segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Honduras: E Agora José ?

Os primeiros resultados das eleições em Honduras sublinham três aspectos a que a comunidade internacional seguira de perto. A votação transcorreu em todo o país de forma tranquila, excetuado apenas San Pedro Sula onde houve choques. Conquanto não foi fornecido até agora nenhum percentual sobre o absenteismo, as indicações preliminares apontam substancial afluxo de eleitores às urnas.
Enfim, os dados das sondagens de boca de urna sinalizam eventual vitória do candidato Porfirio Lobo, do Partido Nacional, que era de resto o vanguardeiro nas pesquisas de opinião.
Se confirmados, tais resultados muito contribuem para agilizar o processo de reconhecimento do pleito. Em não havendo marcada abstenção para tornar menos enfática a voz das urnas, nem os distúrbios e a desobediência civil com que contava o presidente deposto, a par de ser inequívoca a vantagem de Porfirio Lobo sobre os demais candidatos, obviamente se reforça a orientação dos Estados Unidos, conforme sinalizada pela Secretária de Estado Hillary Clinton.
Nesse sentido, o Presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que se empenhara a fundo em tentativa de mediação entre o presidente deposto e o governo de facto de Roberto Micheletti, já anunciou que se dispõe a comunicar oficialmente o reconhecimento por seu país do processo eleitoral.
Isto posto, e se não houver indícios que infirmem a expectativa decorrente do cumprimento constitucional dos comícios de 29 de novembro, e com a previsível ratificação por número significativo de outros Estados da manifestação da vontade do povo hondurenho, cabe a pergunta: E agora José Manuel Zelaya ?
A manobra, urdida pelo coronel Chávez, da materialização de Zelaya na chancelaria da Embaixada do Brasil, a sua gostosa aceitação por Lula e auxiliares na inovadora qualidade de hóspede , terá produzido muito barulho, mas, forçoso será convir, colheu pífios resultados.
O desvirtuamento do papel institucional da missão diplomática, que tem a pedra basilar na neutralidade, não ajudou os propósitos do presidente deposto da mudança não só das regras, mas também das características do jogo até então.
Com a eleição de novo Presidente, é de esperar-se que, vencida a provação, se reforce o processo e a consolidação da democracia em Honduras, um dos países mais pobres da América Central.
Nesse longo entrevero, não se lobrigam nos dois campos, nem santos, nem campeões. Deve-se doravante deixar aos locais a tarefa de recriar atmosfera conducente ao diálogo e não a contínuas escaramuças por interpostos contendores.
Do episódio, alguns saem mais chamuscados do que outros. Ameaças não devem ser proferidas em vão, porque diplomacia é coisa séria, e não partida fácil para aprendizes e assemelhados.
A despeito dos prognósticos sombrios, que os acompanharam até a undécima hora, o horizonte dá mostras de ser alvissareiro para Obama e Hillary, cuja moderação semelha ter agilizado a solução apropriada para a superação da crise.

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