terça-feira, 29 de outubro de 2013

Notícias Direto do Front

                                

Espionagem da NSA

 
        Estaria prestes a ser implementada diretiva do Presidente Barack Obama no sentido de que chefes de governo de países amigos não mais sejam objeto da espionagem eletrônica da National Security Agency.
        A principal razão desta mudança nos procedimentos revelados por Edward Snowden está no mal-estar com a Alemanha Federal, pelo fato de que o celular da Chanceler Angela Merkel vem sendo grampeado desde 2002, por ordem de George W. Bush.

        Outros chefes de estado e governo atingidos pela programada indiscrição  da NSA são François Hollande da França, o Primeiro Ministro da Espanha, Mariano Rajoy e o Presidente do Conselho italiano, Enrico Letta.
       A reação da dirigente alemã manifestou seu mal-estar em descobrir-se objeto de prática que se destina em geral a países adversários. Por outro lado, a Merkel enviou representante da agência competente alemã aos Estados Unidos para contatos, sem desgastar-se com reações personalizadas.

        Se for confirmada a determinação da Casa Branca no sentido de excluir chefes de estado e governo com boas relações com a superpotência da espionagem da NSA, a proverbial discrição e moderação da Chanceler germânica ver-se-á amparada pelos resultados, demonstrando para bom-entendedor que a elegância na reação não é necessariamente um fator negativo para o êxito respectivo. O punho de ferro, se envolto em veludo, não sói ser contraproducente...  

 
O que fazer de Nicolás Maduro ?     

 
         O fato de que Nicolás Maduro, ‘filho adotivo político’ de Hugo Chávez, tenha sido um caminhoneiro pode explicar muitas atitudes do novel presidente venezuelano, mas não é consolo para a opinião pública daquele país.

          O primarismo dos recursos de Maduro - o constrangedor e lépido passarinho no ombro já constituira dose de difícil deglutição – só terá um limite, que será dado pela população (ou por forças que digam representá-la).

          O desabastecimento do mercado, a incapacidade de atender a compromissos financeiros, o ridículo nas denominações ministeriais,  parecem contribuir para a aceleração de um familiar processo de Latino America. Nada mais aglutinador para os leais companheiros do que a ameaça de uma perigosa ineficiência que, por falta de sensibilidade e de qualquer resquício de competência administrativa, possa redundar em situações terríveis, como a perspectiva de soterrar a todos os chavistas sob a avalanche do mau governo.

 
Crepúsculo de Cristina Kirchner

 
           A fragmentação do peronismo pode disfarçar um tanto a derrota da Presidente – manteve a maioria em Senado e Câmara, mas perdeu nas principais províncias (Buenos Aires, Córdoba e Mendoza).

            A principal vitória da oposição foi de Sergio Massa, dissidente kirchnerista, que venceu no maior colégio do país, com  43,92% dos sufrágios. Por outro lado, Maurício Macri, do PRO (Proposta Republicana) prefeito de Buenos Aires, teve a sua legenda como campeã de votos para o Senado e a Câmara na Capital Federal.
           O populismo continua forte na Argentina. Mas os reveses sofridos pelas forças que apoiam a Cristina viúva de Kirchner, parecem indicar que o peronismo, se nominalmente persiste, estará presente no governo através de outras correntes, que não se confundem com a linha propugnada por Nestor Kirchner, que sucedera a modalidade neoliberal peronista de Carlos Menem.
 

David Cameron, o aliado fiel

 
           A controvérsia sobre a espionagem da National Security Agency  tem ensejado ao Primeiro-Ministro David Cameron maior exposição dentre o seleto grupo dos “Cinco Olhos[1], a que este blog já se referiu, e que, em termos de cercania da Superpotência, representa o seio do seio de Abraão, pelo seu acesso à inteligência mais delicada.

           Cameron já se distanciara da indignação de líderes europeus continentais, e agora estará pensando – como antes dizia o finado General João Figueiredo – em ‘recrudescer’, ao ameaçar agir para impedir a publicação  de o que considerou  ‘vazamentos prejudiciais’, trazidos à baila pelo atual asilado moscovita Edward Snowden.
          A advertência visa ao jornal “Guardian’ – de que Glenn Grenwald é o correspondente no Rio de Janeiro, e depositário de documentação desvelada pelo anterior agente americano – e não semelha coadunar-se com a tradição do país da Magna Carta e das liberdades no Ocidente.

          O comportamento de Cameron, sobre o qual pende o temível gládio da impopularidade, se tem ultimamente dissociado da vertente da União Europeia – chega mesmo a repisar o velho insularismo da Albion, com a reexumação da querela sobre a participação – ou não – da Inglaterra no organismo continental de Bruxelas.

          Agora, se dispõe a reintroduzir a censura no berço ocidental da democracia, e o alvo voltaria a ser o irrequieto Guardian. Nesse sentido, o solícito Cameron aponta para o perigo de “o que Snowden está fazendo (e que os jornais o ajudam a fazer, vale dizer) “sinalizar para os que querem nos fazer mal como fugir e driblar a inteligência, a vigilância e outras técnicas. Isso não vai tornar  nosso mundo mais seguro (...). Isso está ajudando nossos inimigos.”

            Embora David Cameron garanta que “não quer usar liminares, proibição de publicações ou outras medidas mais duras”, ao pedir a responsabilidade social dos jornais, o que ele semelha desejar implantar seria a velha auto-censura, que muitos não pensariam existir na sucessora de Atenas em termos de linhagem democrática.

 
(Fontes: New York Times, Folha de S. Paulo, O Globo)



[1] Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

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