Destino Infeliz
Segundo se assinala, um cruzamento de dados produziria o incôngruo efeito de 42% dos eleitores de Marina migrariam para Dilma, com 21% para Aécio Neves e 15% para Eduardo Campos.
No meu entender, há dois elementos que o imediatismo da pesquisa tende a agravar: a confusão do eleitor, colocado diante de um falso dilema, e a falta de informações em face de um discutível fato novo.
Não é crível que Marina se deixe atrelar a uma sigla – o PSB – como vice de Eduardo Campos, ainda mais se o governador permanecer como virtual anão na competição. Há, em verdade, em Campos uma perspectiva de aumento, enquanto já no momento presente a contestação de Marina é uma realidade, a ponto de em dois cenários igualar-se à Presidenta no primeiro turno.
Tudo indica que a atual solução – afastamento de Marina como cabeça de chapa e entrada em campo ou de Aécio, ou de Serra – é uma benesse para Dilma.
No entanto, é uma solução falsa, pelo afastamento forçado, por um deus ex-machina de candidata com base por uma premissa artificial.
O meu palpite é que a “solução” não vai funcionar. Para tanto, basta citar o provérbio francês: chassez le naturel, il revient au galop (expulsem o natural que ele voltará a galope).
A chamada revolução síria, depois de um momento em que a queda de Bashar al-Assad era dada como certa, a ponto de até os aliados russos manifestarem preocupação acerca do perigo que tal representaria, e as defecções de elementos da copa & cozinha do ditador lançarem o típico da fuga dos ratos de um transatlântico, eis que de repente uma enorme interrogação tomou o lugar da suposta certeza.
Então Bashar deixou de ser ou cadáver ambulante, ou pasto do Tribunal Penal Internacional, e voltou a inserir-se como uma estranha opção na equação da crise síria ? Ao invés da vitória da Liga Rebelde, se colocaria a permanência de um Bashar, diminuído é verdade, mas preservado o bastante para lançar o que antes semelhava mais do que improvável.
A guerra civil se terá estendido de forma as supostas vantagens de cada lado, sem que nenhum deles tenha a força suficiente para eliminar os adversários ? Assim, o ditador Bashar teve o seu feudo restringido, mas escapou, por falta de coesão e de capacidade de equilibrar o embate, de ulteriores reforços da Liga Rebelde.
Na indeterminação do conflito, exacerbada pelas indecisões de Barack Obama – espectro de outro Afeganistão? – os rebeldes dispuseram de poucos canais de fornecimento de armas. Com a stasis superveniente entraram não-convidados no conflito, e em especial os guerrilheiros islamitas da al-Qaida, e de formações assemelhadas. Além de não somar com o poder da Liga Rebelde, os novos dissidentes complicavam a equação. Eles também tinham entrado na guerra civil contra Kaddafi, com a diferença de que a OTAN e a zona de proibição aérea tenham agilizado a queda do decano dos ditadores.
Há um outro elemento que tem apodrecido ainda a situação social na Síria – e nos países limítrofes – que é o problemaço da crise dos refugiados da guerra civil. Os totais de nacionais sírios deslocados pelo conflito e refugiados em países vizinhos – Líbano, Jordânia, Turquia e Iraque – a população refugiada síria já excede os números da guerra do Iraque. A questão – e o desafio – não é apenas logístico, político, mas também humano, com a propagação de enfermidades (leishmaniose, tuberculose e sarampo, entre outras), o que se deve às condições abismais dos acampamentos, a falta de pessoal médico e, não por último, de medicamentos em quantidade e disponibilidade adequada.
Papa escolhe brasileiro para
Congregação de Bispos
O Papa Francisco escolheu o bispo brasileiro
Ilson Montanari para ser o Secretário da Congregação para os Bispos, segundo
cargo na hierarquia da Comssão, abaixo apenas do prefeito, o Cardeal canadense
Marc Ouellet.
Ressaltado pela
imprensa, dada a relevância da Congregação, o bispo Montanari não é o primeiro
brasileiro a ocupar este posto. D. Lucas Moreira Neves foi igualmente
Secretário dessa Congregação, trabalhando nos anos oitenta sob a direção do
prefeito, D. Sebastiano Baggio. Dom
Lucas seria criado Cardeal pelo Papa João Paulo II e seria Cardeal-Primaz do
Brasil, em São Salvador da Bahia. Sob a plácida mas atenta presença do presidente chinês Xi Jinping, foram transmitidas pela tevê estatal uma série de autoconfissões de dirigentes partidários da província de Hebei (vizinha de Beijing).
A autocrítica pública é uma reação do líder Xi Jinping diante da série de escândalos de corrupção e abuso de poder na China. O expurgo promete ser amplo, se se der tento ao noticiário da agência estatal Xinhua.
Segundo analistas, a campanha iria muito além de esforço de relações públicas. Teria sido preparada para reforçar a posição do Presidente para o próximo terceiro plenário do Comitê Central do PC. Em novembro, serão definidas as reformas econômicas prometidas pelo governo.
A política, no entanto, não sofreria mudanças. Para o cientista político Wu Qiang, não haveria possibilidades de reforma política. No entender de Wu, quanto mais Li Keqiang avançar na reforma econômica, mais conservador será Xi Jinping na política.
Entrementes, o público televisivo assiste a humilhações em série de dirigentes provinciais. Não são infrações do gênero do condenado Bo Xilai, tendo o caráter light de pecadilhos da nomenclatura (fiquei arrogante depois da promoção, nossos banquetes eram excessivos, abusei dos carrões oficiais), mas são páginas do grande timoneiro, e decerto águas para o moinho do novo líder Xi Jinping.
Mas não é de crer que sejam realmente para valer, com repercussões democráticas.
Não é que as milícias resolveram manter sob seu domínio por seis horas o próprio Primeiro-Ministro Ali Zeidan, como o noticiário das agências divulgou no correr desta semana ?
A fragmentação da autoridade na antiga República Verde de Kaddafi não é só uma ameaça, como se vê. É realidade.
(Fontes: Folha de S.
Paulo, The New York Review, Annuario Pontificio).
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