terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Do Baú de 2013

                                       

Renan e a Fab

 
         Bem fez a FAB em não responder à consulta do Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL). Como escreveu Ricardo Noblat ‘deu-se ao respeito’.  A esse propósito Chico Alencar (PSOL/RJ) assinalou: “Renan está careca de saber que não pode usar avião da FAB para viagem particular”.
         Resta, a propósito, verificar se cairá no vazio a sugestão do colunista Noblat de que “(O) Senado deve ao distinto público a abertura de um processo para cassar por quebra de decoro o mandato do seu presidente, Renan Calheiros. Ou não é falta de decoro ignorar a lei?”

 
Demissões nas Montadoras

 
          Começou a farra das demissões em massa na Feitoria Brasil – o nosso país é o único dos emergentes em que não há montadoras nacionais. A GM, descumprindo o acordo de não demitir nas férias coletivas, dispensa os operários por telegrama (extraoficialmente, computam-se 350). Tal ocorre às vésperas do Ano Novo, ao prever-se a retração nas vendas pela redução no desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros populares, depois de primeiro de janeiro.  
        Para o Sindicato, outras montadoras estariam igualmente demitindo. Não há números oficiais, mas as estimativas são de 300 para a Volkswagen e 250 para a Ford.

 
Desembargadores recebem acima do Teto !

 
         O Globo noticia que em 23 estados os desembargadores dos Tribunais de Justiça receberam em 2012 rendimentos superiores ao teto constitucional daquele ano de R$29,7 mil mensais.
         O TJ do Rio foi o que apresentou a segunda média salarial mais alta, só atrás de seus industriosos colegas do Tribunal de Justiça do Amazonas. No Rio, onde há 180 desembargadores, eles obtiveram rendimento médio de R$ 50.132,25  por mês em 2012.

        Os únicos três Estados que respeitaram o teto constitucional foram Tocantins, Amapá e Goiás.
        Por outro lado, o único Estado que não divulgou a folha de pagamentos foi o Rio Grande do Sul.

 
2013  e  a Bovespa 

 
         O tombo da Bolsa de Valores de São  Paulo não foi dos menores. 
        A campeã em crescimento foi a Bolsa de Tóquio, com  56,72% , seguida à distância pela Nasdaq (Estados Unidos), com  37,58%. O primeiro emergente é a Índia, com 8,83% (10º lugar). A Coréia do Sul é a última das que têm crescimento (0,72%, em 12º lugar). 

         O Brasil, com a Bovespa, está em penúltimo lugar geral, com menos 15,5%, só à frente da bolsa do Peru, com uma senhora queda de menos 24,24%.
         Em valor de mercado, a nossa Bolsa perdeu US$ 220 bilhões. Vai precisar muita saliva para a explicação desse despencar. Não se deve esquecer, a respeito, que o perfil da Bolsa é muito importante para a economia.  Aquelas que crescem colaboram para o equilíbrio contábil das balanças de fim de ano, como a de contas correntes e aquela de pagamentos.

 
Os consórcios de ônibus do Rio vão à justiça para reaver os reajustes !

 
         Parece piada, mas é verdade. Os donos dos consórcios do Rio de Janeiro pensam chegada a oportunidade de desfazer o congelamento das passagens, que foi uma das principais consequências dos movimentos de rua de junho último.
         Dada a péssima qualidade do transporte viário – que é ‘imitado’ pelo metrô e a chamada supervia – a despeito dos amuos iniciais dos gestores municipais e estaduais, os responsáveis por essa condução ruim tiveram de engolir o congelamento.

         Agora, pensando que os tempos mudaram, entraram na justiça contra a prefeitura carioca para serem indenizadas em R$ 137,5 milhões. São 40 empresas de ônibus, que alegam ter havido ‘quebra de contrato por parte do poder público’.  No entender desses senhores, a tarifa deve ser reajustada anualmente e por isso querem que o aumento seja imediato.
         Um tanto na surdina, os taxistas acabam de receber novo aumento na tarifa pela  prefeitura do senhor Eduardo Paes. Esse serviço, que virou hereditário pela demagogia de Dona Dilma, e que ficou quieto em dezembro (por conta da bandeirada 2 que valia para tudo) agora quer mais !

 

( Fonte:  O  Globo )

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Saudação de Ano Novo ?

                                     

         Os discursos de Dilma Rousseff, ao servir-se das datas marcantes no calendário, costumam delas valer-se como oportunidade política. Adentrando o ano em que pleiteará a reeleição, não é a primeira mandatária que se dirige ao povo brasileiro, ao ensejo do Ano Novo, mas sobretudo a candidata à reeleição já em campanha.
       Que os seus adversários ainda sejam sombras de um cenário em formação, pior para eles, que não dispõem de tal oportunidade.

       Essa considerável vantagem – implícitas na alocução, as promessas de realizações futuras se sucedem, para que o eleitor não esqueça um só momento o que é suposto perder se der tento ao outro lado – a presidenta a utiliza com considerável desenvoltura, chegando a afirmar que seu governo sofre ‘guerra psicológica’ na área econômica.
      Se o viés é de campanha – como o pronunciamento não deixa muitas dúvidas – Dilma tem sempre presente (e o marqueteiro está aí para relembrar-lhe) que a melhor defesa será sempre o ataque.  A vantagem se afigura tanto maior, que, ao contrário de outros países – que pensam na importância do contraditório para a informação da cidadania – aqui não há tempo em rede nacional para o representante da oposição.

      Como indica a Folha, em três anos de governo, a presidenta já encosta no seu criador (em matéria de discursos em rede nacional). Assim, já foram dezessete, em três anos, enquanto o antecessor, em dois mandatos completos, teve 21 pronunciamentos.
      Tão assídua presença deve corresponder à recomendação do marqueteiro, dadas as peculiaridades de menor conhecimento inicial pelo público da candidata da algibeira de Lula.

      Como assinala igualmente a Folha, o monólogo presidencial teve de parte de Eduardo Campos (PSB) – que terá, como possível companheira de chapa Marina Silva por peripécias jurídico-eleitorais demasiado conhecidas – a oportuna observação da minuta de Medida Provisória que dormiu na Casa Civil desde março de 2012, e que só agora, ao ensejo da catástrofe no Espírito Santo, foi publicada no Diário Oficial.  A referida MP se propõe facilitar o acesso a recursos para municípios atingidos por desastres naturais.  Para alertar o povo brasileiro, Eduardo Campos só pode servir-se de seu perfil no Facebook para acusar o governo federal de ‘esperar o pior acontecer’ para agir no Espírito Santo.       
       Da fala presidencial, o eleitor brasileiro – que aí não ouviu qualquer menção do fato político mais importante de 2013 (os protestos de rua, iniciados em São Paulo, em junho, com o movimento do Passe-livre) – é induzido a supor que os problemas da inflação e os artifícios fiscais (provocados pelos gastos excessivos do governo, sem amparo nas receitas) decorrem da ‘guerra psicológica’, que proviria de campanha  instilada por ‘alguns setores’, ‘para inibir investimentos e retardar iniciativas’.  O ataque presidencial é duro, mas não define a parte da coletividade (empresariado?) a que se dirige.

      Habilidades marqueteiras à parte, e eventuais manipulações populistas ou até neo-chavistas, há ainda muito chão pela frente da candidata oficial. O importante é que a campanha se aprimore em liberdade e equidade, sem a desenvoltura de outros rincões, que se valem do Estado como se fora prolongamento dos ocasionais detentores do poder.
      É importante não imitar – nem arremedar – seja o fraudulento PRI, no regime mexicano hoje defunto, seja as variações neopopulistas do chavismo e do peronismo, que, embora agressivas, são plantas estrangeiras para a democracia brasileira.

      Não se deve jamais esquecer que o Estado é conquista da cidadania, e seus instrumentos estão a serviço do Povo soberano, e nunca de partidos políticos por mais tempo que estejam empoleirados no poder.



(Fonte:  Folha de S. Paulo)

domingo, 29 de dezembro de 2013

Revista da Semana (III)

                           

 A pichação de Drummond

          Estórias que acabam bem podem ser úteis.  O poeta Carlos Drummond de Andrade sofria sob a triste ignorância dos que lhe roubavam o par de óculos. Agora foi a vez da burrice militante da pichação, que acabou com a identificação do par de suspeitos – Pablo Lucas Faria, comerciante de Uberaba (MG), que vive no Rio, e a namorada Mel.
          Para os incautos, será bom lembrar que pichar bens públicos é crime ambiental, com pena de três meses a um ano de reclusão, além do pagamento de multa.

 
Memória Perdida de Ipanema

          Com esse título, a dezessete de setembro de 2009, escrevi blog sobre as placas de metal que foram metodicamente roubadas das calçadas de Ipanema. O propósito das ditas placas era o de preservar a memória de antigos moradores ilustres do bairro, de cinemas, sorveterias, bares, etc. Surpreende o afinco de tal saqueio do legado de Ipanema, feito de forma metódica e sem merecer qualquer alarme ou aviso.
        Atrevi-me na época a sugerir ao prefeito Eduardo Paes que as substituísse, com placas de concreto – as cicatrizes do atentado à memória de Ipanema continuam nas calçadas -, mas dele recebi uma resposta de pedra na indiferença de um silêncio que até ecoa sob os passos dos transeuntes.

 
O Separatismo Catalão

           A formação da União Européia – iniciada pelos acordos do carvão e do aço entre França e Alemanha – veio dar um basta aos conflitos que, por tantos séculos, haviam dilacerado o tecido do Velho Continente.
          O mais irônico epifenômeno dessa grande evolução está no pulular de pequenas nacionalidades que pensam redescobrir a soberania com séculos de atraso. Tudo isso se desenvolve sob o pressuposto de que poderão alimentar-se nas tetas de Bruxelas, o que é pelo menos discutível.

          Dentre os pretendentes, está a Catalunha. Nesse quadro, o Rei  Juan Carlos – que teve um péssimo ano de 2013 – sofreu a ignomia de não ter reproduzido, pelas antenas catalãs, a sua alocução de fim de ano, em que defendeu a unidade espanhola.

 

A  Mensagem  Urbi et  Orbi

       Dentro de sua linha de abertura – que é uma constante do respectivo Pontificado – no seu discurso, dirigido aos fiéis católicos, Papa Francisco resolveu inserir um público não tradicional, i.e.,  os ateus: ‘Convido também os não crentes a desejarem a paz. Todos unidos, ou com a oração ou com o desejo. Mas todos pela Paz.’

 
A Espionagem da NSA é constitucional ou não ?


       Mostrando que o destino da controvérsia jurídica só poderá ser determinado pela Suprema Corte, William Pauley,  juiz federal de Nova York, considerou ‘constitucional’ a coleta de dados de todos os telefonemas de americanos.
      Como anteriormente, outro juiz decidira em sentido contrário – posto que se reservasse examinar ainda o assunto -  tudo semelha indicar que o gesto de Edward Snowden, denunciando a Agência de Segurança Nacional (NSA), vai amadurecendo  para o exame resolutório da Suprema Corte.

 

O Salário Mínimo para 2014
 
      Para a dança inflacionária da indexação - vale dizer, a atualização automática de todos (ou quase todos) os índices – o convidado de rigor é o salário mínimo, com impacto nas contas da previdência e alhures.
     Para dona Dilma, o Twitter virou diário oficial. A partir de janeiro que anotem todos, o salário mínimo passará de R$ 678 para R$ 724 mensais.

     Para o país sem inflação, outros índices estão convocados, com o INPC (Indice Nacional de Preços ao Consumidor) à frente !

 
As Meninas do  Pussy  Riot
    
        Nadezhda Tolokonnikova e Maria Alyokhina, integrantes da banda punk Pussy Riot – e que pagaram por isso quase dois anos nas prisões de gospodin Putin – declararam aos jornalistas que o perdão “é truque de relações públicas” e, por isso, pregaram boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, na Federação Rússa.

        Há muitas suspeitas de corrupção a pairar sobre esses jogos. Será que são intrigas da mendaz oposição ?

 
O dispendioso implante capilar do senhor Calheiros              

       Renan Calheiros prometeu ressarcir os cofres da União por ter usado avião da FAB para fins particulares (implante capilar e cirurgia nas pálpebras).  Assaltado, a posteriori da revelação, por dúvidas quanto à legalidade da boca-livre no transporte, Sua Excelência perguntou-se se havia cometido alguma “improbidade”.
      Ainda que a palavra do Senhor Renan mereça respeito,  seria quem sabe, importante verificar o montante da restituição pelo Senador alagoano.

 

Piranhas atacam na Argentina

       É impressionante a mobilidade tática da piranha, o não-tão simpático peixinho que ataca em geral em ordem unida. Os argentinos, que muitos pensavam livres de tais perigosas incursões, sofreram ataque próximo a Rosario, no rio Paraná, com pelo menos 70 feridos.
       No Brasil, a voracidade da piranha terá feito o nome do pescado ser apropriado por outras atividades, como a da personagem Aline, na novela Amor à Vida.

 

O STJD mantém Lusa rebaixada

 
       O leitor talvez saiba que sou um torcedor do Vasco da Gama. Essa condição, que é bem antiga, não me animaria, contudo, a defender a legalidade do recurso do Senhor Dinamite, para reivindicar a anulação da partida com o Atlético Paranaense.

       Mas também repugna ao meu sentido de justiça a punição à Portuguesa. O favorecimento ao Fluminense pode agradar à sua torcida – de resto acostumada a esse tipo de salvação, como a da operação de traslado da série C para a série A – mas o castigo ao time paulista foi excessivo e nunca deveria ter resultados esportivos com influência na colocação das equipes ao final do campeonato.

       Estas decisões no tapetão se deveriam circunscrever a faltas no campo e nunca à fixação da contagem de pontos, que será sempre melhor computá-las de acordo com os resultados no gramado, e não por votos de juízes esportivos.

       Daí o recurso à justiça comum, que aos gerarcas da FIFA horroriza. Dados os retrospectos respectivos, fico com a torcida da Portuguesa.

 

  A Crise de Recep Erdogan

        Há dois fenômenos que caracterizam amiúde os regimes personalistas mais duradouros.  O Primeiro Ministro Recep Erdogan evidencia ambos: a húbris, vale dizer a soberbia da autoridade, e a corrupção de seu partido islâmico.
        A investigação da corrupção levou à prisão de pessoas ligadas ao Executivo, como dois filhos do Ministro do Interior de Erdogan, assim como de outros dois membros da Pasta.

        Erdogan tentara sufocar as investigações, chegando a  estabelecer norma de que os investigadores submetessem suas descobertas previamente aos superiores. A Justiça, no entanto, bloqueou a medida. Por outro lado, um dos procuradores mais críticos às ações de Erdogan, Muammar Akkas, foi removido do cargo.
          Acuado, Erdogan tenta criminalizar os seus acusadores. De novo a praça Taksim, em Istambul, é palco de confrontos entre o povo e a tropa de choque.

     

 
(Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo)

Da Burrice Patrimonialista

                                       

        De volta, após breve pausa neste blog, a tevê e a leitura dos jornais apontam mostra que, como na fábula, o governo de Pindorama só vê, no seu breu mental, que a solução de seus problemas de caixa está para sempre encastoada na inchação da bolsa tributária.
        Muitos dos leitores se recordarão que os inconfidentes mineiros aguardavam como senha para tentar repetir a revolução americana – que sacudira os grilhões da pérfida Albion – o anúncio da temida derrama pelos prepostos de dona Maria a Louca. Assim, o braço imperial da metrópole lusa pensava resolver os problemas de sua  decadente ineficiência apelando para o burro, escorchante mais, como se não houvesse outra saída diante dos desafios da administração.

       As monarquias ibéricas atravessavam o século das luzes no black-out do absolutismo dos gostos suntuários e da condenação de irremediável retrocesso. Debaixo de sua pesada e entorpecida mão, se agitavam os espíritos impacientes de súditos que ansiavam por liberar-se de tão empedernidas estupidez e falta de imaginação.
      Será que o Brasil mudou tanto assim depois do iluminismo (que aliás esteve longe da península ibérica e, por conseguinte, de suas oficiais dependências coloniais) ?

      Sabemos que a ineficiência ibérica cuidou, pelas vias travessas da respectiva obtusidade, que o ouro das Minas Gerais e a prata dos veios de hispano-américa fossem parar na City de Londres, e até nas irrequietas províncias da Nova-Inglaterra. Essa ciência, no entanto, não parece aproveitar-nos de muito, eis que os governos da Terra de Santa Cruz continuam a incidir nos mesmos erros do colonizador.   
      O impostômetro – essa contribuição digital da Paulicéia – está aí, com os seus tristes recordes, para nos lembrar da sanha burra dos publicanos de hoje – federais, estaduais e municipais – arrecadando sempre e mais, seja para o ralo da corrupção, seja para as inelutáveis despesas estatais.

      O Brasil – e vai nisso um crescimento vegetativo que espelha o quão pouco se pensa sobre o assunto – tem carga tributária de primeiro mundo e serviços básicos à população de terceiro e quarto.
      Quando se falou em reforma fiscal e política – e esta oportunidade costuma surgir apenas no discurso de posse e nos primeiros míticos cem dias – a novel Presidente não se mostrou à altura do desafio. Preferiu delegar o assunto ao Congresso, o que equivale a enterrá-lo.

      Agora, com as compras de brasileiros no exterior, e os enormes, previsíveis déficits  nas contas correntes, a solução que o dílmico governo encontra para o desafio é a da repetição do erro. A Fazenda do Senhor Mantega responde de forma estúpida e repetitiva. Afinal, onde está a metodologia? Será que não há interesse em examinar as causas do problema? Qual a razão do aumento das compras no circuito de Elizabeth Arden?

       Pois a razão é singela, conhecida de todo aquele que se dispõe a comprar lá fora e não aqui. Como os produtos do Norte maravilha não estão sobrecarregados pela maquinal cobiça de nossos tributos, a diferença de preços é tal que provoca toda esta atração do consumidor.
        Dessarte, pela sua resposta automatizada, o governo de dona Dilma erra outra vez. A sua reação para lidar com esse desafio é uma vez mais burra. Se a causa que está na raiz dos êxodos dos compradores brasileiras é a carga tributária, grita aos céus que a resposta do mais imposto (O  IOF sobre cheques de viagem e cartões pré-pagos subiu de 0,38% para 6,38% !) não resolve nada, porque o consumidor encontrará maneiras de lidar com mais engonço tributício.

       Todos (ou quase) todos sabemos, que Dilma Rousseff e seu governo gastam muito. Esse segredo de Polichinelo está em todos os mercados, inclusive o daqueles que antes nos valorizavam pela exação nas contas.
       Sente-se pena de uma administração chefiada por uma economista que envereda pelas maquiagens fiscais e pela propaganda mentirosa (como a daquele provecto senhor que entra nas nossas salas para gabar a qualidade do atendimento médico do SUS). Com as diferenças de tecnologia – no século XVIII eram as chamadas Vilas Poniatowski para iludir a soberana Catarina da Rússia – e hoje as patranhas do SUS, que a peregrinação de uma mãe nas clínicas do DF, logo desmonta, pela cruel negativa de tratamento de urgência a uma criança de poucos meses.

       Por que ao Governo é proibido pensar ? Quase trezentos anos já passaram e a derrama dos impostos – reais ou ameaçados – prossegue na sua marcha inglória. Será que esse acúmulo de respostas burras e tristemente ineficazes não terá fim ?

 

(Fonte: O  Globo)

sábado, 21 de dezembro de 2013

Trincheiras da Liberdade (XI)


                              

Khodorkovsky  livre

 
        Os tzares breve completarão cem anos de ausência no Kremlin, os Secretários-gerais do PCUS pouco mais de vinte, porém a sombra do poder autocrático ainda se estende bastante nos amplos domínios da Federação Russa.
        Depois de muita luta e dez anos de cárcere, Mikhail Khodorkovsky alcança a sonhada liberdade que um dócil judiciário negara até o presente ao ex-proprietário da Yukos, que cometera o imperdoável crime de afrontar o tirano da vez.

       Em avião especial, na companhia do ex-ministro do exterior alemão Hans Dietrich Genscher,  o ex-detento nas prisões de Vladimir Putin se dirigiu para a Alemanha, aonde conta reencontrar-se com a família.
      Para os dois lustros de provação, na opinião de Genscher – que por duas vezes se entrevistara com o presidente Putin acerca da situação de Khodorkovsky – o ex-magnata da petrolífera Yukos mantém, na aparência, bom aspecto.

      Se as prisões russas continuam temíveis, manter-se válido não é pouca coisa.

      Por dispor de meios – e de amigos influentes – conseguiu afinal ter a masmorra pelas costas. Dentre os companheiros de infortúnio, que lograram sobreviver, sempre é oportuno recordar ao grande escritor russo Fiodor Dostoievsky. Deixou para a memória dos pósteros a cuidadosa e prudente ‘Recordações da Casa dos Mortos’. Fora o título, Dostoievsky tratou de polir as arestas, e não enegrecer demasiado a perspectiva, aduzindo amiúde a frase de que ‘hoje está tudo diferente e melhor’.

       Compreende-se a precaução  do autor de ‘Crime e Castigo’ e do ‘Idiota’. Acaso o antes mega-empresário e com ambições políticas, Mikhail Khodorkovsky se há de pautar no futuro por similares cuidados?

 

(Fonte:  CNN)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A Ucrânia na encruzilhada

                                  

         Segundo os especialistas em Ucrânia, esta antiga república soviética acha-se dividida demograficamente em componentes bastante equilibrados. Se na área oeste do país, a preferência é pelo Ocidente, já na área oriental o é pela Rússia. Nesse contexto, em todo o país, perguntados acerca da questão central da presente crise em que se debatem Presidente, partidos políticos, manifestantes e a própria população em geral, a consulta sinalizou que 37%  são  a favor da União Europeia e 33%, da União Aduaneira com a Rússia.
         Por força dos problemas fiscais ucranianos, se julga que o presidente Vladimir Putin, na sua disputa com Bruxelas, estaria assumindo consideravel risco  ao subscrever o equivalente a quinze bilhões de dólares de títulos da dívida  de Kiev, além de oferecer o substancial desconto no preço do gás natural (exportado pela Rússia para a Ucrânia) de 25%, a par de outras vantagens oferecidas a Kiev. Todo este pacote implicaria na adesão pela Ucrânia da União Aduaneira com a Rússia (de que participam a Bielorrússia e o Kazakstão). A pergunta que fica no ar é se Yanukovych poderá resistir à reação das multidões que na Praça da Independência de Kiev contestam justamente a sua liderança, por preferir Moscou a Bruxelas.

         Se Viktor Yanukovych é refutado pela maioria em Kiev, os especialistas em Ucrânia recordam que este presidente fora eleito por doze milhões e quinhentos mil votos em 2010, com a proposta de restaurar os laços com a Federação Russa.
         A sua principal adversária naquele pleito foi Iulia Tymoshenko, tendo sido a contagem dos sufrágios contestada em certas áreas. Verifica-se, outrossim, pelo cômputo geral, que o pleito foi assaz renhido, eis que a Tymoshenko obteve um total de 45,47% (apenas três pontos percentuais a menos do que o rival eleito).

         Aí está a verdadeira razão de todas as indignidades judiciárias que o regime de Yanukovych tem manipulado para agrilhoar a candidata com as tranças camponesas. No próximo pleito presidencial, marcado para 2015, Yanukovych quer ver o diabo, mas não Yulia Timoshenko, pela real ameaça que ela representa para a sua candidatura à reeleição.   
         Da judicialização das disputas políticas nos países da antiga órbita soviética, a Tymoshenko constitui o exemplo mais escandaloso. O recém-eleito Yanukovych obteve de um dócil juiz pesada pena para a sua mais séria (e, portanto, mais temível) rival. Todas as tentativas – inclusive da União Europeia – de pôr um termo a tal escândalo judiciário – a ex-primeira ministra continua encarcerada no lazareto de Kharkov – tem sido contornadas pelo presidente. Para os dirigentes oposicionistas, Yanukovych pode até mostrar seletiva clemência, mas tais anistias mais servem para falsear o problema maior – a injusta prisão da Tymoshenko – e assim mostrar um suposto mas espúrio espírito de conciliação. Como o óbvio escopo é mantê-la presa, tudo não passa de um cínico espetáculo em que tudo é válido para Viktor Yanukovych, desde que sua adversária-mor continue presa.  

          

(Fontes:  The New York Times;  Folha de S. Paulo )

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Revista da Semana (II)



Compra de 36 caças suecos

        Sem a tradição aeronáutica estadunidense e francesa, a sueca Saab levou vantagem pelo preço (US$ 4,5 bilhões), com ampla transferência de tecnologia e participação brasileira no desenvolvimento do modelo Gripen NG.
       Depois de uma demora de doze anos – o modelo Rafale, da francesa Dassault, vencera praticamente a concorrência, mas Lula da Silva, por motivos políticos, acabou voltando atrás – agora é hora de substituir os obsoletos Mirage da FAB.

       Adquirindo o modelo mais barato, o Brasil corre um risco: o Gripen NG nunca foi testado em operações reais. O seu protótipo voou até hoje 300 horas, o que é pouco em termos aeronáuticos.
 

Bondades Natalinas de gospodin Putin ?


        A simpática gaúcha Ana Paula Maciel,  do Greenpeace, que aguardava livre a licença para deixar a Rússia, foi anistiada por uma lei aprovada na Duma (Câmara baixa), por óbvia iniciativa do Kremlin.
        Muito provavelmente por conta da Olimpíada de Inverno em Sochi,   o governo Putin cuida  de dar uma arrumada na tenebrosa fachada  russa em termos de direitos humanos.

        Depois de preso por mais de uma década, Mikhail Khodorkovsky, o antes bilionário proprietário de empresa energética, respirou fundo e submeteu ao Presidente Vladimir Putin um apelo para ter comutada a pena.  E – vejam só! -  o presidente resolveu conceder-lhe o indulto !
        E sem esquecer as meninas do grupo punk Pussy Riot - ousaram organizar manifestação contra o governo Putin em catedral ortodoxa de Moscou -  que também foram anistiadas.  Essas, por pouco tempo, eis que deveriam purgar a pena em março próximo.

        Pelo visto, Alexei Navalny, condenado por um fajuto desvio de fundos, teve a pena de seis anos suspensa. Corajoso e carismático, ficou em uma espécie de limbo. Como é popular, e enfrenta gospodin Putin, a quem chamou de corrupto, não teve a situação esclarecida. Por isso...
       Há dúvidas no que concerne ao alcance dessa lei natalina. Para o governo, são quinze mil!  Já os ativistas de direitos humanos, os beneficiários encolhem para três mil. Se beneficia vítimas da injustiça, a legislação não apaga a ficha criminal dos condenados.

 
O  IPTU de Haddad

          A brutal alça (até 35%) aplicada pelo ‘poste’ Fernando Haddad – segundo consta o criador Lula da Silva lhe teria aplicado um bom puxão de orelhas – continua sofrendo nos tribunais. Agora foi a vez do Superior Tribunal de Justiça a negar fundamento na pretensão da prefeitura de derrubar a sentença do Tribunal de São Paulo.
         E Haddad pensa apelar para o STF, embora tema a decisão do Supremo do Ministro Joaquim Barbosa...

 
A  lenta queda dos estímulos da Federal Reserve

 
          O Banco Central Americano anunciou, por intermédio de seu presidente Bernanke, em fim de mandato, que começará a reduzir seu programa de estímulos à economia, legado da grande crise financeira.  De conformidade com o programa de facilitação quantitativa (setembro de 2012), a compra mensal de títulos estava orçada em US$ 85 bilhões. Passa para US$ 75 bilhões em janeiro de 2014. Não se trata, porém, de aperto monetário: os juros continuam baixíssimos (entre 0 e 0,25% ao ano).

           O nervosismo do gastador governo de D. Dilma é visível. A Presidenta declarou que “O Brasil nunca esteve tão preparado. Não estamos mais naquela fase que o pessoal dizia: espirrou nos Estados Unidos, pneumonia no Brasil.”
           A opinião da gente do ramo é um pouco diversa. Miriam Leitão: ‘A redução dos incentivos monetários ... é uma pequena redução (dez bilhões) mas (aponta) para a valorização do dólar. O Brasil vai passar por essa transição com déficit em transações correntes.’

           Por sua vez, o renomado economista Randall Kroszner,  põe o dedo na(s) ferida(s): “ Os (países) mais atingidos são os que têm déficit em conta corrente, uma situação frágil de suas economias. Eles estariam mais sujeitos a qualquer choque. No caso do Brasil, ele é frágil também em termos fiscais. Acho que o governo  está gastando muito dinheiro e não está claro se isso vai mudar.”
 

Presságio agourento ou não ?  

           Apertem o cinto!  Segundo O Globo, “a presidente Dilma disse que até o carnaval trocará dez ministros que disputarão as eleições, e que Guido Mantega ficará na Fazenda.”
            Gente de pouca fé, regozije-se! Ao dizer que Mantega ficará, a Presidenta quer tranquilizar o mercado, porque todos sabem, dentro dessas condições, quem realmente manda na Fazenda...

 
Os Abusos da Agência de Segurança Nacional

 
             Comissão criada pela Casa Branca fez 46 recomendações para limitar o programa de vigilância da NSA. Como muitas dessas diretivas dependem do poder executivo, é de aguardar-se a reação de Barack Obama. Dentre um dos aspectos mais suscetíveis de causar atritos como a espionagem de líderes (presidentes e primeiros ministros), a iniciativa, segundo sugere a comissão, deveria ser de iniciativa presidencial.

 
 O projeto Merkel-Rousseff

               O noticiário internacional apresenta uma salada de erros no que respeita ao projeto, aprovado pela Assembléia Geral, de autoria de Brasil e Alemanha, quanto à tentativa de espionagem internacional.
               No caso, não se trata de resolução  - que é atribuição normativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas – e sim de recomendação.  Enquanto as disposições do CSNU tem caráter normativo e impositivo, as recomendações da AGNU tem viés suasório. Procuram persuadir, mas não são imperativas.

               Em outras palavras, se jogam para a plateia, e podem participar da disputa pela opinião pública internacional, nada ou muito pouco asseguram em termos de proteção efetiva às autoridades nesse campo.

              Se se quer assegurar a proteção à informação de interesse nacional, o caminho será o avanço na tecnologia, a par da cautela em termos de informação e de meios pouco seguros. Nesse campo, os mineiros deveriam, no Brasil, ter a primazia.

              E Dilma Rousseff – quem diria, hein? – que balança entre dois estados pode então apelar para o jeitão das Alterosas...

 
A Derrota do Atlético Mineiro

 
             O time de Cuca saíra de tantas situações impossíveis, com grandes reações e reviravoltas – quem há de esquecer o pênalti defendido com o pé por Victor? -, que o céu era o limite em termos de teimoso otimismo no jogo contra o Raja Casablanca. Via-se o desacerto da equipe mineira, mas o torcedor se aferrava à esperança no retrospecto.
             O árbitro espanhol, se não gosta de cartões amarelos, parece ter vista de lince para pênalti, porque o lance foi ultra-duvidoso.

             O jogo, assim, foi decidido não da melhor forma. Outro aspecto determinante, a meu ver – além da contribuição de Sua Senhoria - foi a falta de forma de Ronaldinho Gaúcho, saído de longo tratamento por contusão. Deu para marcar um gol de falta, mas não para desequilibrar a partida, como é seu hábito.

 

(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo,The New York Times)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Secos & Molhados: Governo errático

                          

        Como no governo de dona Dilma, as regras são mudadas a toda hora, mais este episódio no Armazém Mantega & Cia.  não deve causar espécie, pois na verdade mantém o retrospecto, o que vale dizer nada é firme, e tudo fica sujeito a chuvas e trovoadas.
         Vejam, ilustres passageiros que o tipo faceiro de Guido Mantega nos apronta mais uma confusão. Recordam-se, sem dúvida, da decisão da Fazenda de suspender pelas montadoras certas medidas de segurança – que são regulamentares em muitos países – a pretexto de que a sua introdução encareceria os veículos.

         Provocou muitas dúvidas e não poucas observações negativas de que o intuito da administração de manter baratos os preços dos veículos a obrigasse igualmente a suprimir medidas de segurança automobilística (no caso airbag e freios ABS).
        Agora, o Ministro Guido Mantega volta atrás, e diz que as peças de segurança serão, afinal de contas, instaladas. A sua inclusão estava prevista desde muito, mas foi cancelada de repente, sob a rationale de manter baixos os preços (além de preservar os empregos).

         Esse estilo amadorista de governo, em que nada é certo (nem aquilo que está predeterminado na legislação) só contribui para gerar confusão. Nessa tática varejista – que se repete nas desonerações fiscais de certos produtos – só se aumenta a incerteza do capital, que não sabe o que vai ocorrer. E esta uma das causas principais do antigoverno de D.Dilma Rousseff.
         Se há setor em que a segurança é elemento fundamental, é na economia. A propósito, me recordo da frase de um velho amigo ‘nada é seguro no subdesenvolvimento’.

         Esta verdade, própria dos países e das economias subdesenvolvidas, seria de pensar que dela estivéssemos livres, porque com o desenvolvimento viria a certeza de que se encarregam as autoridades de transmitir aos agentes industriais, aos investidores, ao capital, e ao público consumidor.
          Se, no entanto, mudamos as regras a cada questão, esse voluntarismo na economia só tende a gerar confusão e, o que é pior, insegurança nos agentes econômicos...

          Será que, ao invés do improviso como regra um, e da inexistência, em princípio de determinações seguras e confiáveis, como regra dois, nos esforçássemos em reestabelecer a ortodoxia econômica e financeira, como regra única, revogadas as disposições em contrário ?
          Se nos livrarmos do errático e do voluntarista, que tal a experiência adquirida e o dever de casa bem feito?  Assim, até em reuniões internas da Secretaria do Tesouro não se increparia ao chefe – que quer apenas agradar sua Chefa – artifícios, lambanças, improvisações e contabilidades criativas nas contas fiscais...  

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O Presidente Ioiô

                                              

        Nunca presidente de uma nação mostrou mais flagrante desrespeito pela vontade da maioria de seu povo.  Depois de longa negociação com a União Européia, subitamente Viktor Yanukovych encontra-se com seu vizinho, o Presidente Vladimir Putin, da Federação Russa, e, sem mais, sinaliza para os ucranianos que se apresta a entrar para a União Aduaneira organizada por Moscou, a que se associam a Bielorrússia, o Kazakstão e outras ex-repúblicas da esfera soviética.
       Quanto ao longamente negociado Acordo com a União Europeia, que a população ucraniana vê com favor, ao firmar laços com o Ocidente, Yanukovych, sem pestanejar, o joga às urtigas. Assim, a longamente planejada reunião em Vilnius, na Lituânia, dela não mais participará o governo de Kiev.

      A maneira abrupta e desdenhosa com que desfaz da vontade do povo ucraniano não poderia ter sido expressa de forma mais brutal por alguém que, ao invés, deve ter sempre presentes as prioridades da nação.
     Sem mais a quem recorrer do que a si próprio, e a manifestar nas ruas e na praça da Independência o que, nem o Gabinete, nem o Parlamento, se acha em condições de fazê-lo, o povo acorre ao centro de Kiev, vindo de todas as partes do país, para manifestar sua indignação e restabelecer a vontade soberana da sociedade, no sentido de que Yanukovych não mais olhe para o passado e a antiga metrópole, mas encare a opção do Ocidente e da democracia.

     A coragem e a fortaleza da multidão por duas vezes prevalece, arrostando rigor e  inclemência do tempo, assim como os embates com a polícia de choque, desmoralizando a cada vez os intentos de sufocar seja pela força, seja pelo cansaço o propósito de uma gente que prefere a liberdade aos acenos de gospodin Putin, sucessor dos tzares e secretários-gerais da União Soviética.
     Nem a lição da mesa redonda de 2004 que, com a revolução laranja, anulara a eleição fraudulenta de Yanukovych, e no reconvocado pleito, escolhera Viktor Yushchenko, parece capaz de mostrar ao presidente atual a importância de respeitar a vontade do Povo.

      Mais uma vez, o presidente enjeita a preferência do povo, e se reúne com Vladimir Putin. Sob as muralhas do Kremlin, Yanukovych se reúne com Putin. Surdo aos protestos, e agindo como se fora um autista, o presidente ucraniano  revela que o novo-velho acordo abrange indústria, agricultura, defesa, construção e transporte.  Na conformidade do cenário imperial, os dois presidentes proclamam que a planejada cooperação será benéfica para os dois países.
       Ainda mais, acrescenta Putin, ‘Estamos prontos a examinar a possibilidade de maior aproximação nas esferas econômica e política’.

       Diante de presidente que diz uma coisa na véspera – sob a pressão de seus predecessores e dos líderes parlamentares, que buscam expressar o sentir da maioria – mas logo atende aos chamados de gospodin Putin, para dar o dito por não-dito, só resta ao Povo da Ucrânia voltar às gélidas praças e aos palácios sem calefação, para impor a própria vontade.
       Como para eles a liberdade e o direito de decidir do respectivo destino são conquistas recentes, preferem defendê-las como se fossem antigos e preciosos bens, a exigir todo tipo de sacrifício.

       De longe, a tudo assiste do catre de Kharkov vítima ilustre de Viktor Yanukovych. Mas não há opróbrio que sempre dure, nem fasto que nunca se acabe.
       Pois a paciência da multidão revolucionária, sobretudo se à frente desfraldam os estandartes da democracia, pode ter limites, para que uma vez mais se repitam os trágicos choques entre o déspota de turno e a anônima, mas luzente infantaria da liberdade.    

       

(Fonte: CNN)    

Snowden no Brasil ?

                                 

        Edward Snowden, que revelou ao mundo a ação da Agência de Segurança Nacional (NSA), em termos de coleta cibernética de informações, dirige mensagem on-line através de carta aberta ao povo do Brasil. A iniciativa precederia um apelo direto à Presidente Dilma Rousseff.  Essa ação, que é estimulada por Glenn Greenwald, o correspondente do Guardian no Rio de Janeiro, seria maneira de reforçar a aspiração do ex-contratado da NSA de ter o asilo concedido pelo governo do Brasil.
        Snowden, que dispõe atualmente de asilo provisório de um ano na Federação Russa – e que por isso tem bastante limitada a própria ação – contaria transferir-se para um país como o Brasil, que lhe concederia asilo permanente.

        Em contato com Greenwald, a iniciativa se propõe colher o apoio da Presidente Dilma Rousseff.  Logo após chegado à Rússia, Snowden apelara para diversos governos, inclusive o do Brasil. Recebeu respostas favoráveis de Bolívia,Venezuela e Nicarágua,
        Posto que Brasília não tenha respondido à mensagem de Snowden, este, com o apoio de Greenwald e de David Miranda, prefere esperar na resposta favorável do governo brasileiro.

        No entender de Miranda, “o Brasil é o lugar ideal por ser um país politicamente forte, onde as revelações tiveram um impacto real”.
        Se bem que o âmago da questão esteja no seu aspecto político – questão que pela sua relevância e implicações só pode ser decidida pela Presidente da República – o argumento jurídico para persuadir a autoridade brasileira estaria na circunstância de que os direitos humanos de Snowden estão ameaçados.

        Segundo o correspondente do Guardian – que repassou para a mídia informes sobre a conduta invasiva da NSA, incluídas informações coletadas sobre a Presidenta – “se o Governo brasileiro agradece a ele pelas revelações, é lógico protegê-lo.”
        Restam poucas dúvidas de que o funcionário contratado da NSA, cuja fuga rocambolesca das autoridades americanas se iniciou em Hong Kong, está inserido em longa tradição de nacionais americanos que se decidiram, em épocas históricas distintas, a vir a público com a divulgação de informações confidenciais concernentes ao governo estadunidense. Muitos deles, como no caso dos Pentagon Papers (documentos do Pentágono), não hesitaram em divulgar tais papéis, malgrado as consequências pessoais enfrentadas, com a justificativa do interesse maior da opinião pública.

       O apelo de Edward Snowden  - explicitado em sua Carta Aberta ao Povo Brasileiro, publicada pela Folha – coloca uma questão de suma relevância, e não menos pelas possíveis e eventuais consequências que teria para o Brasil. Acolher Snowden, com a liberdade de ação que pleiteia, é uma questão, que pode, tanto ser um problema, quanto uma oportunidade.
      Não é apenas algo que venha a fechar ocasiões sociais, como recepção e jantar na Casa Branca. A par de um país com tradição diplomática e política, peso internacional e história que lhe atribuam o status necessário para conceder o asilo – Brasília não respondeu ao primeiro apelo, mas o seu silêncio ressoa mais forte que a disponibilidade de outros países latino-americanos – a gestão de Edward Snowden, intermediada por Glenn Greenwald, não é assunto a ser decidido por autoridade ministerial.

      Configura um daqueles tópicos que para o Presidente Harry Truman deveriam ir direto para a mesa da mais alta autoridade nacional.

      É uma decisão fácil? Decerto, não.  Mas é bom lembrar que ex-officio cabe à Presidenta a última palavra, e não por acaso, mas por determinação de 55 milhões e 752 mil votos do Povo brasileiro.

      É, sem dúvida, escolha árdua, digna de Presidente da República.

      Com a palavra, Dilma Rousseff.

 

(Fonte: Folha de S. Paulo )

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PIF PAF (X)

                                                 
Morre  Peter O’Toole

 
       Morre um grande ator, de que, em especial, recordamos a interpretação em Lawrence da Arábia, o clássico dirigido por David Lean. A mídia americana ressaltou que O’Toole recebera oito indicações para o Oscar.

       Qualquer coisa me cheirou estranha. E havia! Peter O’Toole tivera oito indicações (nominations) para o prêmio da Academia, mas, como Carlitos, não havia ganho nenhum Oscar !
       Nesses casos mais gritantes de negação clara de valor – sempre morrendo na praia – a Academia dá um jeitinho e outorga um Oscar especial, de consolação, que os agraciados, talvez erroneamente, aceitam. Como o fizeram o maior cineasta de todos os tempos, Charlie Chaplin e também O’Toole.

      Nem sempre é fácil recusar um Oscar, como o fez Marlon Brando.

 
Lei de Acesso à Informação

 
     Como os dezessete leitores do blog bem o sabem, não tenho procuração para defender o governo. Se tampouco padeço do vezo hispânico (hay gobierno ? soy contra!), é mister procurar ter algum equilíbrio.

     Hoje, O Globo, em manchete, vê falta de transparência na circunstância de que a Lei de Acesso à Informação só teve um recurso atendido.
     Na verdade, não é bem assim. A própria notícia já é capenga, e não reconhece o óbvio. Em letra pequena – mas na primeira página – o jornalão registra que dos 139 mil pedidos de acesso à informação,  102 mil foram concedidos.

     No entanto, quando a questão vai para comissão de ministros, dos 260 pedidos analisados, apenas um recurso foi acolhido.  Então, houve 259 denegados !

 
Manifestações na Ucrânia. Dissimulação de Yanukovych

 
     É válida toda a desconfiança das forças democráticas na Ucrânia!  O presidente Viktor Yanukovych confia no cansaço da oposição, seja dos manifestantes na Praça da Independência, seja das forças políticas empenhadas em uma real abertura para o Ocidente.

     Neste sentido, pareceu-me relevante a decisão da Comissão de Bruxelas interrompendo as ‘negociações’ com a delegação dos poderes constituídos em Kiev.
     E mais importante ainda a motivação invocada.  Yanukovych manda altos funcionários para supostamente reatar as negociações com a União Européia, mas na verdade faz apenas jogo de cena, simulando um interesse que não tem em abrir  da vero negociações com o Ocidente.

     Pois o sinuoso presidente Yanukovych bem conhece o que elas, em verdade, significam: laços mais estreitos com a Europa, e por conseguinte doses excessivas de liberalismo – inclusive com a libertação da sua por ele detestada opositora Yulia Timoshenko -, enquanto afasta a Ucrânia do bom tio Putin e de suas lições de como tratar os oponentes e os excessos da praça e da Oposição...

 
Estende-se o Tapetão do STJD

 
     Os campeonatos – e suas consequências – devem, se possível, adstringir-se ao campo do velho esporte bretão.

     Querer resolver os problemas (e as falhas na técnica futebolística) no tapetão é um vício do futebol brasileiro.  Apesar de laços clubísticos em contrário, concordei plenamente com o não-recebimento do recurso do Sr. Roberto Dinamite. Se há algum culpado pelo fato de o CRVG ter caído novamente para a Segundona, esse responsável não é nem o clube paranaense, nem a interrupção no jogo, motivada igualmente pelo comportamento também inadmissível de uma parte da torcida vascaína.

     O que surpreende, no Vasco, é que depois de todos os seus erros e incorrigível incompetência, o Senhor Dinamite continue como presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama. Ao desfazer-se de quase todo o capital do clube – e em qualquer clube o seu capital são os jogadores – o Sr. Dinamite mostrou o que não se deve fazer. Até o ótimo goleiro vascaíno – Fernando Prass – ele vendeu para o Parmera, ficando com arqueiros fraquíssimos, irremediáveis frangueiros... que pontualmente comprometiam as eventuais (mas raras) reações do resto do time.  
     Para resolver esse problema da violência das torcidas, uma viagem a Londres e a cópia do tratamento de choque pelas autoridades britânicas nos hooligans[1] seria, por primeira vez, muito aconselhável.

    O que – sem intenção de trocadilho – afigura-se de todo descartável é tratamento para inglês ver...  

  As Mortes de Operários e o Padrão Fifa

      O que os figurões da Fifa dirão das mortes de operários no Itaquerão (SP) e em Manaus?  O padrão Fifa e a urgência na obra estará por trás das tragédias? Em São Paulo, um operador de guindaste há dezessete dias sem folga e as duas mortes de operários, esmagados ao despencarem as lajes? E em Manaus, outros dois óbitos igualmente de operários (estes por não terem equipamentos de segurança)?
      Além das frases soltas para consumo jornalístico, o que se fará para as famílias, privadas de arrimo? E além das explicações que nada justificam, o que se realizará com vistas à indispensável maior proteção no Brasil dos operários – que carece de ser obrigatória, com pesadas multas sobre as empresas que são as verdadeiras responsáveis? Ou tudo ficará nas lágrimas de crocodilo das mega-empresas, enquanto se sacrificam esses anônimos mas imprescindíveis autores dos templos do esporte bretão, que à diretoria da FIFA e à choldra dos cartolas tantos benefícios colaterais ensejam?

 

 

(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, New York Times)




[1] Cafajestes não é talvez a boa tradução, mas com pitadas de violência é a tradução recomendável.