Artigo do New
York Times se reporta à reação do governo Putin às tentativas dos antigos
satélites (e assemelhados) a se liberarem do sufocante abraço de Moscou,
através da expansão de relações comerciais com a União Europeia.
Dentro do estilo
de Vladimir Putin – a que não faltam precedentes seja czaristas, seja
comunistas - os avisos e as tentativas
suasórias não pecam por excessiva sutileza. A pesada pata do velho urso estará presente
em diversos cenários. A Federação Russa – que já se empenha contra o
independentismo de repúblicas do Caucaso, como a Tchetchênia e o Dagestão –
busca manter a ferro e fogo a sua união aduaneira com as antigas nações do
entorno, que a implosão da União Soviética em princípios da última década do
século vinte ensejou a desejada libertação.
Conforme às
sovadas lições da velha cartilha do imperialismo russo, gospodin Vladimir Putin, e seus asseclas, podem cometer muitas
faltas, mas nunca pecarão por falta de meridiana clareza nas suas ameaças.
Através da união aduaneira,
desejam manter os vínculos com os países fronteiriços. Tal determinação vale
para os grandes e os pequenos, como atestam os sinais de insatisfação de Moscou
com a possível assinatura de acordo comercial entre Kiev e Bruxelas, de um
lado, e as ameaças nada sutis contra o país quiçá o mais pobre do continente
europeu, a mediterrânea Moldova, espremida entre Romênia e Ucrânia.
Para a Ucrânia,
os problemas alfandegários das respectivas exportações para a Rússia não é que
aumentaram exponencialmente com a progressão das conversações com Bruxelas?[1] E a pequena Moldova, que depende por inteiro
do gás russo, com as suas tentativas veleidades de maior intercâmbio com U.E.
não é que o apparatchiks do simpático e sorridente Putin não expressaram a
inquietude de que os habitantes da Moldova venham a congelar neste inverno ?
Dada a extensão
da Federação Russa – que ainda é, malgrado as defecções causadas pela morte não
tão súbita da URSS, o maior estado em termos territoriais – Moscou tem muitas
fronteiras. Também a Lituânia entra na dança, com os seus preocupantes anseios
de mais estreitos laços com o traiçoeiro Ocidente, no caso personificado pela
multitudinária União Europeia. Também as exportações lituanas enfrentam
imprevistas dificuldades diante dos severos agentes fronteiriços russos.
Como são muitos
aqueles países que, não obstante toda a generosidade de Moscou, não tem
evidenciado, nesses últimos tempos, toda a gratidão que o Kremlin espera, há
outros países, como a dilacerada Armênia – que se debate entre os amplexos do
Azerbaijão, da Turquia e da própria Rússia -
que semelha não ter outra opção que fruir das benesses da União
aduaneira do antigo império dos tzares.
( Fonte: New York
Times )
[1] Quem sabe a pressão de
Moscou dará ao Pres. Yanukovich, da Ucrânia, a desculpa de não poder liberar a
sua prisioneira Yulia Timoshenko, eis um suposto valor mais alto se alevanta
para barrar o acordo comercial com a U.E.
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