O primarismo do Supremo Líder, na república
teocrática do Irã, até que demorou em repontar. O Ayatollah Ali Khamenei é o
manda-chuva no esquema político iraniano, o que se deve ao seu antecessor, o
carismático Imã Khomeini.
A habilidade do Presidente Hassan Rowhani –
e a sua capacidade de manobra – se acha delimitada pela subordinação, no regime
teocrático, ao Supremo Líder. Este, por sua vez, tem recorrido muito ao
Exército – os Guardiães da Revolução – cujo poder não é só castrense, mas
também político, dada a sua participação crescente em tudo o que está por
debaixo do pano na república iraniana.Os recentes resmungos de Khamenei quanto aos resultados da missão do presidente Rowhani a Manhattan carecem de ser analisados, sob o ângulo seguinte: não houve puxões de orelhas explícitos no novel presidente, como era a prática durante o governo do ‘liberal’ Mohamad Kattami. Os reclamos se dirigiram ao presidente Barack Obama e ao governo estadunidense, que segundo o Ayatollah não é gente de merecer confiança
Quiçá a penetração do novo presidente – e o seu relativo êxito em atmosfera não exatamente favorável – tenham enciumado o Supremo Líder. Por outro lado, ao examinar-se a reação discrepante de Khamenei, não se pode esquecer que – apesar de todos os despautérios aprontados por Mahmoud Ahmadinejad – essa criatura foi literalmente inventada pelo ayatollah, que lhe pôs no colo a presidência iraniana, em fraude a provocar inveja nos árabes do Magreb, eis que preteriu os óbvios favoritos do eleitorado, o ‘verde’ Mir Hossein Mousavi e o clérigo Mehdi Kerroubi.
Tanto o Ocidente, quanto o estamento sensato no Irã desejam uma entente, que afaste de um lado a intervenção traumática, e de outro inicie o desfazimento das sanções, que tem sido desastrosas para a economia e o povo do Irã.
A paz tem que ser fundada em condições reciprocamente favoráveis. Se Khamenei e a sua gente não atrapalharem – a isolada oposição de Bibi Netanyahu, Primeiro Ministro de Israel, não terá terra suficiente para vingar, e haverá condições de um modus vivendi com Teerã.
Mas não será tarefa fácil e pressuporá uma relativa pacificação naquele país. Ou será que Khamenei e os Guardas da Revolução pensam que podem manter em prisão domiciliar o ex-primeiro ministro Mir Moussavi, o clérigo Kerroubi, e tantos outros, que hoje lotam as masmorras do Irã ?
É necessário explicar para o velho ayatollah Khamenei que omeletes não se fazem sem quebrar ovos. Ou será que vão transformar Rowhani em outro Kattami, por preferirem a doce condição de párias internacionais ?
( Fonte
subsidiária: CNN )
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