domingo, 27 de dezembro de 2020

Demora para vacinar: não dou bola (diz Bolsonaro)

     Em ulterior manifestação que põe em cheque a vacinação contra a Covid-19,  Bolsonaro disse ontem que não se sente pressionado e "não dá bola" para o fato de outros países já terem começado a imunizar suas populações.

"Entre eu e a vacina tem uma tal de Anvisa que eu respeito e alguns não querem respeitar, é só isso ", declarou Bolsonaro, durante passeio por Brasília.

   O presidente repetiu o argumento de que nem as próprias fabricantes dos imunizantes se responsabilizam por eventuais efeitos colaterais dos produtos.  É de notar-se que o Brasil já soma mais de 190,5 mil mortes pela Covid-19, e diversos estados registram alta de casos.

   "Ninguém me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso. É razão, razoabilidade, é responsabilidade com o  povo, você não pode aplicar qualquer  coisa no povo", comentou Bolsonaro.

    Bolsonaro reforçou sua sequência de raciocínio (?) que tudo que viu "até agora em vacinas que poderão ser disponíveis tem uma cláusula que eles não se responsabilizam por qualquer efeito colateral".

     Ao ser indagado se estava se referindo ao caso da vacina da Pfizer/BioNTech, como já havia externado nos últimos dias, o presidente Bolsonaro respondeu que falava sobre "todas elas".

      É de todo interesse notar que o Brasil não aprovou nenhuma vacina até o momento. Nenhum fabricante solicitou pedido de registro emergencial ou definitivo à Anvisa.  No mundo, países como Reino Unido, Estados Unidos, México, Costa Rica, Argentina e Chile foram  mais ágeis nas negociações e parcerias e já deram início à vacinação contra a Covid 19.

        Com Segurança.  Segundo o Site Our World in Data, mais de 3,8 milhões de pessoas já foram vacinadas contra o Sars-CoV-2 no mundo. Até o momento, não há  registro de efeitos adversos graves e  em escala expressiva. 

         A segurança das vacinas é atestada na última fase dos ensaios clínicos e os resultados analisados pelas reguladoras de saúde, mesmo nos casos, em que a aprovação é concedida no modelo emergencial.

          Não é decerto a primeira vez que o presidente Bolsonaro levanta suspeitas sobre eventuais efeitos colaterais de imunizantes contra o novo coronavirus por meio de declarações imprecisas ou equivocadas.  Na última quarta-feira, o presidente chegou a ter a audácia de afirmar que a melhor vacina  contra a Covid-19 é "contrair o próprio vírus", o que não é correto, dado que os grupos de risco têm altas chances de evoluir para o quadro grave da doença e que a resposta imunológica desenvolvida pelo contágio natural não previne reinfecções.


(  Fonte:    O  Globo  )

Nenhum comentário: