sábado, 14 de novembro de 2009

Colcha de Retalhos XXVII

A Volta por Cima

Quando o Clube de Regatas Vasco da Gama, por primeira vez, caíu na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro a reação da torcida foi a um tempo de raiva e de determinação. Raiva pelo que acontecera, sequência inelutável de uma direção ruinosa que carregara o Vasco para as últimas colocações da Série A. Ao final, os cálculos matemáticos e a lógica da má gestão levaram o time de tantos títulos e glórias para a chamada Segundona.
Mas a determinação, junto com a cólera, acompanharia a equipe cruz-maltina desde a primeira hora. Essa disposição da torcida se traduziu em apoio ao time e à nova direção de Roberto Dinamite. Foram tempos dífíceis, para varrer os obstáculos deixados pela gestão anterior. A equipe armada pelo técnico Dorival Júnior, superados alguns tropeços iniciais, já entraria no returno à frente dos demais dezenove clubes. Soube então o time liderado por Carlos Alberto manter a serenidade e a força de vontade de manter a liderança, para afinal chegar ao jogo com o Juventude no Maracanã e arrancar, com mais uma suada vitória, a matemática certeza do retorno à Série A.
As tradições desta equipe e de sua grande torcida – espalhada como vimos nós por todo o Brasil – não se satisfariam com o simples acesso à Primeira Divisão. E no jogo de ontem, contra o América R/N, malgrado a resistência do adversário, o C.R.V.G. repetiria os sacrifícios de árdua campanha em dramático triunfo, alcançado nos minutos finais, por um belo gol de Alex Teixeira.
Decerto, a torcida vascaína, se não esqueceu quem pôs o Vasco na 2ª. divisão, tampouco há de faltar em seu entusiasmado apoio ao team, que ora regressa à Primeira Divisão, sem desdenhar de conquistar para a sua coleção de troféus também o caneco da Segundona.[1]

Notícias do Apagão.

Mais uma vez o Presidente Lula demonstra que não é por acaso que se acha a pouco mais de um ano do fim de seu segundo mandato, e em alto nível de popularidade.
Terá sentido que a tentativa de pôr uma pedra na questão do Apagão, seja nas palavras apressadas do Ministro Edison Lobão, seja na desastrosa entrevista da Ministra Chefa da Casa Civil, em que rasgou, com prepotente arrogância, a fantasia de Dilminha paz-e-amor, que lhe fora adrede preparada. Se ambas as personagens proclamam como encerrado o assunto, Lula se perguntou publicamente se o apagão não teria ocorrido por falha humana.
Por isso, indicou que já pediu investigação aos órgãos ligados ao setor elétrico. E acrescentou: “Foi uma coisa grave que precisamos saber o que é. Eu disse à Aneel e ao ONS (Operador Nacional do Sistema) que é preciso ter um processo de investigação em toda a trajetória. É preciso saber o motivo do desastre.”
O bom senso e a capacidade de discernir – mesmo nas alturas presidenciais – o que é necessário a Nação saber, constitui um traço importante, que oportunamente diferencia Lula dos políticos que o cercam.

Tragédia na Ucrânia.

Com a chegada na Europa do frio boreal, a crise da gripe H1N1, a chamada gripe suína, se manifestou na Ucrânia, essa antiga república soviética, com assustadora devastação humana. Assim, as unidades de tratamento intensivo começaram a receber, há duas semanas, pacientes com pulmões tão saturados de sangue que mal podiam respirar.
Pela precariedade do atendimento médico naquele país,os enfermos muita vez evitavam a hospitalização até um ponto em que a doença se achasse muito avançada. Diante do fluxo inesperado – e da má distribuição dos medicamentos – as unidades de terapia intensiva se mostraram sem condições de atender ao grande número de pacientes.
O serviço médico público ucraniano – com salários tão baixos que muitos preferem emigrar para a Europa ocidental e lá trabalhar como agentes sanitários – e ainda por cima com equipamento deficiente, padece igualmente dos atrasos e óbices burocráticos. Dessarte, os prefeitos das cidades de Ternopyl e Lviv, onde foram registrados óbitos suspeitos por pneumonia a doze e dezenove de outubro, se queixaram da negativa do serviço epidemiológico federal em intervir sem confirmação laboratorial da presença do vírus, o que retardou as medidas profiláticas para o fim de outubro.
A despeito de terem direito a tratamento sanitário gratuito, muitos dos pacientes carentes de atenção médicas só a obtém mediante suborno dos atendentes. Por outro lado, embora a Ucrânia disponha de Tamiflu em quantidade substancial, tal medicamento somente se encontra na sede da unidade de doenças infecto-contagiosas. Nessas condições, o medicamento só pode ser cedido depois de comprovada a enfermidade, o que acarreta um prazo de quatro dias para a sua utilização.
Por outro lado, preocupa na Ucrânia o número de médicos e de enfermeiras que contraem a gripe suína, o que se presume seja atribuível à falta de luvas medicinais, máscaras cirúrgicas e de desinfetantes.
Tais dificuldades arrostadas pelos hospitais públicos ucrânianos quiçá nos possam recordar de condições similares encontradiças em outras paragens. Passada, no entanto, a primeira desastrosa fase da epidemia, decorrente do desconhecimento e do despreparo, o número de fatalidades na Ucrânia pôde ser controlado. Nesse sentido, consoante a Organização Mundial da Saúde (OMS), os totais de mortes pela gripe suína naquele país já tendem a não diferenciar-se da média registrada nos demais países.

( Fontes: O Globo, International Herald Tribune)
[ 1] Na oportunidade, agradeço às muitas felicitações recebidas dos leitores deste blog, a cuja satisfação de bom grado me associo.

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