segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A Fábula do Fantástico

Desde algum tempo me assaltou uma dúvida sobre as perspectivas do Fantástico, programa dominical da Rede Globo, e que acompanha os teslespectadores desde os tempos da ditadura militar.
A fórmula do Fantástico era a de manter a audiência no domingo, a partir das oito horas da noite, a despeito de não haver nesse dia nem jornal nacional, nem novelas para prender a atenção do público. O grande desafio era evitar o horror dos baixos índices de Ibope, na indiferença dos enormes percentuais de aparelhos desligados.
O esquema terá funcionado por muitos anos. Foram os áureos tempos de Glória Maria e Pedro Bial. Depois, por evidente incompatibilidade de temperamento do casal, Zeca Camargo seria efetivado. Pouco mais tarde, Glória Maria pediu para sair, e veio a musa do Veríssimo, Patrícia Poeta.
Sangue novo para o velho programa ? Apesar da simpatia de Glória, muitos acharam que a vinda da doce Patrícia seria uma injeção de novos encantos em um cansado espetáculo de variedades.
E, no entanto, com o passar das semanas, as minhas inquietudes quanto à saúde do Fantástico, ao invés de diminuirem, aumentaram.
A princípio, me pareceu estranho o arranjo de não determinar um horário fixo para lançar na telinha o Fantástico. Por que espichar o programa do Faustão, com as suas sádicas videocassetadas, e não começar no horário das oito o show da Patrícia Poeta ?
Por mais que resistisse à ideia, a suspeita era de que só o Faustão, na guerra com as concorrentes, poderia reter a audiência. Nessa hipótese catastrófica, fazer o Fantástico entrar na hora aprazada seria um desastre... no Ibope.
Devo confessar aos meus leitores que não tenho assinatura do Ibope, nem me é dado acesso às suas tabelas de audiência.
No entanto, se tenho a televisão ligada, procuro ser um telespectador atento. Certos fatos e circunstâncias, por se repetirem, me intrigaram. Além da abertura do programa não ter hora marcada, começaram a aparecer outros sinais que não me tranquilizaram.
Assim, em horas presumidas de alta audiência na Rede Globo, se amiudaram as chamadas com Patrícia Poeta e seu acompanhante (Zeca Camargo ou Tadeu Schmidt). A visão de Patrícia será sempre agradável mas as aparições tinham aquele jeito embaraçoso de visita de primos pobres ao primo rico. Tomando carona nas altas audiências dos fins de novela davam a impressão de mendigar um pouco daquela atenção toda para o seu programinha dominical.
Poderia ter dúvidas quanto ao acerto de minhas suposições,mas a chamada até no jogo Brasil xArgentina, e o olhar maroto do Galvão Bueno, me convenceu de que a situação do Fantástico, em termos de audiência, devia beirar o desesperador.
Já chamaram esse programa de revista de variedades. Ora, não é necessário ser cliente do Ibope para saber que passou o tempo dessas revistas. Lembram-se de Cruzeiro, Manchete, Life, Paris-Match ? Ou já se foram, ou estão nas últimas convulsões de tiragem.
Será que soou também a hora do Fantástico ?
Que me desculpe a poderosa Rede Globo e o embaraçado silêncio de tantos que a temem, mas, na minha modesta condição de telespectador, me parece que o rei está nu em matéria de audiência.
Talvez esteja na hora de desistir das tentativas desesperadas de ressuscitar um Fantástico com sinais vitais bastante fracos e partir para outra.

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