sábado, 9 de junho de 2012

Notícias do Front (22)


 O que fizeram da UNE ?

     O desvirtuamento da UNE já era conhecido. Desde que entrara para a órbita do PCdoB, inserida dentro da repartição de verbas governamentais, a UNE perdeu qualquer contato com a aguerrida independência de outrora –  por  isso  sua sede no Flamengo fora prontamente queimada pelos meganhas do golpe militar – e se tornou mais uma autarquia chapa-branca.
    Já ensinam as velhas escritas que não se pode servir a dois senhores. No momento em que virou dependência do PCdoB, acostumou-se às benesses do governo petista. Sendo um simulacro do passado, as dotações lhe trouxeram gorduras mas de cambulhada se foi o antigo viço e a altaneria do movimento estudantil.
   Será triste reconhecer, mas acaso surpreende que o Ministério Público ora descubra notas frias e gastos com compras de bebidas alcoólicas, entre outras maracutaias, nas prestações de contas de o que virou dependência governamental adstrita à órbita do PCdoB ?
  No passado distante, a UNE só prestava contas à sociedade civil, pela coragem e a própria liberdade, preciosa moeda que, junto com o respeito do povo, lhe valeria indizíveis sacrifícios na cruel contabilidade da ditadura.
 

Os cidadãos comuns e os funcionários do Congresso

    Não foi há tanto tempo assim que el-Rei Dom Lula interveio na refrega e salvou do cutelo o fidalgo José Sarney. De certo modo, a ação foi fulminante, mas o resultado não iria favorecer a boa causa. Graças às hostes presidenciais e à gente petista não seria preservado apenas o presidente do Senado, de quem se reclamava a renúncia, até com o cartão vermelho dos juízes de futebol.
    Na terra do Rio do Letes, esqueceu-se o escândalo dos atos secretos, a inchação de falsos diretores e os gordos salários que escarnecem das magras pagas de professores e altos funcionários.
    Só circulam na internet as denúncias contra essa vergonha e outras mais. Por quanto tempo ainda teremos de aguentar a frase do general de Gaulle de que o Brasil não é um país sério, e ver que, a despeito dos anos, ela continua válida ?
 

O voto em aberto nas cassações de mandato


    Cresce a pressão para que o eterno Presidente do Senado, José Sarney, coloque afinal em pauta e votação a proposta de emenda constitucional (PEC) para que o voto dos congressistas seja em aberto – e não mais secreto – na votação de cassação dos insignes senadores (e deputados) suspeitos de infração contra o decoro parlamentar.
    Essas PECs não tão estranhamente assim permanecem na gaveta de Sua Excelência desde 2006. É mais fácil para os senhores senadores (e deputados) votarem pela inocência de um colega (que foi, por exemplo, flagrado recebendo propinas), encobertos pelo encardido manto do anonimato, do que enfrentar as incômodas luzes da verdade, e reconhecer perante os eleitores o seu perdão corporativista.
    Dentre os senadores, Renan Calheiros, v.g., já escapou de dois ordálios. No plenário do Senado, em voto secreto, as bancadas votaram pela sua permanência. Agora, quando se fala até de um possível perdão para Demóstenes Torres, caberia sem dúvida a pergunta: até quando se desrespeitará o Povo Soberano ?


O Preço da Farra

    Não foi há tanto tempo assim que a Veja-Rio fez matéria de capa ‘O Preço da Farra’,  reportando-se ao excesso de feriados e dias ‘enforcados’ que faz do Rio de Janeiro o estado brasileiro que mais para durante o ano.
    O chamado ‘ponto facultativo’, fenômeno de hipocrisia que se pode referir a toda Pindorama, chegou a ser aplicado no Rio como instrumento eleitoral, tornando possível a vitória do candidato do Governador do Estado à prefeitura carioca através dessa artimanha.
    Na última ‘ponte’ – o feriado de ‘Corpus Christi’ caíu na quinta-feira – se deparou o esvaziamento do Rio de Janeiro já na tarde de quarta, com levas de turistas prelibando mais um longo fim de semana.
    Se o tempo  há muito já saíu da órbita dos deuses, e passou a previsível fenômeno atmosférico, todo esse mau tempo caindo  sobre tantos pressurosos em férias chega até a evocar antigos caprichos da divindade...


E os Suplentes no Senado


    Forçoso será reconhecer que a Constituição Cidadã de Ulysses Guimarães poderia ter evitado esse deslize. Com efeito, é inadmissível que perdure no Senado da República a excrescência legislativa que são os suplentes.
    Ao invés de outros países mais sérios, a Constituição de 1988 permitiu a permanência dos suplentes, no feitio patrimonialista. Cada Senador aponta uma lista de até três suplentes, que o substituem nos seus impedimentos, e se apossam do mandato popular, em caso de renúncia ou morte do titular. Já houve substitutos que, sem nenhum voto sequer, permaneceram na Câmara Alta por sete anos (o mandato como se sabe é de oito).
    Hoje há cerca de vinte suplentes em função, todos eles sem voto, mas com a devida pose senatorial. Até quanto se permitirá esse desrespeito ao eleitor ?



( Fontes:  O Globo, Veja )

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