domingo, 18 de agosto de 2013

Colcha de Retalhos A 30

                                          

 O Problema Demográfico na Alemanha

 
          Não é a primeira vez que o Herald Tribune se ocupa da questão demográfica na Alemanha. Nem o envelhecimento da população constitui problema que afete unicamente àquele país. Mesmo  estados, antes com altas taxas de natalidade, sofrem na Europa a ameaça de um decréscimo, pela marcada tendência de os casais  restringir os filhos. Na Itália, por exemplo, país em que pela religião e  falta de controle natal não existia no passado outra saída que a emigração. Desde o final do século passado se assinala a escolha de atrasar a vinda da prole, que muita vez se cinge a  apenas um filho, programado para o fim da idade dos trinta.
          A redução demográfica não paira somente na Europa Ocidental. A própria Rússia enfrenta esse desafio. Mais se analise a questão, e mais se verificará que o controle da natalidade, menos do que problema, é consequência de maiores informações de parte do casal e, em particular, da mulher. Esse fenômeno parece ir de mãos dadas com a modernidade e o chamado progresso. No Brasil, nas regiões mais adiantadas, os censos do IBGE vem demonstrando essa tendência, que tem muito a ver com a maior informação e os encargos havidos com a descendência.
           Sem embargo, o panorama demográfico alemão se afigura muito mais sério. Entre os recenseamentos de 2004 (82,5 milhões) e 2011 (81 milhões), a RFA perdeu um milhão e meio de habitantes. Por outro lado, a densidade demográfica varia bastante entre a parte ocidental e aquela oriental, menos desenvolvida, e que diz respeito aos novos territórios adquiridos com o desaparecimento da República Democrática Alemã (DDR),  após a reunificação. Muitos dos mais jovens migraram para as oportunidades do oeste (com 30% de densidade demográfica), o que explica a menor densidade (20%), da antiga zona do leste.
          Com o encolhimento da mão de obra, os ‘remédios’ são a elevação da idade de aposentadoria para 67 anos, a par da maior longevidade da parte economicamente ativa da população. Por outro lado, as mães que trabalham são ‘empurradas’ para o subemprego,  de 17 horas por semana, com baixo pagamento. Se ganham cerca de 600 dólares por mês, estão isentas de imposto. Muitas empresas julgam mais rentável ter um número maior de mulheres com os mini-empregos, pela economia social da isenção de tributos.
         A queda demográfica pode ser compensada através do fator migratório. No entanto, esse recurso é uma faca de dois gumes, pois ao ‘resolver’ a questão da mão de obra, poderá estar criando outros problemas, se houver na prática distinção de categorias sociais. Tais problemas de assimilação ou de convivência social, são fenômenos comuns na Europa, com os turcos na Alemanha, os italianos na Suiça, e, notadamente, a comunidade muçulmana, de origem magrebina, na França, com as consequências de adaptação e absorção conhecidas. Essas questões tendem a variar nesses países, dependendo de vários fatores, entre os quais  a maior ou menor abertura nacional, as diferenças culturais e as perspectivas de ascensão social.
         São os velhos problemas dos limes romanos,  máxime na época da decadência do império, com o ingresso dos antigos bárbaros, nas faixas de fronteira, seja de forma clandestina ou não, mas com a tendência à ocupação progressiva. Como nos ensina Arnold J. Toynbee,  na sua obra magistral,  Um Estudo de História”, as consequências de tal ‘invasão’ costumam ser inexoráveis, com a formação do chamado ‘proletariado interno’ (que não deve ser confundido com o conceito marxista).
 

 
Negociações de paz entre Israel e Autoridade Palestina

 
       Dada a sua força política nos Estados Unidos, o governo israelense não tem demonstrado, através das diversas Administrações americanas, uma real abertura para a negociação de um modus vivendi com a Autoridade Palestina.
       Depois do falso avanço dos Acordos de Oslo, com direito a cerimônia no jardim da Casa Branca e prêmios Nobel, a questão palestina passou por várias crises (gabinete Ariel Sharon e a construção do muro, entre outras), mas o avanço nos assentamentos ilegais dos chamados colonos continuou.
       Talvez uma das razões pelas quais o premier Benjamin Netanyahu não haja cooperado muito com os débeis movimentos de Barack Obama em seu primeiro mandato tenha sido a sua aposta na vitória do bom amigo republicano Mitt Romney.
       As coisas não saíram como Bibi Netanyahu esperava, mas dadas as peculiaridades presentes do relacionamento clientelar de Israel com o estado tutelar, não será problema que faça o primeiro ministro e o seu gabinete perderem o sono.
       Com a assunção do Departamento de Estado por John Kerry, uma de suas missões está na tentativa de encontrar uma saída para a questão. Talvez ajude às negociações o pouco de otimismo que elas possam gerar, atendido o longo caminho do diferendo, e a aparente incapacidade das Partes, com Tel-Aviv à frente, de negociar acordos jurídicos que embasem melhores condições de relação entre os povos palestino (representado por Mahmoud Abbas) e israelense.
       Bibi Netanyahu nunca se assinalou por qualquer progresso substancial nessa interação  - o próprio Ehud Olmert fizera proposta a Abbas de um acordo com fumaças de definitivo entre Israel e Palestina, mas este último, por motivos de ambiguidade na proposta, teve de refutá-la.
       Por isso, como se poderá encarar a rodada Kerry dessas intermináveis negociações? Israel demonstrou sinais de boa vontade ao anunciar a liberação de 26 prisioneiros palestinos (inculpados de assassínio e outros crimes violentos), ao ensejo da próxima abertura de enésima rodada de tratativas entre israelenses e palestinos.
       Há duas grandes questões no relacionamento entre essas duas comunidades: a dinâmica dos assentamentos ilegais dos colonos, que não dá sinal de arrefecimento; e o crescimento demográfico do segmento árabe nos cidadãos do Estado de Israel, nos seus limites reconhecidos internacionalmente.
       Quanto à primeira, a sua constância adquire aspectos que já vão além da simples provocação. Pois não é que, ao se anunciarem as ditas negociações “de paz”, conduzidas pelo novel Secretário de Estado, foram divulgadas pelo Estado israelense ofertas de concorrência para a construção de mais do que mil unidades habitacionais tanto na Jerusalem oriental, quanto em ulteriores assentamentos na margem ocidental.
        A pergunta a fazer-se acerca deste “embaraçante” começo de novas negociações – na linguagem de editorial do New York Times- seria a seguinte: que significado tem a continuação do processo de paz, se a invasão incessante e, na aparência, incontrolável do território palestino continua a pleno vapor, como se a única verdade nisso tudo seria a continuada bantustanização no minguante espaço disponibilizado pelo Knesset para a comunidade palestina ? Que paz é esta que se caracteriza pelo esbulho territorial e a tentativa de negação de duas comunidades em que a igualdade de direitos não seja apenas uma miragem ?
 

 
Entrevista  de  Marina

 
        A candidata Marina Silva, com 26% das preferências na última pesquisa Datafolha – a quem colunista chegou a escrever que crescia “por inércia” – disse em entrevista à Folha que os protestos violentos “extrapolam” os limites da desobediência civil aceitável. Nesse contexto, quanto ao ato violento no Itamaraty de integrante da Executiva da Rede, ela afirmou:  “Ele próprio reconhece que errou. Sei que ele errou em todos os aspectos (...) não é com uma atitude violenta que se vai resolver os problemas.”
       Quanto ao seu alegado despreparo para administrar a economia, disse: “ a população tem direito de saber mais das pessoas que ela não conhece. Imagino que o sociólogo FHC e o operário Lula também tenham suscitado algumas dúvidas.”
       Perguntada das implicações de aproximação com André Lara Resende, se não temeria ser associada ao governo FHC: “ Se Lula fosse se preocupar em ter ouvido uma série de pessoas que já deram contribuição em vários governos, ele não seria hoje o grande admirador do Delfim (Netto) que ele é.”
       Quanto a uma cláusula pétrea para a autonomia do BC, Marina disse: “Autonomia do BC é necessária, fundamental. Eu não acho que devemos é entrar no caminho da institucionalização dessa economia”.
       E quanto às reformas (constitucionais) ela disse: “O Brasil precisa encarar as grandes reformas: política, da Previdência, tributária.”
       A verde Marina tem assessores econômicos de peso: Eduardo Giannetti (O crescimento do PIB virou um fetiche(...) Ele é um indicador limitado para medir a qualidade de vida); Ricardo Abramovay (O que precisamos fazer para melhorar a infraestrutura, a educação e a saúde); Eliana Cardoso (É pessoa muito consistente e inteligente. Carrega a bandeira da política limpa de corrupção); e Paulo Sandroni (Os prefeitos precisam conseguir recursos para cumprir suas promessas).

 

(Fontes:  International Herald Tribune; The New York Review; Folha de S. Paulo )

Um comentário:

Maria Dalila Bohrer disse...

A paz entre Israel e a Autoridade Palestina é um jogo de faz de conta. O que parece é que, apenas esforços diplomáticos não irão resolver. Existe uma questão cultural,a população de Israel se acha superior e acredita que o " solo " daquela região é só deles. Assim eles seguem construindo assentamentos ilegais em pleno "suposto" processo de paz. Pra eles terra não se cede, se especula financeiramente.