segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Ecos da Campanha de 2008

Excertos de livro sobre a campanha presidencial estadunidense de 2008, trazem novas revelações sobre a escolha do Vice-presidente na chapa encabeçada por Barack Obama.
Apesar da longa e disputada série de primárias do Partido Democrata para determinar a seleção da personalidade a ser designada pelos delegados da Convenção como candidata democrata à Presidência, e da circunstância de que esta fase constituíu a parte mais importante da campanha, eis que o representante dos republicanos John McCain nunca lograria ameaçar o favoritismo dos democratas, a escolha natural de companheiro de chapa não cairia sobre a principal contendora de Obama na árdua disputa das primárias.
Pareceu a princípio que Hillary Clinton seria a seleção óbvia não só pelos segmentos do eleitorado democrata que a tinham apoiado, senão por haver, em memorável alocução, sabido renunciar a um último prélio na Convenção, recomendando a seus engajados partidários que apoiassem doravante a Barack Obama.
Por outro lado, a história do Partido Democrata fornece exemplos bem sucedidos desta união in extremis, quando soa a hora de enfrentar o tradicional rival do G.O.P.[1] Nesse sentido foi o convite de John F.Kennedy ao seu adversário sulista, Lyndon B. Johnson para ser companheiro de chapa. É muito rara, ao contrário, a atitude de Adlai E. Stevenson, candidato democrata também em 1956 (contra Dwight Eisenhower), ao deixar aberta a disputa pelo segundo lugar na chapa (vencida então na Convenção pelo Senador Estes Kefauver).
E, no entanto, Obama preteriu a Hillary Clinton, indicando como seu vice o senador Joe Biden. Terá tido influência preponderante nesta decisão a considerável experiência de Biden em política externa, campo em que o Senador por Illinois era reconhecidamente um neófito.
Agora livro, de autoria de David Plouffe, a ser lançado a três do corrente – data de eleições em alguns estados americanos – sob o título de ‘Audácia para Vencer’ – se ocupa da campanha presidencial de 2008.
Dentre os tópicos tratados, estaria a influência de Bill Clinton na formação do juízo do candidato democrata. Como se sabe, o ex-presidente se empenhou vivamente na campanha da esposa, visitando vários estados para promover-lhe a candidatura.
Sua participação na tentativa, ao cabo derrotada, da Senadora por New York (que, na abertura da liça, nos caucus de Iowa, saía como franca favorita) não foi decerto dos melhores momentos na longa e até então exitosa trajetória política do 42º Presidente dos Estados Unidos (1993-2001). A crescente irritação e mau humor de Clinton, seja pelos locais visitados, seja pelas decrescentes perspectivas da mulher, terão motivado diversos acessos de um temperamento que pode ser explosivo. A tal ponto tais rompantes seriam previsíveis, que algumas redes televisivas colocaram repórteres secundários, cuja única função era a de gravar os eventuais impropérios de Bill Clinton. Por suas funções e fins pouco confessáveis, esses integrantes da imprensa levam o cognome de chacal.
Consoante os rumores de Washington, não havia uma boa atmosfera entre o candidato Barack Obama e Bill Clinton. Além de certa animosidade, derivada de comentários do Senador por Illinois algo indigestos sobre a presidência do antigo governador de Arkansas, e sobretudo o temor de um choque de egos, Obama optou ao final em excluir a sua adversária nas primárias Hillary Clinton da short list [2]para o segundo lugar mais importante no Poder Executivo estadunidense.
No lugar de Hillary foi apontado o Senador Joseph R. Biden Jr., do estado de Delaware. Não obstante sua tendência a discursos longos e a algumas gafes, Joe Biden vem atuando a contento como Vice-Presidente de Obama.
Perguntada a respeito, Hillary Clinton se disse satisfeita com a posição de Secretária de Estado. Acrescentou, outrossim, que já é tempo de superar as questões que cercaram a campanha de 2008 e a subsequente formação da equipe de Obama, como 44º Presidente dos Estados Unidos.
O próprio Bill Clinton – que chefiou recentemente missão à Coreia do Norte para a liberação de duas jornalistas – há de concordar com as observações da consorte, para cuja designação inclusive acedeu em submeter sua fundação a determinadas limitações.

( Fonte: CNN)
[1] Grand Old Party, um dos epítetos do Partido Republicano.
[2] Lista conclusiva (tradução livre)

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