução americana – que sacudira os grilhões da pérfida
Albion – o anúncio da temida derrama pelos
prepostos de dona Maria a Louca. Assim, o braço imperial da metrópole lusa pensava
resolver os problemas de sua decadente
ineficiência apelando para o burro, escorchante mais, como se não
houvesse outra saída diante dos desafios da administração.
As monarquias
ibéricas atravessavam o século das luzes no black-out
do absolutismo dos gostos suntuários e da condenação de irremediável
retrocesso. Debaixo de sua pesada e entorpecida mão, se agitavam os espíritos
impacientes de súditos que ansiavam por liberar-se de tão empedernidas
estupidez e falta de imaginação.
Será que o
Brasil mudou tanto assim depois do iluminismo (que aliás esteve longe da
península ibérica e, por conseguinte, de suas oficiais dependências coloniais)
?
Sabemos que a
ineficiência ibérica cuidou, pelas vias travessas da respectiva obtusidade, que
o ouro das Minas Gerais e a prata dos veios de hispano-américa fossem parar na City de Londres, e até nas irrequietas províncias
da Nova-Inglaterra. Essa ciência, no entanto, não parece aproveitar-nos de
muito, eis que os governos da Terra de Santa Cruz continuam a incidir nos
mesmos erros do colonizador.
O impostômetro –
essa contribuição digital da Paulicéia – está aí, com os seus tristes recordes,
para nos lembrar da sanha burra dos publicanos de hoje – federais, estaduais e
municipais – arrecadando sempre e mais, seja para o ralo da corrupção, seja para
as inelutáveis despesas estatais.
O Brasil – e vai nisso um crescimento
vegetativo que espelha o quão pouco se pensa
sobre o assunto – tem carga tributária de primeiro mundo e serviços básicos
à população de terceiro e quarto.
Quando se falou
em reforma fiscal e política – e esta oportunidade costuma surgir apenas no
discurso de posse e nos primeiros míticos cem dias – a novel Presidente não se
mostrou à altura do desafio. Preferiu delegar o assunto ao Congresso, o que
equivale a enterrá-lo.Agora, com as compras de brasileiros no exterior, e os enormes, previsíveis déficits nas contas correntes, a solução que o dílmico governo encontra para o desafio é a da repetição do erro. A Fazenda do Senhor Mantega responde de forma estúpida e repetitiva. Afinal, onde está a metodologia? Será que não há interesse em examinar as causas do problema? Qual a razão do aumento das compras no circuito de Elizabeth Arden?
Pois a razão é
singela, conhecida de todo aquele que se dispõe a comprar lá fora e não aqui.
Como os produtos do Norte maravilha
não estão sobrecarregados pela maquinal cobiça de nossos tributos, a diferença
de preços é tal que provoca toda esta atração do consumidor.
Dessarte, pela
sua resposta automatizada, o governo de dona Dilma erra outra vez. A sua reação
para lidar com esse desafio é uma vez mais burra. Se a causa que está na raiz
dos êxodos dos compradores brasileiras é a carga tributária, grita aos céus que
a resposta do mais imposto (O IOF sobre
cheques de viagem e cartões pré-pagos subiu de 0,38% para 6,38% !) não
resolve nada, porque o consumidor encontrará maneiras de lidar com mais engonço
tributício.
Todos (ou
quase) todos sabemos, que Dilma Rousseff e seu governo gastam muito. Esse
segredo de Polichinelo está em todos os mercados, inclusive o daqueles que
antes nos valorizavam pela exação nas contas.
Sente-se pena
de uma administração chefiada por uma economista que envereda pelas maquiagens
fiscais e pela propaganda mentirosa (como a daquele provecto senhor que entra
nas nossas salas para gabar a qualidade do atendimento médico do SUS). Com as
diferenças de tecnologia – no século XVIII eram as chamadas Vilas Poniatowski
para iludir a soberana Catarina da Rússia – e hoje as patranhas do SUS, que a
peregrinação de uma mãe nas clínicas do DF, logo desmonta, pela cruel negativa
de tratamento de urgência a uma criança de poucos meses.
Por que ao
Governo é proibido pensar ? Quase trezentos anos já passaram e a derrama dos
impostos – reais ou ameaçados – prossegue na sua marcha inglória. Será que esse
acúmulo de respostas burras e tristemente ineficazes não terá fim ?
(Fonte: O Globo)
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