segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Vitórias de Pirro ?

                                                

         É difícil não concordar com a avaliação de Ricardo Noblat em O Globo. E estou tão de acordo que me parece natural juntar esta “bofetada forte na cara dos brasileiros”, vale dizer a recondução de Renan Calheiros à presidência do Senado, com os eventos simultâneos da eleição de Eduardo Cunha, como líder da bancada do PMDB,  e a anunciada elevação do Deputado Henrique Eduardo Alves à presidência da Câmara de Deputados.
         Como oportunamente sinaliza Noblat, a denúncia do Procurador-Geral da República terá caído por especial fortuna no regaço do Ministro Ricardo Lewandowski. Dessarte, o jornalista prediz que o Vice-Presidente do Supremo “não terá pressa alguma em relatá-la”. Mas como sentença e despacho de juiz não sóem ser previsíveis, Lewandowski pode surpreender favoravelmente, relatando com presteza a ação do Procurador-Geral.
         De toda maneira, a eleição de Eduardo Cunha – sem apoio do Palácio do Planalto e de parte importante da bancada – não foi fácil. No primeiro escrutínio, obteve 40 votos (dos oitenta da bancada). No segundo, colheu 46 sufrágios, contra 32 para Sandro Mabel (GO).  Com dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal, vai para a liderança. O relatado pelo ministro Celso de Mello (nr. 3056) apura o suposto envolvimento do parlamentar no esquema de sonegação fiscal na Refinaria de Manguinhos. Já no de nr. 2984, a cargo do Ministro Gilmar Mendes, o Procurador-Geral o denunciou pelo alegado uso de documentos falsos na tentativa de se livrar de investigação no Tribunal de Contas do Estado sobre indícios de irregularidades durante sua gestão à frente da CEHAB (Companhia de Habitação do Estado do Rio de Janeiro).
           Cunha é apoiado pelo governador Sérgio Cabral e pelo Prefeito Eduardo Paes.  No passado,   apoiou os governos de Anthony Garotinho  e  Rosinha Matheus. Hoje, procura dissipar inquietudes e desconfianças: “ Pretendo exercer a vontade da bancada. O PMDB é da base, continuará sendo.”
           Outrossim,  Cunha tem sido nos últimos tempos o principal articulador do líder Henrique Alves, a quem ora sucede.
            Henrique Alves já era apresentado como favorito para suceder a Marco Maia (PT-RS).  A sua candidatura se inseriu em entendimento prévio com o PT. Apesar de dispor da maior bancada, o Partido dos Trabalhadores atendeu à pretensão do PMDB de voltar à presidência da Casa. Os seus adversários eram Júlio Delgado (PSB-MG), Chico Alencar (PSOL-RJ), e a candidata avulsa do PMDB, Rose de Freitas (ES).
           A despeito do patrocínio do Vice-Presidente Michel Temer,  mais uma vez movimentou-se o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. Visou este sobretudo ampliar a base de Delgado com apoios na oposição (PSDB) e no PSD de Gilberto Kassab.
           Henrique Alves venceu já no primeiro turno, com 271 sufrágios. O seu principal adversário foi, como se antecipava, Júlio Delgado, dada a estrela ascendente de Eduardo Campos. Delgado obteve 165 votos. Rose de Freitas logrou 47 votos, e Chico Alencar decepcionou com apenas onze.
          


( Fonte:   O  Globo )        

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