É tempo de estatísticas macroeconômicas. Basta rápida olhada nos jornais para que nos demos conta de que, lá como cá, as coisas não correm bem. Na Europa e nos Estados Unidos, as economias não logram desembaraçar-se da crise financeira internacional. O desemprego beira os onze por cento na Zona do Euro, e mais uma vez, as novas contratações tropeçam na Terra de Tio Sam. Com a elevação da taxa de desemprego nos EUA para 8.2% (de 8.1%), os indicadores são agourentos para a candidatura de Barack Obama à reeleição.
Será acaso motivo de júbilo que os nossos dados econômicos tampouco sejam animadores ? É lógico que não, mas a pergunta é apenas a consequência de uma mistura de ufanismo ( da marolinha, lembram-se ?) e de oportunidades perdidas.
De início, os dados. Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu tão só 0,2% no primeiro trimestre de 2012, em relação aos três últimos meses de 2011. Na verdade, é a mesma taxa do trimestre anterior.
Houve forte queda na agropecuária ( menos 7,3%), que se deve sobretudo ao corte na produção de soja, por causa da seca, que também afetou a agropecuária em geral. Além disso, os investimentos caíram 1,8%, que é a maior redução desde o primeiro trimestre de 2009. Assinale-se, outrossim, desde o primeiro trimestre de 2010, a variação dos investimentos vem decaindo de forma sustentada (a partir de 29,9% caindo no negativo a partir deste primeiro trimestre de 2012).
Como vivemos em economia globalizada, e com o natural efeito de contração nas aquisições de outros países – a China já registra redução, com 8,1% no primeiro trimestre – os efeitos teriam de repercutir nas nossas transações externas. Exportações e importações (6,6% e 6,3%), praticamente se equalizam no crescimento.
Sem embargo, o desempenho da economia brasileira em relação aos demais BRICS, é o pior de todos. Assim, o primeiro trimestre deste ano comparado ao primeiro trimestre de 2011, dá para o Brasil crescimento de 0,8%, que é de longe o último destes cinco países.
Consoante os analistas econômicos, é uma quase impossibilidade que, dentro do atual cenário mundial, e com as nossas limitações, o Brasil venha a crescer em 2012 mais de 2,5%.
No entanto, nessa sopa de dados há alguns que intrigam. O crescimento da indústria – apesar de mínimo: 0,1% - discrepa do quadro. Por sua vez, o mergulho na agropecuária (menos 8,5%) se deve sobretudo à queda na produção de soja, que equivale a um quinto do PIB agrícola, como assinala Miriam Leitão.
O que fazer para reverter o quadro ? Há a tentação de diminuir o superavit primário – a quantia que se destina ao pagamento dos juros da dívida.
Se o Governo procurar alavancar a economia através do consumo das famílias (com desonerações fiscais e maior flexibilidade creditícia) ter-se-ão presentes as limitações desse curso, pelo maior endividamento decorrente. De qualquer forma, a taxa Selic já toca limites históricos, e as reduções possíveis dependem da encruzilhada inflacionária.
Por outro lado, vai depender muito do destino que as autoridades competentes (no caso Dilma e Mantega) venham dar às inversões. Estamos em ano eleitoral, e existe sempre a tentação petista de incrementar as despesas de custeio. O aumento dos empregos – seja em funcionalismo, seja em dispêndios assistencialistas – tem muito pouco flexibilidade, além de não se compararem, em termos econômicos, com investimentos em infraestrutura.
A par disso, a carga fiscal continua muito alta, e a sua tendência semelha sempre para cima. O Governo Dilma perdeu o bonde das reformas, a começar pela fiscal. Tem-se visto o quanto pesam os tributos no preço de tudo quanto esteja em oferta no mercado, a principiar pela energia.
Por outro lado, ao arrocho fiscal não corresponde uma política de aproveitamento comparável ao sacrifício que se exige do contribuinte individual ou pessoa jurídica. O impostômetro, simbolizado pelo agitado letreiro, na prática vai sufocando a atividade econômica, enquanto parcela ponderável dos tributos se esvai nos ralos da corrupção.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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