sábado, 16 de fevereiro de 2019

Oito Funcionários da Vale presos pela Justiça


                    

        Oito funcionários subalternos da Vale - responsáveis pela segurança em Brumadinho - foram presos temporariamente.
          Estão sendo investigados para determinar sua eventual participação em "centenas de crimes" de homicídio qualificado.
           Até ontem,  existiam 166 mortos e 144 desaparecidos (em especial aqueles que se achavam no refeitório na hora da avalanche da lama)
            Os pedidos de prisão foram baseados em e-mails, que indicariam que a minera-dora - e por conseguinte a sua direção - sabia de problema na estrutura da barragem.
              Para o Ministério Público de Minas, não houve acidente, mas crime doloso (com intenção) e por isso  é preciso  investigar até a cúpula da Vale."Neste momento, é necessária a tutela da investigação , para que se apurem  todos os responsáveis pelo ato,  se aqueles que ocupam os cargos mais relevantes da Vale S.A.  tinham conhecimento da  situação", escreveu o juiz Rodrigo Heleno Chaves, de Brumadinho, na sentença que autorizou as prisões temporárias por trinta dias. "É sim, possível, que os oito funcionários, mesmo não querendo diretamente que o resultado ocorresse (a tragédia) tenham assumido o risco de produzi-lo,pois já o haviam previsto e aceitado as suas consequências."
                Entre os presos estão quatro gerentes (dois deles, executivos), e quatro  integrantes das respectivas equipes técnicas da barragem: Joaquim Pedro de Toledo; Renzo Albieri Guimarães Carvalho:  Cristina Heloiza da Silva Malheiros;  Artur Bastos Ribeiro; Alexandre de Paula Campanha; Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo; Hélio Márcio Lopes da Cerqueira; e Felipe Figueiredo Rocha.
                  A solicitação tomou por base trocas de e-mails entre funcionários da Vale e da consultoria alemã Tüv Süd - que atestou a estabilidade da estrutura. Anteriormente, quatro funcionários da empresa haviam sido detidos pela investigação - ontem, o juiz negou as prisões de outros quatro técnicos da empresa alemã, solicitadas pelo MP.
                     Na decisão, o juiz anotou que "diante de todas as anomalias verificadas na barragem B1 (Mina Córrego do Feijão) desde meados de 2018, aliadas à alteração drástica nos piezômetros (medidores de água) verificada em janeiro de 2019, aparentemente não havia outra alternativa aos funcionários da Vale senão a de acionar o  Paebm (Plano de Ação de Emergência para Barragens), com imediata evacuação da área". Saliento, por isso, que as fundadas razões de autoria do crime de homicídio qualificado dos oito  funcionários da Vale ora  representados  fundam-se na concreta possibilidade da assunção do risco de produção do resultado por eles... Em um país que se pretende sério, fatos com tal envergadura e seriedade, com consequências nefastas para a sociedade, merecem total e profunda apuração" disse o juiz.
                    "Representantes da empresa afirmam ter sido um acidente, mas temos a convicção de que houve um crime doloso", disse  o promotor William Garcia Pinto Coelho, da área criminal da força-tarefa que investiga a tragédia. Segundo o promotor Leandro Wili, responsável por cumprir  um mandado de busca na sede da Vale, o objetivo foi recolher documentos do Conselho Administrativo da Vale.  "Queremos saber como isso foi discutido na empresa. Se isso chegou ao Conselho, aos órgãos da cúpula."

                   Pressão. Nos e-mails, que dão base às prisões, o MP vê pressão por parte de representante da mineradora para que o laudo de segurança da barragem fosse assinado. O promotor afirma que a palavra "blackmail" - que significa chantagem - foi citada.
                      Todos os presos ontem tinham, segundo o promotor, algum conhecimento de que havia problemas com a barragem. "Houve um conluio de forma que fosse escondido do poder público a situação real da barragem. Funcionários participaram ativamente para dissimular a situação", disse.  Oficialmente, Tüv Süd e Vale dizem colaborar com as apurações."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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