Instruções do Chefe Máximo
É mais do que interessante o viés
das reações do PT aos desafios da
próxima campanha. Gostaria de, com a devida vênia, sublinhar o caráter negativo
das providências determinadas pelo Chefe Máximo do Partido dos Trabalhadores, Lula da Silva.
A intenção do
grande líder não é de orientar as instâncias partidárias – com a sua discípula
Dilma Rousseff em primeiro lugar – num sentido positivo, com propostas voltadas
para o desenvolvimento do Brasil e dos Estados. Depois da recente operação
jurídico-cartorial, coroada com pleno êxito,
Lula da Silva, nervoso com a ameaça colocada pelo PSB de Eduardo Campos e a
fantomática Rede Sustentabilidade, de
Marina Silva, se volta para a
política negativista.Nada de campanhas com lemas e propostas tendentes à melhoria estadual ou regional! Conforme notícia em manchete da Folha, Lula não está nem aí para essa política propositiva.
O Chefe máximo orienta, assim, o Partido dos Trabalhadores a isolar Eduardo Campos nos Estados. Volta o Lula da eleição passada, quando acertou contas com antigos desafetos. Agora a regra é clara na missão dos companheiros: Lula da Silva quer tirar a água das alianças regionais para o PSB, na próxima campanha de 2014.
Nada a ver, portanto, com o Lulinha paz e amor de campanhas passadas. Pelas confusões e incompetência política de sua fiel discípula, o Chefe Máximo tem de descer na arena, para deixar a dupla adversária Campos-Marina à míngua de aliados.
O problema de quem pensa negativo é esquecer o fator Povão. É sempre o caso, portanto, de perguntar, se ao conjuminar maldades o Grande Líder não se esquece de coisas positivas, concernentes à condição do Povo.
Como no futebol, um técnico que manda o seu time apelar para o sarrafo, será confissão de fraqueza na técnica e capacidade de jogar o verdadeiro jogo – que na política não é apelar para as maldades, mas em melhorar as condições da vida do povão. Que tal pensar em mais eficiência, acabar com o ralo da corrupção, e mais reformas (todas elas Padrão-Fifa) na educação, saúde e segurança, sem falar nas obras públicas sem super-faturamento e terminadas no prazo !
Outro Nobel para o Norte
maravilha
Anunciada ontem o Nobel de
literatura para a contista canadense Alice Munro, de 82 anos.
Munro é a
13ª. mulher a receber o prêmio, e se
referiu a circunstância de que há a algum tempo, a rica comenda não era destinada à
representante do gênero feminino.Duas objeções que me permito apresentar: se se deve destinar a comenda a uma mulher contista, creio que o grande valor esquecido é a americana Annie Proulx, que merece mais do que o Prêmio Pulitzer que lhe foi outorgado nos Estados Unidos. As estórias do Wyoming e de outras regiões estadunidenses tem uma prosa com grande consciência social, além de ser fruto de pesquisa no que tange a costumes e linguagem.
Já os contos de Munro, também publicados pela revista New Yorker, refletem prosa de enfoque bem mais tradicional, e se me permitem, com menor brilho e inventiva.
O leitor deste blog terá presente, outrossim, o quão privilegiado é o mundo ocidental hiperdesenvolvido, também no contexto da atribuição dos Prêmios Nobel. Se por conveniências do chamado tokenism[1], pode aparecer aqui e ali um premiado não originário de América do Norte e Europa (como nos prêmios à China), a lista dos escolhidos já constitui a prova irrefutável do viés pró-ocidental (com a inclusão para a prata da casa nórdica, que ninguém é de ferro).
O único Prêmio Nobel (o da Paz) que estava destinado a D. Helder Câmara e ao Brasil, a ditadura militar conseguiu, na vigésima-quinta hora, evitar, com o que não se distinguiu um grande brasileiro, e se poupou de um desgaste mais do que devido o regime dos generais. Sem embargo, o escândalo da sistemática omissão do Nobel para o Terceiro Mundo – e não me venham com patranhas de que o Sul das Américas, a África e a Ásia não permaneça nessa categoria ideológica para o comitê de Estocolmo – no Brasil é gritante, com os grandes esquecimentos de Guimarães Rosa, Jorge Amado, Erico Veríssimo e Carlos Drummond de Andrade.
As Negociações de Obama com os Republicanos
No fantástico
ambiente da artificialíssima crise fabricada pela Câmara de Representantes dos Estados
Unidos – que apesar do nome não é representativa
da realidade política americana, como bem demonstra em artigo a que me referi
a politóloga Elizabeth Drew, na New York Review – o mercado
das Bolsas teria experimentado ontem uma elevação temporária, por notícias de
que seria acertado acordo de elevação provisória para o limite de endividamento
(com validade até 22 de novembro p.f.) entre a Casa Branca e o Speaker John Boehner.
A despeito da
flagrante e irresponsável instrumentalização da elevação do teto da dívida
fiscal americana pelo GOP – que se
prevalece da paralisia congressual, pela postura negativa da Câmara de
Deputados, dominada pelos radicais de direita, de querer extorquir concessões
do Governo Democrata enquanto ameaça o crédito internacional dos Estados Unidos
– o mercado espera por um momento de lucidez e bom senso dos republicanos.O Presidente Obama – ao contrário de uma primeira chantagem em 2011 – não tem cedido às exigências do Speaker John Boehner (que teria condições, se tivesse coragem, de inviabilizar a extorsão do GOP, pelo fato de que há inúmeros republicanos nervosos com o irracionalismo do Tea Party, os quais somados à bancada democrata minoritária, produziriam os votos necessários para inviabilizar a manobra). Boehner, no entanto, tem medo de perder, em seguida, o posto de Speaker, e por isso se recusa a cooperar no que deveria ser feito.
Esperemos que os republicanos não provoquem o calote, com todas as suas nefárias consequências para a economia americana e mundial. A responsabilidade do GOP é inequívoca e tal pela sua obviedade não há de escapar à opinião pública americana. Nesse contexto, é decerto interessante ter presente os dedos e os cuidados da mídia, que em geral não se atreve a pôr os pontos nos ii, o que implicaria em atribuir a responsabilidade a quem a tem.
(Fontes: O Globo, CNN,
Folha de S. Paulo,The New York Review)
[1] Concessões pontuais (daí o
vocábulo token) para matizar, mas não alterar um enfoque geral, que
privilegia atividades ( ou áreas) determinadas.
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