segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Pré - Sal

O objeto da alocução do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ensejo do Sete de Setembro, foi dedicado ao pré-sal, e à proposta do respectivo ordenamento jurídico encaminhada ao Congresso Nacional.
Pensando nesta grande descoberta da Petrobrás, é quase inevitável que venha à lembrança a expressão do hino nacional: deitado em berço esplêndido...
Não é por acaso que o Presidente Lula tem a popularidade desfrutada nas pesquisas de opinião. Para grandes faixas da população, ele transmite certezas importantes.
Hoje me ocuparei de uma delas, em que sempre estive de acordo com a posição do Presidente, e que motivou, em 2002 e em 2006, o meu sufrágio.
A Petrobrás nasceu de iniciativa do Presidente Getúlio Vargas, em seu derradeiro mandato. Correspondia ao sonho de um Brasil grande que sempre norteara a ação de um dos nossos maiores presidentes. Ele, em 1930, recebera um país precipuamente agrícola, de virtual monocultura na exportação, e que dispunha de frágil indústria alimentícia.
Em 1945, ao ser afastado do poder, conseguira quebrar, não obstante a eclosão da IIa Guerra Mundial, o bloqueio na indústria de base, com a implantação de Volta Redonda.
Para os muitos que escarneciam das reservas de petróleo no Brasil, fundados em estranho relatório de perito estrangeiro, Vargas soube mostrar a inabalável confiança no futuro de nossa terra, para nos livrar da dependência das importações desse precioso insumo.
O caminho seria longo, porém a Petrobrás corresponderia ao sonho de seu fundador. Foi através de tecnologia desenvolvida no Brasil que se logrou colocar a nossa terra entre os países que gozam de auto-suficiência nesse combustível.
A descoberta e a exploração do pré-sal só foi concebível em função da progressão atingida no campo da tecnologia de águas profundas. O pré-sal, pelas inauditas dificuldades que cercam a perfuração dos poços e a sua explotação, é o resultado de um longo trabalho, desenvolvido por Petróleo Brasileiro S.A., a nossa Petrobrás, que no governo de Fernando Henrique Cardoso – é sempre oportuno que se recorde – se intentou, através do preposto Henri Philippe Reichstul, transformá-la em Petrobrax, dentro do caminho já seguido na alienação da Vale do Rio Doce.
A ler hoje os jornais – e a ouvir os sólitos comentaristas – se tem a impressão de que a Petrobrás é quase uma intrusa nos domínios do pré-sal. Outros profetas do entreguismo não se pejam de falar que a cessão dos recursos de um país é prova de modernidade.
Enquanto vão secando as reservas petrolíferas da superpotência – e o seu mais direto desafiante é altamente deficitário nesse setor - agrega o Brasil um manancial respeitável aos próprios recursos energéticos.
Por isso, com vistas a preservar e a utilizar soberanamente esta portentosa dádiva, colhida com a tecnologia desenvolvida pela nossa maior empresa, é importante que o Congresso Nacional atenda às reivindicações ora formuladas, neste Sete de Setembro, pelo Presidente da República.
É justo que o Presidente determine a necessária urgência, para que o indispensável instrumento não apodreça nas gavetas das comissões.
No correr do presente ano, Lula tomou várias posições, que desta coluna foram contestadas. No entanto, se o motivo precípuo que as provocou terá sido o da governabilidade, é o momento das lideranças partidárias de demonstrar que esse apoio não foi concedido em vão.
É difícil acreditar que a confiança presidencial será correspondida. A solicitação de parte do Presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), depois de todas as benesses prodigadas ao seu partido, de que o Presidente desista da urgência regimental, a dizer verdade, não surpreende.
Contudo, nesta hora da onça beber água, as forças que apoiam o Presidente e seu governo devem cobrar, em nome do Brasil, a contrapartida de tantas declarações e intervenções – algumas decerto penosas – assumidas com as vistas no interesse da Administração e no pressuposto da consolidação de real potência do século XXI.
É tempo de contraditar aqueles que, com certo menosprezo, mal incluem o Brasil entre as potências emergentes, como se estívéssemos atados, a exemplo de Prometeu, à maldição do eterno país do futuro.

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